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Com correção
Tem um grande trauma com a música “Com Açúcar, Com Afeto”, mas por razões bastante pessoais.
O pessoal cansou de apregoar a gravação da música por Nara Leão. Mas o original foi da cantora Jane Moraes, no segundo LP de Chico Buarque, em 1967. Foi um estouro, e Jane se tornou imediatamente nossa musa, nas serenatas de São João da Boa Vista, onde eu cursava o Clássico e participava de festivais de música na região.
No ano seguinte, 1968, embora ainda secundarista, arrisquei algumas músicas no Festival Universitário da Tupi. Classifiquei duas e entrei em êxtase quando Fernando Faro direcionou uma das músicas para os Três Morais, conjunto vocal de Jane e dois irmãos que, por curto período, rivalizou-se com o MPB4 e Quarteto em Cy.
A música classificada seguia a moda das bandas, coretos e praças. Chamava-se “Valsinha”, ou algo semelhante, e contava a história de uma bandinha do interior
“Era uma bandinha despretensiosa / tão graciosa, em dias claros / em tons tão claros, despretensiosos / Que, com arte e graça, lá na praça / Cantava enamorada, seus sons de madeira e prata”. E aí, vinha o refrão em ritmo de dobrado: “Eu gosto da menina tão bonita / que vem todo domingo me escutar / seus olhos são noites de lua nova / ó menina tão formosa consigo quero casar”.
E fico impressionado de ainda lembrar de parte da letra.
Definido o vocal, peguei um ônibus e vim a São Paulo, para ensinar a música ao Trio. Na mesma ocasião, classifiquei um frevinho, o “Beijo Maroto”, interpretado lindamente pela dupla Célia-Celma, com arranjos de Élcio Álvares.
Ensaiei com As Gêmeas, como eram chamadas, mas não com os Três Morais, pois os dois irmãos estavam muito atarefados preparando sua declaração do imposto de renda.
No dia da apresentação, houve ensaio com orquestra. Como era do interior, a música ficou por último. E havia um erro na partitura do maestro Eduardo Conde, o arranjador. O Faro chamou Damiano Cozella e corremos a uma sala, para corrigir os erros.
Uma das novidades do festival era a presença dos compositores no palco. Para disfarçar a pouca idade, deixei crescer um buço, a título de bigode, mas que não enganou ninguém.
Na hora da apresentação, eu com meu bigode falsificado, os Três Moraes nos microfones… E só saia a parte de Jane. Quando entrava no coro, os dois irmãos sequer tinham ideia sobre a música. Ficou aquele vazio cercado de sons de violino.
Voltei para São João com o rabo entre as pernas.
Tempos depois, Os Três Moraes acabaram. Jane montou uma dupla com Herondi, cantando músicas tidas como brega. Nem sei se o Herondi era um dos irmãos. Peguei tanta birra que nào guardei o nome de nenhum deles.
Correção – Chico Buarque entra em contato para reafirmar que a versão original da música foi de Nara Leão, mesmo, em 1967. A gravação de Jane foi no mesmo ano, mas logo depois, no segundo LP de Chico.
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No português claro, “que sacanagem” com um jovem vindo do interior ansioso por mostrar a sua arte…. a birra está perdoada!
Gostava muito de suas serenatas, algumas das quais com meu próprio violão, emprestado. E de Penúltima: “não, não era pra partir, não era pra (…) e me deixar sozinho, com meu violão, e me deixar sozinho, com minha canção, sem paz”. Lembra-se?
Como podem, as atávicas musiquinhas de sucesso inexplicável: “A banda”, “A praça”, “Com açúcar com afeto”, entre as muitas da época ser mais interessantes para o “deleite” popular, do que “Farofa-fá”, ou “Severina Chic Chic”? Digo-o, talvez, pela inexpressividade dos intérpretes que, a meu ouvir, pouco fizeram para embeleza-las.
A propósito, sou Jane e Herondy, cafonas ou não. Amei o casal enquanto cantou junto. Dramatiquinho e emocionante fazia-nos sonhar com “uniões apaixonadas”.
Boa noite, Nassif. Segue link dos 3 Moraes, que estão na Wikipedia… https://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Três_Moraes. E a valsa de Guerra e Paz, com música do Leonardo Cohen, para você mostrar para a Eugênia… a cena mais linda do cinema… https://www.youtube.com/watch?v=-Otg5w4l8ZI
Há o video oficial dessa musica, no canal do próprio ‘Leonard’ Cohen, com melhor qualidade de áudio, mas o seu video é bom.
Luis…que tristeza eu saber disso agora…que voce ficou decepsionado conosco…e com certeza eu lhe falo…que todas as musicas que Os 3 Morais defenderam em festivais…foram ensaiadas e apresentadas com respeito ao compositor…porque meu irmao Sidney que tb era compositor era perfeccionista…
Alguma coisa deve ter acontecido com o arranjo…pq se os acordes nao se harmonizam com a vocalização…fica impossivel se cantar a parte vocal…
Meus irmaos Roberto e Sidney devem ter ficados tao frustados como voce…uma pena que nao houve uma explicação pra isso…
Mas agora publicamento eu peço minhas desculpas pelo ocorrido…
* sobre o Herondy e a musica brega…posso lhe dizer que a maioria das pessoas da MPB ditas de qualidade também me odiaram… mas eu precisei fazer dinheiro pra sustentar as nossas filhas..e a musica pop me dava mais condicoes de trabalho…principalmente na epoca politica wue estavamos vivendo…
* sobre o Com Acucar com Afeto…estive falando com o Manezinho Berenben que foi o produtor desse 2° album…e ele me contou que ninguem cogitou o nome de Nara Leao para participar…e a gravacao da Nara foi depois desse album…que tb lançou ” A Noite dos Mascarados e “Hoje o samba saiu”…Talvez o Chico nem se lembre tb que as musicas do lado A…As faixas foram colocadas contando uma historia…
Espero ter exclarecido alguma coisa pra vc e mais uma vez peco desculpas em.meu npme e nome de meus irmaos Sidney e Roberto
Bjus
Jane 3Morais
Nassif, blz ?
Foi um deleite ler essa matéria.
Cultura história informação e o prazer de ler a manifestação da Jane ! É o passaporte da alegria.
Mas para fechar com chave de ouro acho que só falta você responder sobre o último comentário da tia Jane: aquela história do imposto de renda etc Ela merece a tréplica. Grande abraço e obrigado pela matéria
Como é bom ouvir essas histórias! Uma versão, a outra, e, por fim saber que ganhamos um Senhor Jornalista !
A Jane , entenda o sentido de tornar público este episódio que o marcou tanto .
Lamento Nassif por não ter sido o compostior e músico que queria, mas o Brasil precisava de você como o melhor cronista do jornalismo barsileiro. Há males que vem para o bem!