Temer atribui balanços negativos da economia à demora do impeachment

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Após os resultados dos balanços de baixas arrecadações e o anúncio do maior déficit primário da história no primeiro semestre, além dos sinais já manifestados pelo mercado, com a elevação dos gastos públicos, o presidente interino Michel Temer aproveitou esta sexta-feira (29) para justificar o cenário na demora para o impeachment. “Quanto mais demora a avaliação do impedimento, mais prejudicial para o país. Quando antes solucionar, mais benéfico”, defendeu.
 
“Dizem que quando terminar o processo do impeachment o investidor saberá com quem vai falar e isso vai incentivar o investimento. Dizem que há muita gente aguardando exatamente o processo de agosto”, completou o interino.
 
Temer contrariou as declarações recentes a agências internacionais e entrevistas de que o governo não pode e não irá interferir no cronograma do julgamento do Senado para o afastamento definitivo de Dilma. 
 
“Essa questão do impeachment no Senado não depende da nossa atuação. Depende da avaliação política –não uma avaliação jurídica– que o Senado está fazendo. Nós não temos e não poderíamos ter influência nesse processo”, disse.
 
Mas completou que os senadores, com sua ampla base de apoio, irão fazer uma avaliação das condições políticas de sua governabilidade. “Eu penso que o Senado vai avaliar as condições políticas de quem está hoje no exercício e de quem esteve no exercício da Presidência até um certo período”, disse.
 
Depois, disse que para se defender ele precisaria fazer um “auto-elogio” do seu governo, mas que “a discrição não aconselharia”. Em seguida, se auto-elogiou: “O que fizemos em 70 dias foi um avanço muito grande. Você não pode avançar num sistema democrático se não tiver uma conexão muito grande entre o Executivo e o Legislativo”.
 
Temer também mostrou estar ansioso para participar do encontro do G20, na China, nos dias 4 e 5 de setembro. Se o impeachment não for votado até lá, o interino não poderá representar o Brasil. 
 
O peemedebista pretende usar esse encontro como estratégia para melhorar a sua imagem no exterior, contando com o afastamento definitivo de Dilma Rousseff. “O Brasil precisa sair desse impasse. O mundo precisa sair desse impasse. Eu vou ter alguma dificuldade, vou ter que examinar (se impeachment não for votado). A situação de interinidade não dá a mesma potência para o Estado brasileiro”, afirmou.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. A Farsa

    Então fica assim.

    O vice-presidente em exercício desdiz o que se dizia: “Dilma sai e o Brasil muda para melhor no dia seguinte”.

    O vaticínio ridículo exposto por mais de 3 centenas de deputados golpistas não se realizou. 

    Sabiam que estavam enganando o povo, mas, enganaram. Nada estranha nas lides políticas onde a traição é a regra.

    Agora o vice em exercício expõe a sua empáfia.

    Diz que o Brasil não mudou pela demora em tirar Dilma.

    Eu até acho que não é golpe; é trambique de republiqueta de banana e não da maior economia da América Latina.

    E as trampolinagens do vice já começaram.

    Venda de ativos da Petrobrás na Argentina, subavaliados porque ninguém é de ferro e é necessário algum “por fora”.

    Venda do pré-sal na promissora Bacia de Campos – promissora, não, todos já sabem que existe muito petróleo por lá – sob a desculpa de que a Petrobrás está “quebrada”.

    E assim, espera-se que o Senado não sufrague esse festival de sandices e aqui o “esperar” é de esperança e não de ficar no toco esperando.

    Essa é a indecencia que pretende nos governar.

    Se confirmarem o golpe vão para a lata de lixo da história.

    E, pior, na história contemporanea.

  2. Pararam o país por dois anos…

    Com a extraordinária consertação de forças das sombras, das hordas Moristas, do SRF acovardado e chantagista, do TCU do Augusto Nardes, do TSE do Gilmar Dantas et caterva, das empresas sonegadoras de mídia e do congresso (com minúscula mesmo!) que todos eles, por ação, ou omissão, ajudaram a contaminar, pararam o país por dois anos, durante e depois das eleições de 2014. Dai, vem o cara “eleito” por esse esforço conjunto extraordinário (faltou citar e nominar as forças externas, é claro!), nomeia uma gangue de corruptos para os principais cargos do Governo Federal e diz que a culpa do desastre gerado é da Presidenta eleita legitimamente, porque ela se recusa a renunciar e facilitar o avanço da bandidagem constituída?

  3. Não nasceu quadrado, então se vira

        Desculpinhas podem ser aceitas, engolidas, até setembro são esperadas ações efetivas, é do jogo : “prometeu tem que cumprir “, nem adianta já vir com o papinho de que tem eleição em outubro, muitos deputados vão concorrer ou apoiar candidatos em suas bases, portanto “não é o momento politico adequado” para reformas profundas, sequer o envio delas ao Congresso ;  talvez este “se colar, colou” funcione com os paneleiros, mas com quem realmente importa “não cola”.

         Ajoelhou tem que rezar, orar tambem serve, janeiro esta logo aí, e Gilmar pode levantar da catedra e botar para frente aquele processo, e carissimo, se uma presidente eleita com mais de 50 Milhões de votos irá cuidar do neto em Porto Alegre e ver a politica de binóculo por 8 anos…………imagine um sem voto.

  4. Meireles e Ilan demitidos pelo telefone

    Entretanto a situação é tão crítica que estas demissões não irão influenciar muito. Uma melhora passageira no humor do mercado, mas nada que impeça o caos e a guerra.

    1. Invertendo

         É mais plausivel que Meirelles/Ilan demitam Temer/Padilha/Gedel, e Serra de contrapeso, Temer não tem “votos”, nem simples nem os “qualificados”, Meirelles tambem não tem os simples, mas arrasa nos “qualificados”.

      1. Pedaladas

        Que situação, você vê Junior, só porque o Mantega deu um passa-moleque na banca.

        Ô tipinhos rancorozos e que não sabem levar nada no bom humor, você não acha?

  5. entrevista de temer para as agências internacionais

    Li em um blog dos que acesso diariamente que Temer teria dito ou insinuado “ser Dilma inocente neste processo de impeachment” e por tudo que consegui ler em diversos sites e blogs, se ele não o disse, ficou patente que no íntimo, tão cínicas são suas palavras, digo em seu caráter mais íntimo, é só nesta hipótese “atemorizante” que ele pensa….

    Alguém que se jacta de ser “professor de direito constitucional”, se o fosse responsável e minimamente ético, ao proferir palavras e conceitos, especialmente no exercício do mais importante cargo da nação, jamais poderia dizer que o julgamento no Senado Federal será só político, sem considerar os pressupostos jurídicos impostos pela Constituição Federal.

    Mais do que do ponto de vista econômico e social, o Brasil atinge o chamado “fundo do poço” em termos políticos e éticos.

  6. “Avaliação política”?

    Desde quando, em um sistema presidencialista, o chefe do governo pode ser deposto se perder a maioria parlamentar?  Vamos derrubar o Obama? O Temer não é nenhum ignorante, logo estaria impedido de sustentar essa tese – a menos que seu carater esteja muito longe do que se deve esperar de um ocupante do cargo.

  7. Devemos derrotar de vez esse

    Devemos derrotar de vez esse golpe e os golpistas e restaurar a nossa democracia. Os argumentos de golpistas são piores do que conversa pra boi dormir…

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