Terra arrasada, no Brasil de Temer, por Nilto Tatto

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Terra arrasada, no Brasil de Temer

por Nilto Tatto

Sociólogos, economistas e historiadores terão, no futuro próximo, um rico acervo para análises, avaliações e registro do que terá representado para o Brasil esse curto período de governo Temer. Na hipótese de chegar até o final de 2018, o que é uma incógnita, deverá deixar um triste legado para o Brasil e para o povo brasileiro. Por qualquer ângulo que se olhe, o quadro é de devastação, degradação e deterioração do país sob os aspectos, econômico, social, político e mesmo moral, do ponto de vista do respeito às instituições e entre elas.

Convém sempre observar que Temer assumiu a presidência, com a deposição de Dilma, como sendo a alternativa para botar a “casa” em ordem, estabelecer a “ponte para o futuro”. Não por acaso, em sua logomarca de governo, escolhida por Michelzinho, o slogan adotado é o da bandeira do Brasil: Ordem e Progresso. Após pouco mais de um ano, com a desaprovação de sua gestão que chega a mais de 90%, segundo institutos de pesquisas, a realidade aponta para “desordem e pregresso”.

Disputas, manobras e manipulações políticas à parte, o fato é que para justificar as supostas motivações que levaram ao impeachment de Dilma, para ter apoio popular, “venderam” a ideia de que seria a salvação do Brasil. Hoje, no entanto, estamos bem próximo do consenso de que a situação é caótica. Esse (des)governo, com sua legitimidade questionada e sua credibilidade em baixa, a cada medida que toma, conduz o país ao precipício do desastre político, econômico e social.

Seja por convicção política, seja para pagamento e prestação de contas àqueles que bancaram sua ascensão ao cargo de presidente, o fato é que Temer tem pressa. Quer, custe o que custar, concluir sua sanha reformista, ao seu estilo e ao gosto dos seus fiadores.

Em pouco mais de uma ano a PEC que congela por 20 anos investimentos em saúde e educação, entrega da exploração do pré sal para petroleiras estrangeiras, fim de direitos trabalhistas, reforma da Previdência em curso e cortes drásticos nas políticas sociais. E soma-se a tudo isso a insana política voltada para as áreas agrícola, agrária e ambiental.

Quem conhece o estilo dissimulado de Temer sabe bem que, apesar do recuo, a tentativa de extinção da RENCA pode voltar a qualquer momento. Basta lembrar como foi em relação à reserva e parque florestal de Jamanxi. Ao lado disso, apoio a agricultura familiar, assentamentos e demarcação de terras indígenas são temas completamente ignorados nesse governo.

É, para dizer o mínimo, estarrecedor o nível de estrangulamento de recursos que deveriam ser destinados a essas áreas, em 2017. Para a agricultura familiar, por exemplo, em assistência técnica e extensão rural, de 235 milhões de reais previstos, até o momento só 19 mi foram investidos, ou seja, mirrados 8,1%. O PRONAF (Programa Nacional de Financiamento) tem dotação de 410 milhões, mas só 12,5%, pouco mais de 50 mi, foram gastos.  Sobre aquisição e distribuição de alimentos oriundos dessa forma de produção para promoção da segurança alimentar, dos quase 319 milhões disponíveis, somente 11,4 mi foram utilizados, o que representa míseros 3,6%.

Os números evidenciam a política direcionada para o desmonte do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). No programa desenvolvimento de assentamentos, de 242 milhões previstos, utilizou-se modestos 20,1 mi, parcos 8,3%. Sobre obtenção de imóveis para criação de assentamentos, o valor disponível é pouco mais de 257 milhões, mas apenas 26 mi foram investidos (10,2%). Para o programa organização da estrutura fundiária estão previstos cerca de 77 milhões, mas, apenas, 8,4 mi foram destinados efetivamente, o que representa 10,9%.

A realidade da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) também aponta para o caos. Para demarcação e fiscalização de terras indígenas, dos quase 19 milhões disponíveis, apenas 4,2 mi foram gastos (22,6%). No Programa gestão ambiental e etnodesenvolvimento foram utilizados, apenas, 21,3% da dotação prevista, ou seja, a verba é de 10,3 milhões, mas só 2,2 mi foram gastos.

A “terra arrasada”, como se vê, abrange todas as esferas, atinge a quase todos os brasileiros. O “balcão de negócios” que Temer e sua turma fizeram e fazem para tomar e continuar à frente do governo tem um custo econômico e social de dimensões cujo estrago, certamente, vai demorar décadas para que seja corrigido.

Nilto Tatto é deputado federal pelo PT
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Não fui eu que testemunhei o

    Não fui eu que testemunhei o diálogo, mas ele me foi relatado por minha companheira:

    Um casal caminhava pela rua à frente dela. A mulher, em voz alta, dizia ” Eu queria é tirar a Dilma e consegui. O resto eu ´quero é que se foda!”

    Então convém não confiar que a classe nérdia paneleira esteja arrependida do que fez.

  2. Arrasada inclusive na

    Arrasada inclusive na arte.

    «Inquirir a arte»A questão da arte não é a nudez.Todos gostamos da arte cujo tema é nudez.Nós seres-humanos apreciamos milenarmente a arte de nudez clássica.Seja fotoPintura de RenoirFilmeDesenhoHQ de Milo ManaraArte gregaPintura clássica do RenascimentoPerformancePeça de teatroA esquerdalha — Kitsch, baranga, petista, psolista, cafona, de mau gosto, bregona, e jornalistas-supostos-moderninhos querem desviar de assunto e dizer, afirmar que estamos contra a nudez: Não. Isso é para nos tachar e, por outro lado, também, tachar o brilhante e avançado MBL. O corpo nu é belo, como pôr-do-sol.1.O problema é a picaretagem. O engana-trouxa. O lixo de certa suposta pseudoarte contemporânea, qdo é de real mau gosto. Pornografia em vez de arte: consumo de lixo. E é disso que se trata quem se posicionou contra aqueles 2 lixaços: parte da exposição de P.orto Alegre Alegre & em bloco a do MAM.2.A outra questão é usar meu imposto para financiar picaretagem, embuste, vigarice mesmo com a normativa do MAM (mesmo sendo um espaço de autoridade artística e acadêmico). Ponto final. É como pichação: nunca foi arte. É puro engana-trouxa, diferente do graffiti.Fim de papo furadérrimo!E o MBL é pragmático, empírico, vai pra rua.

  3. Já chegamos no ponto em que a

    Já chegamos no ponto em que a PF invade domicílios com base em “denúncia anônima”?

    Nenhum ” anônimo” denunciou o endereço de Aécio? Perrella? Maggi? Imbassahy? Aloysio Nunes? Pesssoal dá um sorte, né?

    Que dia….

    1. Boa

      Bateram na porta da casa do Perrela apenas para pedir desculpas e devolver o helicóptero (aquele que não podemos chamar de helic….). Proibiram até o apelido daquele “helic…” 

  4. Quem manda no Temer….

    Não no Brasil de Temer, mas de quem realmente manda no Temer e em todos os golpistas que estão trabalhando conjuntamente.

    Colocar Temer como chefe ou líder de alguma coisa, mesmo que seja esta desgraça, é dar muito mérito a esse insignificante e decorativo. Temer não devia nem ser lembrado, mas esquecido na vala dos prepostos e paus mandados que surgem no Brasil a toda hora.

    Sugiro a todos nunca mais falar do Temer ou do Governo Temer ou do Presidente Temer, mas sim falar de o “chefe do Temer”, “quem manda no Temer”, a “organização que manda noTemer” fez isso ou aquilo…Isso vai doer nesse insignificante, além de ser a pura verdade.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador