Encurralado, Temer recorre a ajuda das Forças Armadas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]


Foto: Marcelo Corrêa/PR – Fotos Públicas
 
Jornal GGN – Com sinais visíveis de falta de forças para enfrentar a maior crise política de seu governo, Michel Temer recorreu às Forças Armadas para discutir “a conjuntura atual” e como o Exército, a Marinha e a Aeronáutica podem ajudar o mandatário “no contexto constitucional”.
 
O encontro durou cerca de 1 hora e meia e ocorreu no fim da tarde desta sexta-feira (19), após as novas repercussões com a abertura do sigilo da conversa grampeada, da delação de Joesley Batista, dono da JBS , e o inquérito aceito pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
 
As novas informações divulgadas pelo GGN nesta sexta defrontaram a então tentativa de defesa de Temer, de que ele seria “vítima de conspiração” e que o consentimento com o “cala-boca” de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na prisão seria uma “ajuda humanitária” ao antigo aliado.
 
Desta vez, não se trata apenas da delação do empresário Joesley Batista, mas também de notas fiscais, comprovantes de transferências e planilhas que garantem que Michel Temer recebeu diretamente R$ 3,540 milhões e mais um “mensalinho” de R$ 100 mil por um ano, no período de 2010, 2012, 2014 e 2015. Ainda, neste ano, o presidente acertou receber, por meio de seu assessor Rodrigo Loures (PMDB-PR) mais R$ 50 milhões de propina.
 
Leia mais:
JBS: Temer ganhou “mensalinho”, mais de R$ 3 milhões e receberia outros R$ 50 mi
Governo pode usar novas delações da JBS para dissolver impacto
A conversa grampeada de Michel Temer
 
Diante da encurralada, Temer recorreu às Forças Armadas, no fim da tarde desta sexta. O próprio Centro de Comunicação Social do Exército, por meio de nota divulgada pelo general Villas Bôas, disse que os três comandantes da Marinha, Exército e Aeronautica foram “convocados” por Temer para promover “a unidade de pensamento das Forças” sobre a “conjuntura atual”.
 
Segundo a nota, a atuação dos militares “tem por base os pilares da estabilidade, legalidade e legitimidade”.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Com certeza o mmordomo do

    Com certeza o mmordomo do planalto,preposto do golpe,chegou tarde. Os detentores do poder golpista de fato já devem ter se reunido com a turma das armas antes dele.

    De qualquer forma,coisa boa não é.E se tem gente que acha que pior que está não fica,vota no Tiririca.

  2. Cada dia fica mais estranho

    Cada dia fica mais estranho …

    O FHC, que embora beirando os 90 anos não está senil, voltou atrás: agora defende o FICA TEMER.

    Qual o motivo dessa mudança de postura?

    O Temer, com razão, está desesperado.

    E conversou um bocado com FHC antes do impeachment …

     

     

     

  3. Hora da Onça Beber Água?

    “Há um tempo — será agora?” — Niles Bonde, “Arcanum” (tradução Guilherme de Almeida).

     

    Nassif: será que MT chegou ao fundo do poço?

    Se realmente estiver “convocando” as Forças Armadas para outra “quartelada”, tipo 1º de Abril, então nem a cumplicidade da grande mídia deve salvá-lo.

    Aliás, parece que só o pessoal da Barão de Limeira tenta defender o meliante presidente e seu bando. E blindar o antigo funcionário da JB&S, hoje ministro da Fazenda e cogitado para sucedê-lo numa hipotética “indiretas-já”.

    Mas, como dizem, esse grupo midiático é muito sensível ao dindim, e, dependendo da previsão de mudanças, trocam rapidinho de opinião. São “do momento”, não importando qual. Parece que o negócio é faturar alto e bem prá quem der mais.

    Mas, voltando, será também um teste à Caserna.

    Lembra do pronunciamento de fim de ano do General Villas Boas? Era uma profecia ou sabia ele, bem informado que é, de certos rumos?

    As dificuldades previstas se referiam as questões econômicas ou anunciavam também a tropa na rua, para defender o poltrão agora indiciado?

    Olha que tropas norte-americanas vêm (ou já estão?) para a Amazônia, a convite do governo, para “participar” de manobras. A IV Frota tá de prontidão. Os meninos da CIA, infiltrados especialmente no Judiciário, parecem alvoroçados.

    Temos bastante fumaça e fogo. E o crime organizado anda preocupado com o rumo da proza. Será esta a hora da onça beber água? De incendiar a mata e dispersar as feras?

    A bola tá com você…

  4. Saída controlada x Democracia, Eleições indiretas x Diretas já
    Saída controlada x Democracia ou,Eleições indiretas x Diretas já As Forças Armadas não vão sustentar um “golpe” de Temer no golpe, isto é, mantê-lo por força das armas, quando e se ocorrer sua cassação no TSE ou impeachment. Ou mesmo “participar”, avalizando, à frente de soluções de questões que devem ser resolvidas nos marcos da Constituição e, portanto, através das instituições competentes para tal. Cada um no seu quadrado. É o que diz o general Villas-Boas.Não deixa de ser estranha a tentativa de Temer.Não deixa de ser estranho que as três Forças tenham estado representadas em reunião com tal cunho.O chamado “caminho constitucional” a que se referem TODOS os que atuaram ou se calaram quando a Constituição foi pisoteada a menos de uma ano, desagua em eleições indiretas.As ruas, os movimentos sociais e setores independentes do PT, PCdoB, Rede e Psol querem eleições diretas. E já.Outros setores destes mesmos partidos preferem barganhar amenização das repercussões judiciárias das práticas eleitorais de caixa dois, aplicando-as, generosamente, a práticas que foram delitos bem mais graves.Outros ainda, preferem caminhar lentamente até a eliminação de seus adversários, portanto, até 2018. Mesmo que isto custe a soberania o país, a perda das conquistas sociais recentes e a dilapidação do Estado brasileiro, através do roubo, desmonte, entrega de seu patrimônio mineral, energético, ambiental, etc. Não se importam sequer com o risco às conquistas históricas, como a CLT e a previdência pública.O impasse para uma negociação para antecipação das eleições, via emenda constitucional, é a predominância absoluta de Lula nas pesquisas. E a absoluta falta de vocações do outro lado.Golpistas de todos os matizes, capitaneados pelo capital financeiro e pela mídia, e uma nova direita têm horror a um novo governo no campo das forças populares.Não há qualquer sinal de composição, ao contrário, a radicalização de preconceitos e ódios aprofunda-se a cada dia de crise e desmoralização das instituições.Ninguém confia em ninguém.Hoje, as ruas ainda não demonstram força pra virar a situação. E falta-lhes liderança política.O silêncio do PT hoje foi ensurdecedor. Dilma lançou uma nota defendendo Diretas Já. A Frente Brasil Popular deu uma coletiva, pra nós mesmos, é claro, ontem ao final do dia. Pálida.Ocupa Brasília, dia 24, pode ser uma cartada decisiva.Ou será decisiva ou o golpe se recomporá. Até mesmo mudando, para que tudo fique como está. E eles têm pressa.

     

  5. Saída controlada x Democracia, Eleições indiretas x Diretas já
    As Forças Armadas não vão sustentar um “golpe” de Temer no golpe, isto é, mantê-lo por força das armas, quando e se ocorrer sua cassação no TSE ou impeachment. Ou mesmo “participar”, avalizando, à frente de soluções de questões que devem ser resolvidas nos marcos da Constituição e, portanto, através das instituições competentes para tal. Cada um no seu quadrado. É o que diz o general Villas-Boas.  Não deixa de ser estranha a tentativa de Temer. Não deixa de ser estranho que as três Forças tenham estado representadas em reunião com tal cunho. O chamado “caminho constitucional” a que se referem TODOS os que atuaram ou se calaram quando a Constituição foi pisoteada a menos de uma ano, desagua em eleições indiretas. As ruas, os movimentos sociais e setores independentes do PT, PCdoB, Rede e Psol querem eleições diretas. E já.  Outros setores destes mesmos partidos preferem barganhar amenização das repercussões judiciárias das práticas eleitorais de caixa dois, aplicando-as, generosamente, a práticas que foram delitos bem mais graves.  Outros ainda, preferem caminhar lentamente até a eliminação de seus adversários, portanto, até 2018. Mesmo que isto custe a soberania o país, a perda das conquistas sociais recentes e a dilapidação do Estado brasileiro, através do roubo, desmonte, entrega de seu patrimônio mineral, energético, ambiental, etc. Não se importam sequer com o risco às conquistas históricas, como a CLT e a previdência pública. O impasse para uma negociação para antecipação das eleições, via emenda constitucional, é a predominância absoluta de Lula nas pesquisas. E a absoluta falta de vocações do outro lado. Golpistas de todos os matizes, capitaneados pelo capital financeiro e pela mídia, e uma nova direita têm horror a um novo governo no campo das forças populares. Não há qualquer sinal de composição, ao contrário, a radicalização de preconceitos e ódios aprofunda-se a cada dia de crise e desmoralização das instituições. Ninguém confia em ninguém. Hoje, as ruas ainda não demonstram força pra virar a situação. E falta-lhes liderança política.  O silêncio do PT hoje foi ensurdecedor. Dilma lançou uma nota defendendo Diretas Já. A Frente Brasil Popular deu uma coletiva, pra nós mesmos, é claro, ontem ao final do dia. Pálida.  Ocupa Brasília, dia 24, pode ser uma cartada decisiva.  Ou será decisiva ou o golpe se recomporá. Até mesmo mudando, para que tudo fique como está. E eles têm pressa.

     

  6. Encenação e desespero

    Esse ato performático (e apenas isso!) de se reunir com os comandantes das FFAA é, funcionalmente, um sem-sentido.

    Essa presepada foi orquestrada pelo Jungmann, que, depois da tentativa de chantagem intimidatória desta semana, está cada vez mais patético.

    Numa democracia, uma reunião do Presidente da República com os comandantes de Força só faz sentido para analisar uma situação de ameaça à soberania, e não para deitar sombras sobre alguma instabilidade política interna.

    O Temer deve achar que sua encenação vazia foi o suficiente para render bons dividendos políticos (sua cabeça ainda está algumas décadas atrás) , mas, uma vez que está nu, aos olhos de todos ela não passa de uma farsa patética.

    Recorrer  a essa pantomima com os militares dá a medida do tamanho do desespero de Temer.

    Creio até que os Comandantes de Força se sentiram um tanto quanto constrangidos.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador