Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Cabeças cortadas 2, por Rui Daher

Por Rui Daher

Já escrevi que chega o final de novembro e junto vem a vontade de me matar, sentimento que aumenta nos primeiros dias do mês natalino. Passam os anos e não o faço. A apólice do seguro de vida impede o suicídio, embora eu tenha encontrado variantes bem disfarçáveis, que poderiam enganar a seguradora.

Uma delas veio de um outdoor de estrada. Anunciava uma semana de rodeios e shows com variadas duplas sertanejas, nomes estranhos, uma a cada noite. Pensei: uma semana assim, direto, vendo todas as “bandas”, o cheiro de linguiça na chapa desde o café-da-manhã até a noite, barris jorrando chope chocho e fraco, o locutor acelerando a voz até a queda orgástica, me levaria à morte.

Nos intervalos entre os shows, o som de estridentes alto-falantes. Tocando Bach, Pixinguinha? Não. Funk ou axé. Pronto, como dizem meus amigos nordestinos, uma semana assim e eu estaria morto sem que as seguradoras pudessem provar suicídio.

No texto anterior do BRD, ao associar o Brasil pós-2016 e citar o banho de sangue na França, em 1789, Robespierre à frente, citei Milan Kundera, em “A insustentável leveza do ser”. Para o autor checo, mais tarde, o sofrimento daquelas pessoas não passaria de palavras contadas sabe-se lá por quem e se corretas.

Perguntei-me sobre os milhares de morticínios que daí se seguiram, a História registrou, e os fatos ainda hoje os mantêm “vivos” em todas as regiões do planeta.

Muitos me interpretaram mal, quase como um daqueles líderes cruéis da região dos Balcãs, imaginaram-me propondo uma revolução sangrenta no Brasil. Vidas, culpadas ou inocentes, ceifadas. Guerra fraticida, sofrimento, desabastecimento, risco de invasões estrangeiras.

Daí o título do texto, “Cabeças Cortadas”, inspirado no excepcional filme dirigido desde Barcelona, em 1970, por Glauber Rocha (1939-1981). No filme, impossível não reconhecer, nos delírios do déspota Diaz, a perda do poder do ditador de Eldorado, em Terra em Transe (1967), do mesmo Glauber.

Caríssimas e caríssimos, ao inferir tal crueldade a autor incapaz de matar uma mosca – até porque nunca consegue atingi-las – cometem grande injustiça.

A proposta de levante do povo em armas para derrubar a Quadrilha Gilmar Temer foi no sentido figurado. Ou seja, mortos todos aqueles que apoiaram impeachment, bateram panelas, fizeram das bandeiras xales verdes e amarelos, ajustaram um fiscal chamado Meirelles Bancus, e acabaram com os direitos sociais, a pretensão do BRD e sucursal no Facebook (N&P) era apenas lançar um álbum de figurinhas com a foto de todas as cabeças que foram cortadas.

Não disse que o sentido era figurado?

Editora Panini, estamos à disposição. 

https://www.youtube.com/watch?v=QnxuduBOm70]

Nota: não consegui trazer a excelente cantora e violonista de Americana/SP para o Sarau. Compromissos prévios. Conheçam-na sequência abaixo.

[video:https://www.youtube.com/watch?v=ogXtUvcfoEE

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

12 Comentários

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  1. cabeças…..

    Caro sr, o Brasileiro não se enxerga mesmo !! Banho se sangue com uma revolução? Vejo este temor das pessoas, aqui na periferia. Estamos no país de 100.000 assassinatos por ano. Que a grande mídia e governos dizem ser apenas uns 65.000. Apenas?!!! Nem 3% solucionados. Assim como outras 100.000 mortes no trânstio. ‘Apenas’ 65 mil.  Povo bovino e desinformado, ainda crê e tem medo de banho de sangue?! Inacreditável !! Corpos desaparecidos, restos mortais não identificados, gente que morre nos hospitais depois de dias, de infecção generalizada ou outro mal decorrente de tais ferimentos, “fantasiam, embelezam e diminuem ”  as estatisticas. (A CCR/Viaoeste socorre acidentados na Castelo Branco e Raposo Tavares. O corpo vai numa ambulância, a cabeça decepada noutra. Chega no hospital, os juntam e declaram: está morto !!! Morto no hospital e não na estrada, para felicidade de concessionárias e estatisticas. Tucanistão/2018. O pesadelo pode voltar a ser realidade) Revolução é que trará Banho de Sangue? O Brasil é inacreditável. abs.    

    1. Zé Sérgio, meu caro

      o banho de sangue que você menciona, no Brasil, é de cima para baixo. Não acredito na inversão, mas você bem sabe quantos países já o fizeram, o que pretendi lembrar no 1º texto. Abraços

  2. Receita

    Também tenho esses pensamentos, mas minha receita, acredito, vai por outro lado e com um poder de sucesso em torno de 110% ou seja:

    Tomar dois copos (padrão massa de tomate) com a cangibrina, marvada, mé ou água que passarinho não bebe daqui da região, daí a pressão e o velho coração cuidariam dos toques finais com requintes de pouca crueldade a não ser o fato que colocaria na “vitrola” um desses sertanojos pré-primário, digo, pós universitários aí a crueldade é pior que campo de concentração do bolsona, digo, nazista…

    Para complementar é só “desbloquear” o sinal aberto da rede roubo de TV e penso, não aguentaria meia hora…daí só uma fita amarela gravada com o nome dela… a minha rosebud!!

    1. Porra, o cara não entendeu picas,

      O segundo texto REFORÇA o primeiro. Ao falar em sentido figurado, para uma espécie de justificativa, no final, menciono fotografar as mesmas cabeças para um álbum de figurinhas póstumas. Querem mais “figurado”. Não duvido que o comentarista vá para o álbum … por burrice.

  3. A ESQUERDA BRASILEIRA É

    A ESQUERDA BRASILEIRA É ISSO;EXTREMA VALENTIA ONDE MORREM ASSASSINADOS CENTENAS POR DIA,ISSO SIM É SANGRE JAMÁS PÁTRIA OU MUERTE.

  4. MAS NÓS DA ESQUERDA SOMOS

    MAS NÓS DA ESQUERDA SOMOS INGÊNUOS MESMO EU TAVA ATÉ GOSTANDO DO ARTICULISTA E COMPARTILHANDO SEUS TEXTOS,ME ENGANOU ASSIM COMO O CANALHA ZÉ CARDOZO EM 85 AO ME AFIRMAR NÃO SER BONECA ,ERA INTRIGA CONTRA UM VALENTE.

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