Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Dominó de Botequim, o retorno – Capítulo 7, por Rui Daher

Dominó de Botequim, o retorno – Capítulo 7

por Rui Daher

Leitores e leitoras, é costume do BRD responder a todos os comentários sobre nossos textos. Nem sempre o trabalho e as viagens permitem que eu faça isso no dia, ou mesmo no dia seguinte. Sempre que possível, no entanto, repasso os textos e, se encontro algum comentário não respondido, o faço mesmo que com atraso. Vamos ao dominó.

No último capítulo, uma cartinha de Luiz Melodia tentava me convencer serem verdades minhas alucinações e conversas com saudosos amigos e ídolos que já deixaram o planeta. A última perda, o Serafim.

Nele, dei a chave do livro que prenunciava continuidade tão mítica. Notem Fernando na reabertura:

“Companheiros e companheiras, anuncio oficialmente aberto o Botequim do Dominó. Sejam todos bem-vindos”.

E eu juro que vi e escrevi: “de todos os lugares, surgidos não sei de onde, pela fé do crucifixo cedido a leilão, da justiça dos pastéis de Zilá, do sensual rabo que Benê abanava, estavam lá Donga, João da Baiana, Pixinguinha, Garoto, Cartola e Dona Zica, Nélson Cavaquinho, Mário e Oswald, Dorival, Tom, Vinícius, Torquato Neto, Tarso de Castro, Maysa, Pagu, Elizete, Baden, enfim todos, todos e muitos mais, que fizeram o céu de domingo virar sertão, mar, botequim e dominó, por um mágico, fantástico e realista Doutor Fernando”.

Pode mais esotérico assim? Mitologia? Ou apenas túmulos em cemitérios? Grau alcoólico? Nos últimos dias, baixo. Nem mesmo o capacete de motociclista tem sido usado.

Agoniado, preciso falar com alguém. Penso em Nestor & Pestana. Seria em vão. Lembro que a eles emprestei o capacete para usarem em rodízio, conforme o estado etílico de cada um. Não os quero de cabeça rachada ou redução de neurônios. Vez ou outra, no Facebook, dão umas boas sacadas.

Melhor o Cyryllus, afinal foi quem mais me ajudou e, apesar do infausto, o joguei a escanteio.

Ligo.

– Alô. Estava esperando.

Essa porra de delação pelo celular, nem sempre premiada.

– Queria te pedir desculpa. Estive muito mal, desolado, você sabe o quanto relutei e me preparei para aquele domingo.

– Eu entendi. Nessas horas o silêncio tem que entrar por um ouvido e sair pelo outro. Nem que transporte algum cerume.

– Tá de bom humor. Isso vai me fazer bem.

– Rui, e dá para perder o bom humor no Brasil de hoje. Não falo daquele humor de coisas indo bem. Negócios crescendo, burras cheias, todo o povo empregado, ganhando, comendo melhor, o País respeitado lá fora, soberano, cobrando caro os seus tesouros. Não é disso que estou falando. É bom, mas leva à felicidade não ao bom humor.

– Sei lá, Cyryllus, do que você está falando. Estou recluso há duas semanas. Desde aquele domingo, nunca mais entrei na internet.

– Das folias, gandaias, galhofas, piadas prontas, madraçarias, vadiagens desabridas, risotas, escárnios e troças. Para o bom humor, para gargalhar, rir às pregas soltas, de que precisamos mais?

– Tá assim, é?

– Rui, muito mais. Você está perdendo. Te contaram como foi o dia de comemoração do campeonato pelos corintianos? É longo, mas só pra te dar uma dica, a programação começou assim: 8:00 horas, abertura das celas; 12:00 h, palestra com o goleiro Bruno e Adriano Imperador; 13:00 h, almoço, sem talheres, seguido de briga entre facções para a digestão, e recolhimento dos feridos; 18:00 h culto da Universal e recolhimento de dízimos na forma de drogas; 21:00 h fechamento das celas. Não é boa?

– Coisa de Bambi, Porco. Um Peixe nunca acharia graça nisso.

– É, vejo que você não está mesmo pra graça. Já sei. Fazendo média com os amigos Fernando e Désirée.

– Não, até achei engraçado, mas do jeito que estão tratando o povo essa vitória foi uma compensação.

– Ah, povo só existe em São Paulo. E se o meu Mengo ganhasse? Vou pegar mais leve. Agora com o Grêmio porto-alegrense (gostou?). Amigo sócio tem cadeira pra final de 21/11, Grêmio x Lanús. Sem saber, marcou seu casamento para esse dia. Cede o lugar. O casamento é na Matriz, o nome da noiva é Débora, tá tudo pago, e é só chegar e casar com ela.

– Boa, Cyryllus. Mas e na política, nada?

– Aí não! Pelo amor de Deus. E gargalhava a mais não parar. Precisaríamos de 10 horas no telefone. Citava nomes entrecortados por risos intermináveis.

– Dória … Huck … Dr. Rey … Bolsonaro … Joaquim Barbosa … Janaína … As gargalhadas cada vez mais longas.

Resolvi desligar. Não sem antes ouvir um balbuciar estrondoso, que eles, conforme a situação, podem ser:

– E o Levy Fidelix? 

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

2 Comentários

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  1. dominó…..

    b…é o c…. Sardinha, vai ter troco !!!  KKKKKK  Desta vez eu ia até passar, mas neste dominó não poderia deixar barato, ainda mais quando alguém blefa sem ter pedra na mão. A várzea da Marginal Tiête S/N.o foi vencedora, por que os gângsters num ato de desespero, estáo tentando juntar forças com os Lacaios. De nada adiantará. Cachorro morto. Mas importante para revelar a estrutura toda e lacaios: Kleber Leite, Andrés Sanchés, Ricardo Teixeira, J. Hawilla, João Havellange, Del Nero, Perrella, Marcelo Pinto, Zveiter, Schmidt… Politica, Estado Brasileiro, Judiciário, Polícia, Futebol. Tudo junto e misturado na bandidagem Tupiniquim. É muito fácil explicar o Brasil. ( e como alguns ganham títulos e estádios como esmola).  

  2. Máfia fhc esgoto a céu aberto desde 2002, antes era na moita….

    Sempre é bom conhecer, ou ter, alguem que sempre tem uma reserva, sabe-se lá daonde, para gargalhar e até zombar daquilos que nos faz chorar. O Cirilo é desses… aliás, esse pessoal das motócas são desse naipe aí do Cirilo… Compra uma motoca aí Rui! Começa com uma 125… pode confiar que é uma boa…

     

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