Temer inicia liberação de cargos e milhões para emendas por engavetamento

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Somente para o seu aliado político Aécio Neves ser salvo, foram R$ 200 milhões a senadores. Tucanos devem “agradecer” na votação da denúncia. E, para deputados, mais cargos 
 

Foto: Agência Brasil
 
Jornal GGN – A estratégia de Michel Temer de mobilizar interlocutores e parlamentares para salvarem o senador Aécio Neves (PSDB-MG), impedindo o afastamento de seu mandato, trouxe alguns frutos: com o partido em racha, o PSDB de Aécio levou os aliados do parlamentar de Minas a votarem pelo engavetamento da denúncia contra o mandatário na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
 
A moeda de troca entre ambos havia sido exposta pelo GGN nesta terça-feira (17), antes mesmo da votação do Senado que libertou Aécio das medidas cautelares impostas pela Suprema Corte, com base nas acusações de corrupção feitas pela JBS.
 
Ainda assim, dentro do PSDB, a reaproximação de Temer ocorreu em duas frentes: uma, com a mobilização feita junto aos partidos ainda aliados do governo dentro do Congresso para salvarem o tucano; e outra, com encontros com figuras políticas, como o prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB).
 
Mas tamanha mobilização em uma semana, se foi visível para Aécio, não rendeu tanto como o esperado para Temer. Dentro da CCJ da Câmara, apenas 3 tucanos apoiaram o relatório alternativo do também tucano Bonifácio de Andrada: além do próprio relator, também apoiaram engavetar a denúncia contra o peemedebista os deputados Rodrigo de Castro e Paulo Abi-Ackel, também da bancada mineira.
 
Outros cinco tucanos que representam a racha dentro da sigla votaram contra o relatório e para que Temer seja processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF): os parlamentares Betinho Gomes (PE), Fábio Souza (GO), Rocha (AC), João Gualberto (BA) e Silvio Torres (SP). Torres é ligada ao governador Geraldo Alckmin, demonstrando que o conflito também é a nível regional entre os polos Doria e Alckmin.
 
Apesar disso, o peemedebista angariou votos suficientes para que o engavetamento de sua denúncia seja levado ao Plenário da Câmara, na próxima semana. Se o esforço de encontros e articulações já foi visível nos últimos dias para que o caso passasse pela CCJ, será ainda maior para o governo garantir 172 votos dos 513, isso porque para a denúncia prosseguir seriam necessários pelo menos 342 deputados contra Temer.
 
Diante de possíveis resbalos que podem ser interpretadas como traições de partidos, Temer já mostra a presença de retaliações. Além do já costumeiro encontros infindáveis com parlamentares, que iniciará neste final de semana por meio de figuras do governo peemedebista, a principal moeda do presidente ainda são os cargos. 
 
Os postos miram as siglas pequenas, como o PP, PR, PTB e o PRB, que exigem presenças de indicados em segundo e terceiros escalões. Indicações travadas desde a votação da primeira denúncia estão sendo liberadas em sinal de apoio e que de o mandatário cumprirá sua palavra. Temer prometeu liberar a maior parte dos cargos até a votação da segunda denúncia.
 
Órgãos como o Banco do Nordeste e Ibama são alguns que terão os apadrinhados destes partidos. As conversas já passaram pela mesa do ministro da Casa Civil de Temer, Eliseu Padilha, que conversou com líderes destas siglas.
 
Ainda, a outra forma de compra de apoio: se em julho o Planalto havia liberado R$ 1 bilhão a deputados e senadores, por meio de emendas, agora, ainda com o país em estado de crise do Orçamento, o presidente da República vem usando mais dinheiro para manter a si e sua cúpula no poder.
 
Foi o que aconteceu com a medida cautelar contra o seu amigo político Aécio Neves: Temer liberou R$ 200 milhões em emendas orçamentárias para senadores. Isso que os votos que o tucano necessitava era de apenas 41. Conseguiu 44. A informação sobre os montantes desembolsados de dinheiro público pelo peemedebista foi divulgada por Josias de Souza, em seu blog no Uol.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Temer….

    É isto que deixaremos continuar? Este é o Brasil que está mudando? O que mudou na sua vida, nos serviços públicos, nas tarifas de ônibus, na meia dúzia de familias que os controlam? Este é o Brasil a mudar? O que mudou na sua vida? É isto que deixaremos continuar?

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