Cipriano Barata contra o autoritarismo, por Homero Fonseca

Ameaças ao poder civil vêm desde os começos do século 19, como denunciava o célebre jornalista Cipriano Barata.

Cipriano Barata contra o autoritarismo

por Homero Fonseca

Concluí a escrita do livro A imprensa na Confederação do Equador, após um ano de intensas pesquisas. Os originais foram entregues à Araçá, encarregada da produção editorial.

E como estamos tão perto do 31 de março/1º de abril, destaco um trecho, de autoria do jornalista Cipriano Barata, que combatia as ameaças do despotismo (autoritarismo) de dom Pedro I. Ele se opunha a que o imperador enfeixasse nas mãos o poder moderador (acima dos demais poderes) e o comando em chefe das Forças Armadas. Argumentava:

Eis aqui os frutos que tira a sociedade de criar tanto soldado loucamente: pagam-se as tropas para defender a Pátria do inimigo externo e elas cuidam só em amedrontar e esmagar a Pátria, seguindo o partido de quem as lisonjeiam e lhes dá o dinheiro do povo pacífico e virtuoso.

Cipriano também rejeitava a manutenção do chamado Governo das Armas, um poder paralelo aos Governos Civis nas Províncias (hoje Estados). A respeito, dizia:

As Províncias do Brasil nunca terão sossego enquanto não lançarem fora de si essas Autoridades armadas, que o espírito militar sustenta, e o desejo de colonizar o Brasil mantém com a mais obstinada arrogância, sem repetir a luta das Províncias, a relutância dos Governo Civis e o clamor geral contra tão revoltante política.

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Sentinela da Liberdade, 12 de novembro de 1823.

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