Apenas um conto tentado de amor, por Matê da Luz

Apenas um conto tentado de amor

por Matê da Luz

Livre, eu danço sem perceber o mundo ao redor. Nada importa, só meu movimento no ritmo lento e confortável da música e, então, deve ser por isso, porque estou lá comigo mesma, inteira, você chega. Vem, encontra, dispersa e desperta em mim aquilo que coloquei pra dormir porque há tempos o amor doeu de um jeito que já não desejo mais sentir. E, agora percebo, já não sei mais escrever também: as palavras são acompanhadas de medo, bloqueio e caem num contexto de parar de fluir porque o amor não deve existir assim, simples e feliz, do tipo que sai se beijando pelas ruas e não tem pressa de voltar. Não, o amor não deve existir assim, desse jeito que anda de bicicleta e sorri, que cozinha e divide, que deita no peito um do outro e se separa pra ocupar melhor a cama e o espaço porque acariciar é uma coisa e dormir é outra, que faz corte no peito quando uma frase sai no tom errado e logo pede desculpa e dá um beijo na testa e não, não é possível que o amor seja isso que te faz chorar quando eu choro porque quero ser do meu jeito e tenho medo de você não gostar. Não é possível que só eu não tenha percebido que o amor tá aqui sim, só que ando com um medo tão grande de sentir que, ah, deixa pra lá, te deixo pra lá e só quero voltar pra minha dança. Sozinha, que é mais seguro, apesar de tão escuro. 

Te quero aqui. 

 

Mariana A. Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador