Testemunha diz que EUA tentaram remover Assange de embaixada equatoriana em 2018

Jornalista norte-americana disse que plano envolvia embaixador alemão e contaria com o consentimento do Equador

Londres – Protesto contra a extradição de Julian Assange. Foto: Niklas Halle’n/AFP

do Brasil de Fato

Testemunha diz que EUA tentaram remover Assange de embaixada equatoriana em 2018

por Vinícius Segalla

Em sessão nesta segunda-feira (21) do julgamento de extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, que acontece em Londres, uma testemunha de defesa afirmou ter sido informado de um plano do presidente norte-americano, Donald Trump, de removê-lo da embaixada equatoriana seis meses antes de ter sido encaminhado para uma prisão na capital da Inglaterra, em abril do ano passado.

De acordo com os advogados de Assange, ativista australiano fundador do Wikileaks, o plano para extraditar e processá-lo envolveu o presidente dos EUA e o então embaixador dos EUA na Alemanha, Richard Grenell.

Assange está lutando contra a extradição para os EUA, onde enfrenta um processo com 18 acusações criminais, como complô para hackear computadores e conspiração para obter e divulgar informações de segurança nacional.

A jornalista americana Cassandra Fairbanks testemunhou nesta segunda que Arthur Schwartz, descrito como um conselheiro informal de Donald Trump, revelou detalhes sobre o plano em um telefonema em 30 de outubro de 2018, depois que ela publicou uma entrevista com a mãe de Assange, Christine.

“Ele insistiu repetidamente que eu parasse de defender o WikiLeaks e Assange, me dizendo que‘ um perdão não vai acontecer ’. Ele conhecia detalhes muito específicos sobre um futuro processo contra Assange, que mais tarde foram tornados públicos, e que apenas aqueles muito próximos da situação teriam conhecimento”, disse a testemuha.

Cassandra Fairbanks afirmou também que foi informada por Chelsea Manning – analista do Exército americano que contribuiu para os vazamentos – que Assange seria alvo do governo americano. “Ela me disse que os Estados Unidos iriam para a embaixada para pegar Assange. E eu respondi que entrar na embaixada de uma nação soberana e sequestrar um refugiado político seria um ato de guerra, ao que ele respondeu,‘ não se eles permitirem ’”, completou a  testemunha.

“Eu não sabia na época que o próprio Embaixador Grenell havia, naquele mesmo mês, outubro de 2018, elaborado um acordo para a prisão de Assange com o governo equatoriano.”

Joel Smith, representante do governo dos EUA no processo de extradição, minimizou a importância as revelações, alegando parcialidade da testemunha, que admitiu ser partidária de Assange e do WikiLeaks.

O processo de extradição continua nesta terça-feira, com a apresentação de provas periciais e a oitiva de testemunhas médicas, que deverão fornecer informações sobre o estado de saúde de Asange.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

Redação

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