Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Crônica na levada da juventude futebolística transviada, por Rui Daher

Quem quiser ser bonzinho, andar na linha, dar declarações anódinas, agradar à crônica esportiva, que o faça. Certamente, ganharão loas dos ‘intelectuais’ da ESPN ou dos seus imitadores no SPORTV.

Football,George Best holds a bottle of champagne as he prepares for a party to celebrate the sale of his house in Cheshire, September 1972 (Photo by Bentley Archive/Popperfoto/Getty Images)

Crônica na levada da juventude futebolística transviada, por Rui Daher

São Paulo, 23:30 horas, do dia 25 de março, a rua tomada pelos meus ancestrais sírios e libaneses, que não se incomodavam de serem tratados turcos, entre o final do século 19 e início dos anos 1900. Hoje em dia, não mais. Houve uma intercessão étnica, e ainda pouca intersecção. Perda de tempo explicar. Sei que todos os adeptos do bolsonarismo já haviam entendido a diferença.

Leio no site da Folha de São Paulo que Michel Temer foi solto, mediante bloqueio de R$ 62 milhões. Fucking lebanese, como faz isso com brimo? Poderia ter-me emprestado algum.

Eu não imagino, mas alguns de vocês, exíguos leitores e leitoras, poderão avaliar valor tão significativo. Sabem, daqueles que seríamos perguntados o que fazer com tanta grana?

Mas, de saco cheio, não entrarei nessa seara política, econômica, social e, muito menos, das relações internacionais. Já o fiz e refiz nesses últimos seis meses.

Deixo o tema para luminares como: Olavo “Culhões”; Mourão “Proteção Farpada”; Sérgio “Cadê minha Curitiba” Moro; “Luluzinha e Bolinha num só Maia”; “Dal Mare”, e “Arnesto não fui Convidado”. A Jair nada peço. Sou um humanista.

Eu por exemplo, não teria dúvidas para responder o que fazer com a grana que Temer dispôs para ser solto: em cálculo aproximado repetiria George Best (1946-2005), o futebolista norte-irlandês, que fez fama no Manchester United, em algumas de suas galhofas:

Gastei muito dinheiro em bebida, mulheres e carros rápidos. O resto eu desperdicei”.

Eu parei de beber, mas apenas enquanto eu durmo

Em 1969, eu abri mão de mulheres e bebidas e foram os piores 20 minutos da minha vida”.

Ele usa a camisa 10. Eu achava que era por causa da sua posição, mas na verdade é o número do seu QI” (Sobre Paul Gascoigne);

“Se eu tivesse nascido feio, vocês nunca teriam ouvido falar de Pelé.”

Fotografado, já em seu leito de morte, no Hospital Cromwell de Londres, declarou: “Não morram como eu”. Seu único erro. Como na canção dos Novos Baianos: “Por que não viver neste mundo, se não há outro mundo?”

Eu não me importo com as escolhas pessoais dos craques de minha paixão, o futebol. Assim Best resolveu viver. Outra dele: “Maradona is good. Pelé better, George Best”.

‘Cadumcadum’. Não tenho restrições a Garrincha, Almir Pernambuquinho, Dr. Sócrates, Afonsinho, Reinaldo do Atlético Mineiro, e vários outros do passado. São estilos de vida próprios. Também temos os nossos. Por mais rebeldes e criticados, foram e ainda são venerados pelos fãs. Para uns, apenas depois de mortos.

Da mesma forma, atualmente, nada tenho contra os triques-triques de Neymar Jr., e seus parças espalhados mundo afora, em tatuagens, brincos, cabelos esquisitos, consumismo desenfreado, festas ou bacanais com mulheres bonitas.

É o ethos da civilização capitalista atual, daquilo que oferece a superestrutura do sistema, apud Karl Marx.

Historicamente, dirigiram-se ao esporte do futebol como jovens das classes subalternas da sociedade. Foram poucas as exceções que vieram de setores mais privilegiados, em todo o planeta, e mais ainda nas Américas Central, do Sul, e África, onde tudo é pior para quem nasce pobre.

Para não afligir os eleitores 17, não precisamos de ensaio antropológico. Basta assistir aos campeonatos europeus.

E queriam o quê? Todos uniformizados e com gravatas borboletas. Esse mundo já passou. São como Mano Brown, dos Racionais, e a multidão que, não importa o nível, o segue em cultura. Daí pra baixo, depende de uma intervenção ideologizada de esquerda e disseminação de cultura popular, o que nunca aconteceu, impedida pelo Acordo Secular de Elites

Os moleques do futebol foram cooptados. Aceitemos apenas o espetáculo que promovem mundialmente, não apenas na Federação de Corporações.

De Neymar Jr, sei. Para seu pai, cago. O cara apanha o jogo inteiro, é quebrado, mas, culpado, estrela, não pode brincar o Carnaval.

Quem quiser ser bonzinho, andar na linha, dar declarações anódinas, agradar à crônica esportiva, que o faça. Certamente, ganharão loas dos ‘intelectuais’ da ESPN ou dos seus imitadores no SPORTV. Seus bordões: “São atletas, ganham fortunas, o comportamento fora de campo …”

Para mim, de Neymar Jr. só interessa o que fez na seleção brasileira, nos Peixe e Barcelona e, agora, no PSG. Quem não percebeu a sua mudança de estilo, não entende porra nenhuma do ludopédio.

Nossa sorte, como “fãs do esporte”, não estarmos entre as preocupações dos analistas e suas mesas-redondas, quadradas ou em forma de losango, embora muitos tontos continuem os acompanhando através de tuítes e zaps.

Analisam lances, quedas, táticas, arbitragens, como se estivessem dentro do campo, em camisetas, calções, chuteiras e apitos. Certezas olímpicas. Enxerga-se o que não vemos, mas aquela será a verdade. “Sim! Ele teve a intenção de se jogar. Não foi pênalti!”

Exceções existem, mas são poucas. No mais, apesar de se apresentarem críticos, acabam representado a continuidade da cartolagem, do mau futebol jogado em campo, e da covardia da política que nos condiciona à ignorância. Como? Visando técnicos e jogadores em seus hábitos e costumes, que deveriam ser libertários.

E Temer? Ora, Temer. Outra bobagem. #LulaLivre.

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

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