“Tarefa inglória” e “batata-quente”: a vitimização de Temer em propagandas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Atores dizem que a “batata-quente” da crise no Brasil caiu em Temer, consciente de que seria uma “tarefa inglória”
 

Foto: Agência Brasil
 
Jornal GGN – Em propagandas para tentar convencer 82% dos brasileiros que consideram o governo de Michel Temer ruim e péssimo, o Planalto moveu orçamento do país para produzir vídeos apresentando o mandatário como vítima da “tal da impopularidade”.
 
Porque segundo os atores contratados para fazer os vídeos, “alguém tinha que resolver” a situação de crise no Brasil e que teria que carregar como consequência dessa missão a baixa popularidade.
 
A última pesquisa divulgada sobre o que brasileiro pensa do governo Temer foi o Datafolha, divulgado no último dia 10, registrando que 82% da população desaprova a gestão do emedebista. E somente 3% consideram o governo bom.
 
 
Mas foi em resposta a outro dado da pesquisa que Michel Temer mobilizou parte do orçamento do próprio país para tentar convencer o contrário. É que no 11, o Datafolha mostrou que 72% dos brasileiros ouvidos afirmam que a situação econômica do país piorou nos últimos meses, contra um mínimo de 6% que acha que melhorou.
 
O sentimento da sociedade, que lida diariamente com os preços do combustível, gás de cozinha até às compras de alimentos, além dos altos níveis de desemprego no país, não foram entendidos pelo mandatário.
 
“Menores juros da história? Inflação baixa? E por que não sinto isso? Assista e descubra”, tenta explicar um ator em um dos vídeos. “Por que dizem que saímos da pior recessão da história e eu ainda enfrento dificuldades? Assiste aí”, aponta outro.
 
A resposta para tal “mistério” é que, segundo as propagandas, a situação antes “era muito crítica”. E que as medidas adotadas pelo mandatário demoram para ser sentidas, mesmo Temer sabendo que seria impopular, diz outro trecho.
 
 
Com termos mais coloquiais na expectativa de obter maior aceitação dos argumentos nos vídeos, um atos diz que “era uma batata quente de um lado para o outro, mas alguém tinha que resolver, mesmo que isso gerasse a tal da impopularidade” e que as supostas “soluções sólidas e definitivas” é um “tratamento lento e amargo”.
 
A vitimização do atual presidente é concluída quando a atriz diz que “esse governo sempre se colocou como uma ponte, já sabia que era uma tarefa inglória, que ia levar pedrada de todo o canto, que seria impopular”.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

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  1. A ponte para o futuro

    A ponte para o futuro está quase pronta, foi superfaturada e quase toda a população já está debaixo dela.

    Deus ouviu a voz do povo e o ungido governante  cumpriu a vontade dele.

    obs: por ungido leia-se untado (com puríssimo óleo de peroba)

  2. O que é que o dinheiro não

    O que é que o dinheiro não faz hei?

    Ator se sujeitar a fazer propaganda para enganar a população é tão canalha quanto aqueles que estão enganando.

    Se equiparam ao temer em canalhice e sem vergonhice.

  3. essa propaganda é a cara da Globo…

    aprovação de Temer na maior fria, justamente por ele estar torrando nossas reservas,

    e ela a gritar AO FORNO COM AS BATADAS

  4. Circulando aqui e ali é

    Circulando aqui e ali é visível a ojeriza que Temer causa nas pessoas, as mesmas pessoas, aliás, que foram ao delírio quando Dilma sofreu o impeachmeant. São também as mesmas pessoas que calam-se, constrangidas e humilhadas, quando pergunto do quê estão reclamando se era isso que queriam. As mesmas pessoas que tinham “certeza” que tudo seria muito melhor depois que Dilma e o PT fossem escorraçados do Planalto. 

    No fundo tenho pena. Não são nada mais do que pobres coitados, midiotas ignorantes telelobotomizados pela Globo.

     

    1. Alguns

      Alguns são de fatos seguidores da manada, mas a manada não é de seguidores da Globo. Os pequenos líderes são canalhas mesmo e não são manipulados. Satafle chama de afetos, para generalizar, o que em muitos aspectos chamamos de faata de caráter. Afinal foi preciso dar aval a muita desgraça humana na esperança de que a economia melhorasse e não é toda pessoa que se prsta a este papel sem dignidade. 

  5. Ainda não assisti ao vídeo,

    Ainda não assisti ao vídeo, mas recentemente vi outro vídeo no qual o Temer aparece implicado em trocentos esquemas de corrupção, dentre eles o abafamento da CPI Nike – CBF há décadas atrás. Sempre foi um ladrãozinho comum. O que me intriga é ver um presidente balançando e a esquerda não o derruba, não mobiliza as massas, estamos esperando o pleito, as eleições, vamos respeitar a institucionalidade burguesa, ganahr o poder nas eleições e negociar migalhas com a reprodução do capital, como fez o PT em 13 anos de poder, mas de radicalismo hein gente, nada de utopia, de outro mundo, a história acabou e a esquerda comum ajudou a enterrá-la. O negócio é carrinho, cerveja e churrasco na laje todo fim de semana. O ser humano se reduz a isso no neo-desenvolvimentismo petista 

  6. Impressionante como a

    Às vezes a gente nem percebe, parece normal mas… impressionante como a campanha trata de uma instituição pública, um país, como se fosse uma empresa privada, e mais: como se administrar uma casa – que além de privada é pequena – fosse o mesmo que administrar um país.

    Um dia, quando a propaganda comercial capitalista se desfizer – como o próprio capitalismo está se desfazendo – aprenderemos que, em relação ao estado, não somos empregados nem consumidores, somos cidadãos. O estado, notadamente o democrático, é intrinsecamente nosso; as empresas privadas são totalmente… ué, privadas, mesmo, são de seus donos.

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