Uma sociedade sob o império do arbítrio, por José Muladeiro

Por José Muladeiro

O atual momento da sociedade brasileira  é de total anomia.

Em um momento em que impera a ruptura da legalidade, em que se viola a Constituição com o beneplácito dos que a deveriam defender, só um homem ingênuo, o Cândido de Voltaire, lhe ocorreria continuar levando a disputa política baseando-se no cumprimento das regras que seus adversários estão dispensados de cumprirem.

Dirão os estupidamente ingênuos que isto significará a barbárie, e nós devemos concordar. Mas uma vez, alheia à nossa vontade, criada a barbárie, como deve proceder o homem sensato na defesa de sua vida, sua honra e de seus direitos? Na defesa da vida e da honra de sua sua família? Deve responder com a força e o desprezo pelas regras e leis que seus adversários há muito tempo desprezaram.

Foi dito que Lula não foi conduzido a Curitiba pelos seus algozes porque um oficial da Aeronáutica deu ordem para que não se deixasse decolar o avião a jato que o esperava no Aeroporto de Congonhas. Este oficial agiu sob a plena convicção de que se estava cometendo uma ilegalidade e não precisou de nenhuma ordem de juiz para colocar por terra a vontade dos membros do Ministério Público, em acerto com a Globo e o juiz Moro, sob a proteção fortemente armada de 200 homens da Polícia Federal. Ele fez o que julgou certo e ponto final.

Este oficial nos mostra o caminho. Em tempos de anomia nosso único juiz é nossa consciência.

Se é da atribuição da Presidente nomear seus ministros, uma atribuição sagrada do Poder Executivo, como então um juiz, membro de outro poder, tem a ousadia de suspender esta atribuição, este direito? Não tem e nunca terá.

Os juízes podem abrir processos que poderiam levar, em última instância, à deslegitimação da ação de membros de outros poderes. Enquanto os guardiães da Constituição não se pronunciarem em recurso último, o ato é legítimo, e a Presidente tem o dever e o direito de descumprir liminares que invadam sua competência constitucional.

Da mesma forma, quem elegeu sua Presidente tem o direito de defender o seu mandato, mesmo que para isto se instaure um clima insurrecional no sociedade.

Respeitar regras num jogo sem regras é se submeter à sanha dos mais violentos. Saibamos responder a esta violência ilegítima com a violência popular que eles acabam de legitimar em seu desvario. É legítimo o povo se rebelar contra a violência de seus adversários.

Na falta de uma Constituição, que impere a força!

Redação

10 Comentários

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  1. Demorou-se bastante na

    Demorou-se bastante na tentativa de conciliar o irreconciliável.

    Como se diz numa música do Rappa: “também morre quem atira!”

    Impossível lidar com a legalidade quando há uma corrupção insanável das estruturas que deveriam pautar suas práticas por esses preceitos.

    Num mundo onde a brutalidade impera, todos serão vítimas dessa, até que o senso dos violados caminhe para um novo pacto e se estabeleça aí uma outra ordem.

    Como diz o ditado: “não brincam dois quando um não quer!”. Mas a paz é impossível enquanto ambos não se propuserem a isso.

  2. A verdade é que há poucas

    A verdade é que há poucas chances de tudo isso terminar sem violência. O país virado de cabeça pra baixo, o congresso fazendo gracinha com um presidente canalha blindado pelo Janot que precisa dele pra entregar o impeachmente que vendeu aos Marinho. O povo batendo cabeça nas ruas, a Suprema Corte parte  descansando no feriado de páscoa e parte conspirando um Portugal .. Enquanto Cunha gargalha, pessoas estão presas há meses, torturadas por um psicopata. QQ ação do Executivo na tentativa de melhorar a situação é barrada pelo judiciário.

    Todos contando que nos matemos nas ruas para que continuem confortáveis no ” pega Rex”. Antes da gente se matar nas ruas, devemos ir atrás de cada um deles.

  3. Creio que o exemplo dado pelo

    Creio que o exemplo dado pelo oficial da Aeronáutica que frustrou condução coercitiva e todo o circo armado em Curitiba deve ser seguido por todo aquele que se sentir lesado pelo voto sufragado em 2014 em favor de Dilma.

    Tem razão o articulista em dizer que ordem manifestamente ilegal não se cumpre, ainda que emane de um juiz federal de primeira instância ou de colegiado de outra esfera de poder. A vontade da maioria e o interesse do coletivo que depositou confiança em Dilma tem de prevalecer sobre a decisão de um STF manifestamente sob suspeita, contaminado que está pelo ativismo de alguns de seus membros, destacamente o tucano Gilmar.

    Portanto, é chegada a hora dos 54 milhões de brasileiros sair às ruas e defender o mandato de Dilma.

    Não poderá prevalecer o interesse de segmento privilegiado da sociedade em conluio com a mídia golpista abreviar o mandato legítimo, tomando-lhe assento preposto mediante ilegalidades 

  4. Concordo, e já escrevi aqui:

    Concordo, e já escrevi aqui: o enfrentamento já tinha que ter começado nas ruas! Se o pau quebra dia 13 já teríamos uma perspectiva de desfecho. Isso de manifestações em dias diferentes pra contar a audiência é coisa daquela competição dos bois lá na amazônia! Aliás, para continuar na metáfora bovina: estamos solidariamente caminhando com a vaca para o brejo…

  5. Até hoje não se sabe se a

    Até hoje não se sabe se a história do oficial da Aeronáutica é verdadeira. Gostaria que fosse, mas não há prova nenhuma disso.

  6. Também cheguei às mesmas

    Também cheguei às mesmas conclusões expressas pelo texto. Fiquei assustado quando me dei conta do que estava pensando, mas aquela conversa de que “ao agirmos como eles estaremos nos nivelando a eles” não funciona e os bons acabarão é sendo massacrados pelos maus. Tendo a convicção de que se está fazendo o certo, não há porque recuar. O mal menor evita o mal maior. Dá um “nó na garganta” escrever isso, não era isso que se desejava, não fomos nós que começamos a guerra. Outro dia tivemos aquela analogia com a resitência russa aos invasores alemães. Alguém imagina que os soviéticos, para defenderem seu país, não recorreram a todos os expedientes possíveis?

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