Venina dá depoimento tenso e rápido ao juiz Sergio Moro

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Jornal GGN – Venina Velosa prestou depoimento nesta terça, dia 3, ao juiz Sergio Moro. Ex-gerente de Abastecimento que esteve subordinada a Paulo Roberto Costa, Venina afirmou ter ‘percebido indícios’ de superfaturamento na refinaria Abreu e Lima, a partir de relatórios da área de Engenharia e Serviços. Venina citou ata de reunião ocorrida em 2007, em que o combinado entre Petrobras e empreiteira combinavam formatos de licitação. Segundo matéria da Folha, este depoimento foi o mais tenso ocorrido até agora. O advogado de empreiteira citada questionou duramente Venina, dizendo que ela anteriormente teria prestado depoimento com o ‘ouvi dizer’ e que agora diz que não ‘era da sua área’. A Folha anexou à matéria o trecho do depoimento em que o advogado questionava Venina e o juiz a defendia. O depoimento durou 45 minutos. Leia a matéria a seguir.

da Folha

Em depoimento tenso, Venina diz que obra de refinaria foi superfaturada

Alexandre Aragão, de São Paulo

Aguirre Talento, Gabriel Mascarenhas, de Brasília

Em depoimento prestado nesta terça-feira (3) ao juiz federal Sergio Moro, a funcionária da Petrobras Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente de Abastecimento subordinada ao ex-diretor Paulo Roberto Costa, afirmou ter percebido indícios de superfaturamento na obra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a partir de relatórios da área de Engenharia e Serviços.

Questionada pelo Ministério Público Federal, Venina citou uma ata de reunião, realizada em julho de 2007, na qual representantes de empreiteiras e da Petrobras teriam combinado formatos de licitação que beneficiavam as empresas. Isso, de acordo com a funcionária de carreira, acarretou em preços acima do ideal para a petroleira.

Em dezembro, em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, a ex-executiva disse que toda a diretoria da Petrobras —incluindo a atual presidente da empresa, Graça Foster—, havia sido alertada sobre os desvios na estatal.

O depoimento de Venina, que durou aproximadamente 45 minutos, foi o mais tenso entre as falas da Operação Lava Jato até agora.

Antonio Sergio de Moraes Pitombo, advogado que defende o vice-presidente da Engevix Gerson Almada —preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde novembro—, fez dezenas de perguntas a Venina.

Na primeira parte do interrogatório, as perguntas eram técnicas, sobre os processos de contratação da Petrobras. A ex-executiva respondia, sempre, que a área responsável pela assinatura de novos compromissos era a de Engenharia e Serviços e, portanto, não tinha como responder.

Na segunda parte de seu questionário, Pitombo indagou Venina sobre o processo de seleção dos diretores da estatal. “Normalmente o que acontece é que os diretores são escolhidos pelo acionista majoritário, alguma coisa assim. Não existe um processo de seleção”, disse ela. Instada pelo advogado a desenvolver a fala, a ex-gerente disse: “Do que eu sei, é que existe um grupo de partidos, e esse grupo de partidos indica alguns diretores para algumas diretorias”.

Pitombo, em seguida, perguntou: “Então não é o governo, mas um grupo de partidos políticos que indica? A senhora sabe em relação ao [ex-diretor] Paulo Roberto Costa qual é o partido que indicou?”. Venina respondeu: “PP”.

A linha de questionamento foi seguindo até que o advogado de Almada fez perguntas de cunho subjetivo sobre o ex-diretor Paulo Roberto Costa. Ele disse: “O senhor Paulo Roberto Costa se vangloriava de ser próximo ao governo? Próximo ao acionista controlador, como a senhora chamou?”.

O juiz Sergio Moro, então, impediu que a interrogada respondesse, indeferindo a pergunta. O advogado não protestou.

‘DE OUVI DIZER’

No início das perguntas de Pitombo, após diversas negativas de Venina, outro defensor reclamou ao magistrado. Fábio Tofic Simantob, que representa três executivos da Engevix, disse que as respostas da ex-gerente ao Ministério Público Federal haviam sido completas, enquanto os defensores tiveram, até ali, suas indagações rejeitadas.

“Excelência, posso só fazer uma questão de ordem, para que não prejudique o andamento do depoimento?”, começou Tofic Simantob. “Durante as perguntas do Ministério Público, o depoimento foi praticamente ‘de ouvi dizer’. Agora que afeta realmente coisas que a testemunha em tese teria que saber, ela se esquiva”, completou.

Venina mostrou-se indignada e afirmou que também havia dado negativas ao Ministério Público. Moro, então, rejeitou a hipótese apresentada pelo defensor: “Desculpe, doutor, mas ela respondeu que não é da área dela. Mas, assim, enfim, pode continuar respondendo normalmente”, disse.

Ele sugeriu em seguida que, “se a testemunha diz que [a pergunta] não é da área dela”, o advogado de Almada poderia abreviar o questionário. Ele se recusou a fazê-lo, argumentando que a linha de raciocínio das perguntas era importante para a compreensão, mesmo que Venina não respondesse tudo.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

38 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Defesa de juiz?

    “O juiz a defendia”?

    E JUIZ É PRA DEFENDER?

    A função de juiz não é a de julgar, segundo os autos? Que zorra de justiça é esta onde uma ministra da Corte Suprema diz que vai condenar alguém sem provas porque “a literatura jurídica permite”, e um juiz, durante um depoimento faz as vezes de advogado de defesa?

    1. So vi um caso e nao era um

      So vi um caso e nao era um juiz muito bom mas dessa vez ele estava certo:  pra se safar de um malfeito qualquer, um cara arranjou (provavelmente pagou) uma mulher pra dizer que tinha sido ela.  O juiz disse que ela NAO podia falar aquilo por causa do Fifth amendment, que impedia auto incriminacao.  Mesmo assim, ele estava tecnicamente errado.

      No mais, fica a pergunta:  as reportagens desde antes de ontem, salvo engano, ja nao se preocupam em dizer de quais fontes elas conseguiram o material “sob sigilo judicial”.  Ta todo mundo envolvido dentro do judiciario.

    2. (Pensando bem, o juiz do caso

      (Pensando bem, o juiz do caso que eu mencionei estava tecnicamente correto, agora me lembrei:  o julgamento teria sido anulado se ele aceitasse o depoimento da mulher.)

    3. #

      “Defesa da testemunha pelo juiz” é expressão léxica decorrente de equívoco da reportagem ou, no mínimo, excesso de linguagem, porque não corresponde à categoria jurídica respectiva. O juiz condutor do processo tem o dever de manter a integridade física e moral da testemunha, de modo que, nesta última hipótese, a obrigação dele é imunizá-la de achaques dos advogados das partes, o que comumente é feito indeferindo (antes era assim) perguntas impertinentes ou (como agora), interferindo nos questionamentos (o advogado hoje pergunda diretamente para a testemunha). 

      Não ficou claro na reportagem qual o fato que teria gerado a afirmação no sentido de que o juiz defendeu a testemunha. 

      O advogado fez o papel dele; o juiz também. Só o vídeo completo da audiência é que permitirá saber quem errou.

      Já a testemunha… Bem  a testemunha, deixa para lá…

  2. Parece que os profissionais do direito estão agindo.

    Passada a primeira fase do terror, os advogados de defesa estão começando a agir, o que acontece é que na fase de recurso eles vão ter muita coisa para questionar, o nome correto desta operação será:

    O castelinho de areia do Moro, vai se desmanchar na primeira onda.

    1. E, mais adiante, cf vc

      E, mais adiante, cf vc advertiu ontem, as indenizações milionárias que certamente serão determinadas pela mesma justiça que contribuiu para os danos.

        1. Quando foi q vimos Juizes e

          Quando foi q vimos Juizes e Procuradores se preocuparem com o erario. A esmagadora maioria não estå nem aí, eles querem é se dar bem. Como dizia Chico Anisio; eles querem é que o povo se exxxploda.

          Va ver quantos garotos sao presos na adolescêcia por uma trouxinha de marconha e quantos donos toneladas de cocaina circulam nos saloes da Elite q esses Juizes e Procuradores frequentam sem ruborizar. 

          Perdi qualquer ilusão. Ta tudo dominado.

  3. Juiz deve ser imparcial

    Eu acho que o juiz deve ser imparcial. Se ele está tomando partido, geralmente a parte suscita impedimento ou suspeição. Se não o fizeram é porque aceitam sua suposta imparcialidade. Mas para os leigos a impressão é de que ele deveria ser Procurador da República, e não Juiz Federal. Sei não.

  4. Juiz deve ser imparcial

    Eu acho que o juiz deve ser imparcial. Se ele está tomando partido, geralmente a parte suscita impedimento ou suspeição. Se não o fizeram é porque aceitam sua suposta imparcialidade. Mas para os leigos a impressão é de que ele deveria ser Procurador da República, e não Juiz Federal. Sei não.

  5. Cadê os que acreditavam q

    Cadê os que acreditavam q esse Moro fazia um trabalho serio? Lembrei-me dos crentes em Eliana Calmon.

    Acordem! Os serios desse Judiciario e Procuradorias estao escondidos tentando fazer trabalhos que ajudem a comunidade na ponta, talvez, para nao cairem em arapucas armadas pela maioria comstituida de apaniguados de politicos bandidos.

    As instancias Superiores e os “heróis” investigadores da Nacao, como Moro, nao passam Eduardos Cunhas.

    Nao sou do Judiciario ou de qualquer orgao proximo, porem, so de ver como bandidos do perfil de Demostenes e outros “herois” desse quilate, trasitam dentro desses poderes como guardioes da Lei e como são superprotegidos pelos pares; Eu me pergunto:

    Como tanta gente politizada nesse País pode ser, algum dia, enganados por esse antro de crapulas?

     

     

     

  6. O interesse de Moro

    Foi um absurdo as intervenções do juiz, demonstra interesse em qual é o rumo que deve andar o processo … para a praça pública com a destruição total do Brasil na fogueira. São esses os interesses entreguistas, primeiro a Petrobrás depois o país. Precisamos afalbetizar 100% essa nação para que acordem a realidade que estamos assistindo. 

  7. se o juíz defende e orienta a

    se o juíz defende e orienta a fala da testemunha,

    há um claro estado de exceção, não é mesmo?

    e quem julgará enão o juiz?

    se ele defende só um lado, que julgamento é esse senão

    um julgamento de exceção?

  8. que testemunha é essa que

    que testemunha é essa que foi  convidada para avaliar o que

    se diz por aí sem provas e na hora  de falar o

    essencial que contará diz que não é da área dela?

  9. para entender um pouco esse

    para entender um pouco esse processo levado no  paraná,

    é bom recordar, por exemplo, que o ex-governador requião,

    mais à esquerda do quadro político brasileiro, digamos,

    teve brigas  homéricas contra o ministério público do paraná,

    que agia corporativamente.

  10. O meu receio é que a operação

    O meu receio é que a operação Lava Jato acabe desmorolizada. Se usasse uma peneira os vazamentos seriam menores…

    1. Acorda! 
      Ela já é

      Acorda! 

      Ela já é desmoralizada desde o nascedouro, nenhuma Justiça se faz com armações políticas misturadas.

      Essa República do Paraná é a cara dos playboys Beto Richa e Aecin. Quem conhece politica ou nosso Judiciário, só acredita nessa palhaçada se for Tucano ou tolo.

  11. Uma dos temas mais

    Uma dos temas mais discutidos, aqui e alhures, quando do julgamento do apelidado indevidamente “mensalão” foi a chamada Teoria do Domínio do Fato pela qual se apegaram o Ministério Público e alguns ministros do Supremo com o fito de embasar as condenações dos hierarcas do PT, em especial o ex-ministro José Dirceu. Arquitetura jurídica , lembremo-nos, que o próprio autor da doutrina, o jurista alemão Claus Roxin,  deplorou, conforme entrevista à imprensa nativa dado o mau uso da mesma para condenar com base apenas em ilações, projeções, dispensando a ainda imprescindível PROVA material. 

    Vê-se que, infelizmente, os alertas dos então críticos da aplicação ad hoc da doutrina não foram em vão. Observa-se, claramente, que o STF criou um monstro em termos de jurisprudência. Não necessita ser operador ou estudioso do Direito para concluir isso. Basta atentar para os procedimentos, dentre eles os depoimentos, dos indiciados nesse caso envolvendo a Petrobrás, empreiteiras e políticos. 

    “Eu acho”, “ouvi dizer”, “é possível” e o indefectível “só pode ser” passaram ao status de evidências passíveis de indiciamentos, isso na esfera do aparato policial-judicial,  porque para a imprensa, salvo as exceções de práxis, é prova provada de culpa. Se os envolvidos, óbvios, forem relacionados ao governo ou ao PT. Ao demais cabe o benefício da dúvida.

    O exemplo que veio de “cima”-Supremo Tribunal Federal- nesse caso foi um contra-exemplo. Mais uma razão forte para que se reforme a Constituição no tocante às atribuições dessa Corte tornando-a apenas constitucional dada a sua essência de fundo que é Política. 

     

  12. Verdade ou mentira, eis a questão.

    É… verdade, até onde você vai?

    Ao longo de 2014, sobretudo, no período eleitoral , fomos submetidos a  uma série de textos, vídeos, audios,   publicando  fatos e “provas” cabais, inquestionáveis, por isso mesmo, capazes de condenar, sem qualquer sombra de dúvida, os corruptos!  antes de julgar, é claro!Alíás, julgar pra quê? Nossos “tribunais midiáticos já fizeram o “serviço”( da dívida) com muito pragmatismo, meritocracia, e resultado!

    Resultado! É isso que importa! “Os fins justificam os meios” ( de comunicação.)

    Só sei que nada sei, mas, eles sabiam, diria um filósofo editor brasileiro.

    Bilhetes premiados, ops, delações supostamente premiadas, com ou sem prêmio para os cidadãos normais não faltaram. Reportagens”  sobre várias “verdades” escandalosas que estariam acabando com a Petrobrás, também não.

    E, obviamente, uns já ratificaram aquela velha conclusão(máxima): esse país não é sério. Aqui só tem bandido. “Vou mudar para outro país”… vou para miami nos istaites. ( faz sentido: comprar ações a petrobrás na baixa)

    Então, hoje já é possível encontrar pessoas pelo brasil que condenam, veementemente, com Venina ou sem Venina, todos os envolvidos nos diversos “crimes” cometidos no “petrolão”. Fácil perceber isso por ai não?

    Só que não. Não, nós não podemos ser tão estúpidos assim. No, we can’t.

    A “verdade”- POSSÍVEL –  ainda está sendo CONSTRUÍDA até que o processo seja extino com julgamento de mérito, com sentença final  transitada em julgado quando, então, teremos uma “verdade” tecnicamente satisfatória para a sociedade.

    Antes disso, teremos “verdades” que podem ser  “mentirosas”. Logo, não passam de  especulações – ou até paradoxos – ainda que com  provas supostamente cabais apresentadas. Pelo menos foi o que me disseram. ( ouvi dizer)

    O pior de tudo é que essa verdade que será tecnicamente apresentanda no FUTURO , pode não ser  suficiente( embora necessária)  para  que essa mesma sociedade se sinta satisfeita com ela.  É mole?

    Lado outro, temos a mídia, cotidianamente, construindo “verdades” tecnicamente INSATISFATÓRIAS na cabeça dos cidadãos brasileiros, em sua maioria, pessoas de bem, trabalhadoras, civilizadas, pacíficas e, por isso mesmo, capazes de viver a vida com a dignidade que qualquer ser humano necessita.

    Enfim,  a vida continua, com ou sem  veneno de sócrates(cicuta)  com ou sem Venina.

    Uma homenagem para nós: êêê, ôô vida de gado…

    Saudações

  13. Eu li direito? O juiz é juiz

    Eu li direito? O juiz é juiz ou advogada da senhora? O cinismo está chegando a níveis insuportáveis. Se ela não pode pagar advogado, que recorra à defensoria pública. Mas, “contratar” o juiz é meio esquisito. Enfim, devo estar desatualizada…

  14. O juiz tem lado.

     

    A difícil missão de advogar contra a parte contrária e o juiz. Fica um contra dois. Quando o juiz tem lado, o processo fica viciado e deve ser anulado pelos tribunais. 

  15. Segundo o jornal O GLOBO(link

    Segundo o jornal O GLOBO(link aí embaixo) geóloga Venina Fonseca foi dispensada como testemunha de acusação(grifo meu) nesta fase da operação Lava-Jato. Conforme o parquet,  o seu depoimento no processo que envolve os dirigentes da Engevix não teve contribuição significativa e que os fatos que relata sobre a estatal não são os que foram denunciados nesse estágio da Operação aludida, quando, então, serão válidos para o processo? 

    Como costumo ler nas entrelinhas, fica claro que seu depoimento não fortalece as denúncias contra as empreiteiras, MAS – dedução minha – serão acatados numa próxima etapa. Qual? Ora, a que envolve os políticos. Até aí nada demais. Até aí.

    Só que mais adiante ela candidamente isenta a Diretoria de Abastecimento de responsabilidades na fiscalização das obras da empresa e atribui toda a culpa à diretoria de serviços, vinculada a quem? Ora, Renato Duque. Na mesma linha da auto isenção, afirmou ainda – atenção! – que a área de abastecimento, na qual trabalhou com Paulo Roberto Costa, réu confesso no escândalo, sequer tinha contatos com empreiterias. Disse ainda que todas as decisões na estatal eram colegiadas. Só maldosos imaginarão que com isso ela quer trazer para o olho do furação toda a diretoria da Petrrobrás, em especial a atual presidente e o ex, Gabrielli, e por extensão o próprio Conselho de Administraçã que, por um acaso, era presidido por……..Dilma Rouseff. 

    Mas que coisa mais sibilina! Se não tinha contato com empreiteiras, o diretor corrupto recebeu propinas à título de quê? Essa senhora parece não perceber que nesse afã de “colaborar”(leia-se, incriminar) o governo e os políticos(em especial Dilma e os do PT) vai acabar mesmo é como suspeita tal as contradições em seu testemunho. 

    http://oglobo.globo.com/brasil/venina-dispensada-como-testemunha-da-lava-jato-por-falta-de-informacoes-relevantes-15239351

     

     

  16. Operação lava jato

        O sistema de governo e sua base aliada, cavam a sepultura, jogam a Petrobras no buraco e querem botar a culpa na pá. As testemunhas de acusação, o juíz Moro não são os culpados pelos problemas da Petrobras.

        Se para a diretoria da empresa valesse as mesmas normas e procedimentos de qualidade e de segurança que valem para os níveis operacionais não aconteceria toda a corrupção que aconteceu. Por que ao menor risco, ato inseguro ou condição insegura para-se tudo e verifica-se o que esta acontecendo, já que existe o perigo de se detonar tudo la dentro da empresa, se não eliminar o risco.

       Por que será que não revelam as verdadeiras causas dos problemas? Por que deixaram a situação toda explodir? Será que querem desvalorizar a empresa para privatizá-la depois, como fizeram com outras empresas e bens públicos?

  17. Tá faltando apoio técnico.

    Há mais de dez anos quando falava com um engenehiro brasileiro que trabalhava nos USA ele me disse que mais de 40% dos trabalhos de engenharia (nível de consultoria) nos Staites era para processos judiciais, me parece que no Brasil ainda não chegamos ainda neste ponto, porém há necessidade de em casos como estes onde não há depoimentos claros como este da tal de Venina que se empregue mais o serviços de consultores na área de administração, economia e engenharia.

    A tal de Venina quando tenta explicar como “detectaram” o superfaturamento (depoimento segunda parte após 19′) e começa a falar sobre o sistema de acompanhamento, neste momento o que fica claro que nem ela nem outros sabiam dizer porque este sistema estava dando erros, ou se era por má fé ou simplesmente pelo uso de um sistema inadequado de controle que dava resultados errados.

    Neste momento, por exemplo, deveria ser questionado tecnicamente (afinal ela é uma técnica) qual os parâmetros utilizados por aqueles que desconfiavam do tal sistema de acompanhamento que começavam a provocar deriva nos custos.  Por exemplo ela usa um termo técnico “acurado”, que se mal compreendido induz a erros de interpretação, o melhor seria o emprego do termo “aferido”, pois na sua interpretação e na resposta do setor de engenharia parece que vários parâmetros deste sistema estavam ERRADOS, ou seja, o que se poderia atribuir as firmas de engenharia é que sabendo que o controle estava errado, com parâmetros inconsistentes, eles utilizaram a fragilidade do sistema para simplesmente obter algum lucro pelo erro da Petrobrás e incapacidade da mesma em dar uma resposta correta a correção de custos.

    Ou seja, transfere-se do item crime para o item malandragem com alguma má fé, em utilizar uma fraqueza na capacidade da Petrobrás em utilizar um sistema de controle correto.

    No fim ela declara em alto em bom tom que o sistema de acompnhamento não era adequado para o acompanhamento da obra levando a erros e não indicando um superfaturamento comprovado, pois na realidade nem ela nem todos exceto uma pessoa conheciam o sistema de acompanhamento, ou seja, O SUPERFATURAMENTO PRETENDIDO POR TODOS PODE TER DUAS HIPÓTESES, a primeira é que o acompanhamento era feito por uma só pessoa e o resto em meses de suspeitas nem pensaram em verificar o problema e esta pessoa simplesmente aplicava os aumentos de custo sem pensar ou estaria ele sim falseando os resultados.

    O que se vê claramente é que Venina e colegas, mesmo desconfiando que algo poderia estar errado em milhões nem se deram o cuidado de fazer um teste de mesa com as principais variáveis (que não devem passar de poucas dezenas) e ter a certeza ou não que algo estava mal.

    São pequenos detalhes que escapam do público em geral ou mesmo de técnicos na área jurídica. Chamo atenção que em Engenharia não se acha, se calcula.

     

  18. O depoimento dela é curioso.

    O depoimento dela é curioso. Ela afirma que informou as instâncias superiores de irregularidades, mas não sabe dizer que irregularidades eram essas, por que não eram da área dela.

    ******************************

    Quanto à suposta “defesa” da testemunha pelo juiz, me parece mais um erro jornalístico. O que é relatado é o seguinte:

    O advogado de defesa do empreiteiro pergunta:

    “O senhor Paulo Roberto Costa se vangloriava de ser próximo ao governo? Próximo ao acionista controlador, como a senhora chamou?”

    O juiz impediu a testemunha de responder, o que é bem diferente de “defender” a testemunha. E o advogado não protestou, provavelmente por que o efeito que desejava era esse mesmo: demonstrar os limites do julgamento.

    Se a testemunha respondesse afirmativamente, e a resposta constasse dos autos, estariam sendo envolvidas autoridades que têm foro privilegiado, o que o juiz Moro não parece inclinado a permitir, para não enviar o julgamento ao STF. Me parece ser esse o motivo da interferência do juiz, e não uma suposta “defesa” da donzela indefesa – até por que ela é, até o momento, testemunha e não acusada, portanto prescinde de defesa.

    Para o advogado de defesa, isso provavelmente serve bem, pois cria a impressão de que o juiz acredita que a resposta seria afirmativa.

    A outra interferência relatada é quando outro advogado levantou uma questão de ordem:

    “Durante as perguntas do Ministério Público, o depoimento foi praticamente ‘de ouvi dizer’. Agora que afeta realmente coisas que a testemunha em tese teria que saber, ela se esquiva”, completou.

    O juiz, então, rejeitou a questão de ordem: “Desculpe, doutor, mas ela respondeu que não é da área dela. Mas, assim, enfim, pode continuar respondendo normalmente”.

    Mas a objeção do advogado não se parece com uma questão de ordem: é uma maneira de colocar em dúvida as afimações da testemunha (que, como salientei acima, não parece dominar as questões a respeito da qual teria alertado autoridades). Nesse sentido, é bem eficaz. O que o juiz faz é simplesmente ignorar a questão, afirmando o direito da testemunha de dizer coisas inócuas. De todo modo, o depoimento parece extremamente frágil, o que deve ter sido a intenção da defesa demonstrar.

    Em suma, nada disso se parece com uma “defesa”, no sentido jurídico da palavra. O juiz impediu a testemunha de dar uma resposta, e, em outra ocasião, rejeitou uma questão de ordem sem muito conteúdo aparente, por que, afinal, se a testemunha não sabe do que está falando, não há como obrigá-la a demonstrar um conhecimento que não existe.

    1. Muito bom, mas no primeiro

      Muito bom, mas no primeiro ponto o juiz nao “impediu” a testemunha de dar uma resposta, ele fez o que todo juiz dos EUA faria tambem por risco de invalidar o processo inteiro:  a pergunta eh equivalente ao mais baixo e descartado estratagema juridico, o hearsay:  “voce acha que ele acha que…?”

      Assim, nao da!

  19. 247
    “Ontem, o jornalista

    247

    “Ontem, o jornalista Jorge Bastos Moreno revelou que ela [Venina] contratou, sem licitação, a empresa do ex-marido por R$ 7,8 milhões, em dois contratos: um de R$ 2,4 milhões e outro de R$ 5,4 milhões. Leia abaixo a nota:

    Entre o mar e a terra

    A direção da Petrobras insiste em chamar, em notas, a sua ex-gerente Venina Velosa de “a empregada”. Percebe-se aí uma sutil tentativa de desqualificação, que se torna mais contundente, na medida em que tenta mostrar o seu envolvimento com o caso da refinaria Abreu e Lima, por exemplo. Tentar desqualificar a funcionária não é o melhor caminho para defender-se de suas denúncias.
    Mas nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Não se pode demonizá-la, nem endeusá-la, pois o foco não é ela, mas as suas denúncias. Independentemente disso, Venina tem muita coisa nebulosa também a esclarecer, como a contratação, sem licitação, da empresa Salvaterra, do hoje ex-marido, Maurício Luz, em 2004 (R$ 2,4 milhões) e 2006 (R$ 5,4 milhões), para serviços de consultoria; e também a de Nílvia Vogel como funcionária local, mas custeando sua mudança, quando exercia a representação em Cingapura. Há outros processos contra ela na empresa.”

     

     

    Algoz de Graça, Venina fez aditivos milionários

    :

    Ex-gerente da Petrobras, que disse ter alertado a presidente da estatal, Graça Foster, sobre irregularidades na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, assinou pedido para que a obra fosse adiantada; para inaugurar a fábrica ainda em 2010, durante o período eleitoral, ela assinou dezenas de aditivos milionários; alguns custos adicionais foram de US$ 328 milhões com equipamentos, US$ 182 milhões com serviços de engenharia e US$ 375 milhões com sistemas de segurança; depois de finalizado um relatório da comissão interna criada para apurar irregularidades nas obras, Venina Velosa da Fonseca foi demitida

    20 de Dezembro de 2014 às 19:55

     

     

    247 – Personagem recente nas denúncias de irregularidades da Petrobras, a ex-gerente da estatal Venina Velosa da Fonseca assinou um pedido para que as obras de Abreu e Lima, em Pernambuco, fossem adiantadas e a refinaria concluída ainda em 2010, período eleitoral. A informação consta de documentos oficiais da companhia aos quais o jornalista Gerson Camarotti teve acesso.

    O documento foi elaborado por Venina, então gerente-executiva de Abastecimento, e recebido em março de 2007 pelo então diretor da área, Paulo Roberto Costa, hoje delator do esquema de corrupção praticado por meio de contratos da empresa. O pedido para acelerar a construção exigia custos adicionais à obra.

    Alguns dos aditivos milionários assinados por Venina previam custos extras de US$ 328 milhões com equipamentos, US$ 182 milhões com serviços de engenharia e US$ 375 milhões com sistemas de segurança. Outros aditivos foram assinados por ela, Costa e José Carlos Cosenza, atual diretor da área. Dessa leva, apenas um ultrapassava US$ 900 milhões.

    O valor inicial estimado para a construção da refinaria era de US$ 2,3 bilhões. A cifra subiu para US$ 4 bilhões em 2006, já na fase de elaboração do projeto, e depois para US$ 13 bilhões em 2009, após uma série de aditivos e mudanças no projeto. O atual custo da obra está estimado em US$ 20,1 bilhões.

    A assinatura de Venina no documento que pede a antecipação da obra foi confirmada pela comissão interna criada na Petrobras para apurar irregularidades na construção da refinaria. Após a conclusão do relatório, a então gerente foi demitida do cargo.

    Venina argumenta ter alertado a presidente da estatal, Graça Foster, sobre irregularidades no projeto. O jornal Valor Econômico divulgou emails da ex-gerente à executiva, nos quais aponta os problemas. A Petrobras argumenta que Graça não foi alertada antes de novembro de 2014 sobre o assunto e ressalta que a ex-funcionária só tomou tal atitude depois de ter sido demitida.

     

     

     

     

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador