Cinefoot homenageia José Medeiros, fotógrafo do menino da arquibancada do Maracanã, por Cesar Oliveira

Quero convidar os leitores do jornal GGN para a “live” (“live” é o cacete — diria Ancelmo Góis) da qual participo, com Zenaide Medeiros, a filha primogênita de fotógrafo “poeta da luz” e Antonio Leal, o mentor do CINEfoot, hoje, às 19 horas.

Cinefoot homenageia José Medeiros, fotógrafo do menino da arquibancada do Maracanã

por Cesar Oliveira

Certo dia, em 2011, vi a notícia de que haveria uma exposição do fotógrafo José Medeiros na galeria Arteplex, um lugar na Praia da Botafogo que tem cinemas e uma excelente livraria.

Apaixonado por fotografia e motivado pela emblemática fama do fotógrafo piauiense, parti pra ver a exposição. É uma galeria longa, que vai da entrada até os cinemas e a livraria. Do lado, esquerdo, estavam expostas as fotografias, em ampliações grandes.

Todas lindas, belas fotos, que só o preto e branco pode proporcionar, porque obriga o artista a se valer do seu talento para composição e luz.

Mas uma delas funcionou para mim com um impacto especial. Um menino, na arquibancada do Maracanã, vestido como se vestiam os meninos dos anos 1950, de sapatos de couro, meias curtas, bermuda e blusão. Como muitos meninos do meu tempo se vestiam. Eu me vi ali. Eu era vestido por mamãe daquela maneira. Meu cabelo era cortado daquele jeito.

Fiquei pensando: quem seria esse menino, então? Onde estaria? Com que idade? Estaria vivo? Morando onde? Como teria sido a sua vida? Decidi que ia tentar descobrir e, como bom virginiano, fui atrás.

No dia 18 de novembro de 2011, escrevi no site Overmundo, onde eventualmente fazia contribuições, e perguntei:

“VOCÊ CONHECE ESTE MENINO?

Um menino no Maracanã, em 1950. Quem será ele? Você conhece? Eu gostaria de achá-lo.

Gostaria de fazer uma entrevista com ele, saber quem ele é agora, que criança ele foi, o que estava fazendo no Maracanã, que jogo foi esse que o deixou tão encantado etc.

Como é o seu nome? Onde vive hoje em dia? O quer faz na vida? Constituiu família? Foi ao jogo com o pai? um amigo? um tio?

Se você sabe quem ele é, escreva para mim”

E coloquei o meu e-mail, para que, eventualmente, alguém entrasse em contato comigo.

Deu certo! Tempos depois, já não lembro quanto tempo, Edu, filho do “menino na arquibancada do Maracanã”, entrou em contato comigo.

— É o meu pai — me disse Eduardo, dono de uma loja de discos em Maringá, no Paraná, onde hoje mora Pedro Cezar Gomes Lemos — este, o nome do menino da arquibancada —, hoje um senhorzinho de 83 anos –, mas que ele era tímido e talvez não quisesse falar comigo sobre a foto.

Por incrível que pareça, um motivo prosaico o levou a aceitar conversar comigo: somos Botafoguenses. E o papo começou pelo Glorioso — que, aliás, comemora o 79º aniversário da fusão entre o Clube de Regatas Botafogo e o Botafogo Football Club, que resultou no Botafogo de Garrincha, Nilton Santos, Didi, Gérson, Quarentinha, Amarildo, Paulo Valentim… — caramba, se eu não parar por aqui, haja espaço no Jornal GGN….

Conversamos e ele me contou brevemente a sua vida. Quer é capixaba, morou algum tempo  no Rio de Janeiro e, hoje, mora em Maringá-PR, onde tem um sítio para os fins de semana.

— Quando foi clicada aquela foto? — perguntei.

Ele não lembra, mas me contou que esteve, com as irmãs, mais velhas do que ele, na inauguração (um amistoso entre as seleções carioca e paulista, em 1949) e também na Copa. Ele ainda lembra o “silêncio das pessoas descendo as rampas desde o mais alto degrau da arquibancada até à saída”).

A saga de procurar o menino Pedro foi publicada por mim nas redes sociais da minha editora de livros de futebol. E todos se emocionaram com a história, que é mesmo linda.

Agora, fiquei feliz em saber que o CINEfoot, o pioneiro festival de filmes de futebol da América Latina, criado e tocado, com garra e qualidade, por Antonio Leal, meu amigo tricolor de coração, vai homenagear José Medeiros, o fotógrafo da foto que me encantou.

Mas José Medeiros é, obviamente, muito mais do que isso. Tudo sobre ele, você pode ler no site do Instituto Moreira Salles: https://bit.ly/3dklELt

O importante, aqui, é saber que José Medeiros é o grande homenageado da 12ª edição do CINEfoot https://cinefoot.org onde você pode saber tudo da programação de filmes e tudo o mais de bom que o festival oferece.

Mas, puxando a brasa pra minha sardinha — e, por tabela, pra sardinha do Pedro — quero convidar os leitores do jornal GGN para a “live” (“live” é o cacete — diria Ancelmo Góis) da qual participo, com Zenaide Medeiros, a filha primogênita de fotógrafo “poeta da luz” e Antonio Leal, o mentor do CINEfoot, hoje, às 19 horas.

Espero vocês lá, para homenagearmos um dos maiores fotógrafos do Brasil, de todos os tempos.

Cesar Oliveira, quase 70, carioca, botafoguense e mangueirense. Editor de livros, preferencialmente de futebol, desde 2008. Expertise no mercado editorial desde 1980. Saiba mais nas redes sociais: @livrosdefutebol e @editoralivrosdefutebol

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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