doce mais-valia
por Zê Carota
serviço, desço pra fumar, antes tomando um café numa barraquinha que vende lanche, vizinha a um carrinho de churros. acendo o cigarro, um erêzinho se aproxima:
– moço, me paga um churros?
– não – respondo
– ah, paga… você é rico [estou becado hoje] – insiste, com os ôião de jabuticaba me fitando.
– um não pago, pago dois.
– mas eu só aguento um – diz, honestamente borocoxô.
– então me dá um? – proponho.
– dou.
e pedimos nossos churros:
– com muuuuito chocolate! – pede ele pra moça.
– com muuuuito doce de leite – imploro eu.
pedi à moça pra entregar ambos ao erêzinho. pegou, me passou o meu:
– tó.
– brigado.
nos lambuzamos com a primeira mordida em nossos nano himalaias de recheio.
– tchau.
– tchau.
e assim, milionários em calorias, nos separamos, ambos com a certeza de termos feito muito mais do que um bom negócio.
* crônica extraída de “Dropz – crônicas pop-proletárias e tostões de amor” (Editora Penalux), livro de estreia de Z Carota > https://bit.ly/2ui50sg
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Crônica Maravilhosa!!!
Crônica Maravilhosa!!! Sensibilidade é tudo!