A farra do boi
por Izaías Almada
Então fica combinado assim: até outubro de 2022 ficamos na expectativa das eleições presidenciais para sabermos se o Jair perde o mandato ou continua presidente.
São apenas 17 meses daqui até lá, tempo mais do que suficiente para o atual governo destruir o que, eventualmente, sobrar de bom no país.
Muito tempo para vender cloroquina, fazer contrabando de madeira, queimar mais um pouco a Amazônia, privatizar o que ainda resta de empresas estatais… E nos tempos livres falar mal de prefeitos, governadores, deputados e senadores, juízes de primeira e segunda instância que sejam de esquerda ou de conduta democrática comprovada.
Não é assim que funciona a democracia? O que é bom para mim está valendo, para o meu adversário a pena de morte é pouco.
Pelo meio do caminho, além das pedras, existem os Ciros, os Salles, os Pazzuellos, os Mainardis, os Jeffersons, os Malafaias, a falta de vacinas, as fake news, os motoqueiros, 150 pedidos de impeachment, os pedidos de assinaturas a favor do impeachment, as jovens pans,as folhas e os estadões, o inverno chegando, mais mentiras na CPI, as bravatas, mais fake news, as cenas explícitas a lembrar a ascensão do nazismo na Alemanha, a vacina que vai chegar até o meio do ano, os mortos pela covid chegando a 500 mil, a farra do boi…
E viva a democracia!
Quem vai colocar o guizo no pescoço do gato? O povo.
O povo? E onde está o povo? Protestando, ora. Onde? Nas redes sociais… Ah! Sei…
Não existem mais sindicatos? Existem, claro. E o que eles fazem? Sindicalizam. Os estudantes? Estudam… Nossa, estou mesmo ficando velho.
Você já não ouviu dizer que velho é o jovem que deu certo?
Como piada é bom, mas é duro envelhecer depois de tantos anos à espera de um mundo melhor… E aparecem a internet e a pandemia e salvam o neoliberalismo em cima da hora.
Sabe que eu ainda não havia pensado nisso? É que não dá tempo, muda tudo muito depressa.
Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro. Nascido em BH, em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.
Este artigo não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN
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e a destruição do serviço/servidor público, fim dos concursos e farra das nomeações de afilhados? incrível como essa pauta tá passando assim, facinho facinho…