Frustrações
por Rui Daher
A mim, talvez, e a muitos outros, nada vem como esperamos. Elucubrações, de minha parte, vazias, esquecidas, como as li em Philip Roath, Paul Auster, Charles Bukovski, Galeano, Scorza, Borges.
Nenhum de língua portuguesa? Muitos. A começar com Fernando Pessoa, em Portugal, e Machado de Assis, no Brasil.
Mais modernos, contemporâneos, resenhados? Leio-os. Com poucas atenção e tesão.
Culpa deles? Jeito nenhum. Talvez, façam tão bem como os passados, mas em mundo que não os permita mais poesia, singularidade, escatologia, insinuante tesão, crime escabroso e menos comum para descrever a morte.
Quase anonimamente espero o mesmo. Do que escrevi nada sobrará. Paixões e traições familiares, Capitu, a fuga de Iracema, Bovary confessando o que a vida é, a bonitinha de Rodrigues, ordinária medrosa e confessa, ele beijando no asfalto, ou ela dando adoidada sobre um túmulo.
Mais? O italiano Alberto Moravia, em contos “Romildo” (Bertrand, 1990) da realidade que sinto hoje, destruindo amores e instituições familiares, sempre passageiros, “veleidades que naufragam numa inércia de contornos ridículos, identidade indefinível de um [nós] que brica de esconde-esconde com nossas próprias imagens”.
Algo mais, bolsonaristas, nossos condutores? Não garanto compreensão rápida, mas pelo que vejo seus músculos, vestes e olhares furibundos e convictos, tentem ler (não peçam ajuda a Weintraub, ele perde seu tempo à procura de marujos no Porto de Santos, já que detesta antropólogos, filósofos, sociólogos, com quem não quer perder dinheiro) “Democracia na América”, de Alexis de Tocqueville, (7ª edição, 1964, Companhia Editora Nacional).
Se não entenderem, problema não, engajem-se nas Forças Armadas de Donald Trump. Ele está louquinho para angariar carvão para sua guerra particular. Para expressão mais clara, assistam ao filme de Spike Lee, “Destacamento Blood”.
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