Um epitáfio para a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, por Antoine Kolokathis

 
 
BANDA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO – UM EPITÁFIO
 
Por Antoine Kolokathis
 
Assim como Carlos Gomes, maior compositor lírico das Américas, inúmeros músicos brasileiros atualmente espalhados pelo mundo como integrantes de grandes orquestras iniciaram seu aprendizado – e apreciação – musical por meio das bandas.
 
Até o advento tecnológico da gravação musical a execução dessa arte era exclusivamente ao vivo. No Brasil Império formavam-se bandas nas cidades, vilas e fazendas. Em Campinas, Maneco Músico, pai de Carlos Gomes, era mestre de capela e tocava obras de mestres europeus, assim como músicas brasileiras populares e também sacras com sua orquestra-banda. Assim seu filho Tonico aprendeu a tocar vários instrumentos desde a infância e viria mais tarde a se tornar um grande compositor de óperas. Nesse aprendizado, tornou-se marcante sua veia ‘bandística’, notória em obras como a abertura de O Guarani e na Missa de Nossa Senhora da Conceição.

 
Neste contexto, a extinção da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, marcada para esta quinta-feira, 9, com a demissão dos 65 músicos, representa uma inestimável perda para a música brasileira.
 
A Banda Sinfônica do Estado de São Paulo é reconhecida como uma das melhores do mundo em seu gênero, representa uma tradição secular que, como nas outras searas artísticas no Brasil, é expoente de nossa antropofagia musical.
 
A união de grandes instrumentistas, muitos deles formados em escolas musicais dentro de igrejas evangélicas e projetos sociais, com regentes, arranjadores e compositores de muito talento, fizeram da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo um amálgama que, na minha modesta opinião, tornou-se o conjunto musical de grande porte que mais representa a brasilidade na música, juntamente com a Orquestra Jazz Sinfônica.
 
A extinção desse importantíssimo grupo pelo Governo do Estado de São Paulo precisa ser revista, pois representa um gravíssimo erro de gestão e de projeto cultural público. Além de ser um conjunto tão relevante do ponto de vista artístico e histórico, o fato do grupo ser mantido com um dos menores orçamentos da administração pública da cultura no estado, não justifica tão radical decisão. 
 
ANTOINE KOLOKATHIS é cantor lírico, produtor cultural, sócio-proprietário da Direção Cultura e membro da ISPA (International Society for the Performing Arts), entidade que congrega produtores, diretores e agentes de 40 países.
 
Redação

3 Comentários

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  1. Se vcs continuarem a ler o

    Se vcs continuarem a ler o blog do Nassa e seus comentaristas, lerão que eu e nem o planeta entendem sobre um post escrito lá embaixo.

    Mas esse eu entendo e gosto.

    Mas a imensa maioria deste blog nem sabe o que é isso,

    Funk,Rapper e o escambau a quatro são as preferências. atuais.–se tolera o MDP

    Afinal de contas, Nassa, pra que público vc pensa que está escrevendo?

    Pra o gênio Mozart e seu invejoso Salizieri ?

    ( não priocurei no google a escrita certa, mas vcs entenderam )

    1. Engraçado, a briga não era só

      Engraçado, a briga não era só política e economica?

      Porque destruir a cultura, então, Voces nao acham estranho isso?

       

       

       

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