Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Ninho do Urubu, por Rui Daher

Foi como queimar, matar e destruir, não apenas garotos, mas sonhos

Foi como queimar, matar e destruir, não apenas garotos, mas sonhos

Ninho do Urubu

por Rui Daher

Tantos são os humanos com aparência, trajes, instinto e hábitos de se alimentarem de carniça. Há aqueles que os acham benéficos. Para mim, isso não passa de imediatismo. Urubus ou abutres quando apenas aves até podem ser, mas os adjetivados destroem sistemas políticos, econômicos, sociais e culturais do planeta. 

Impedem a justiça na forma de aumentarem a extrema pobreza, no jeito de empestearem a natureza, de pôr em fuga migratória povos miseráveis, saídos de guerras em campo, mas produzidos em computadores de bundas sentadas em grandes escritórios metropolitanos, ou com cargos judiciários usados apenas para condenar homens e mulheres do bem.

Contra essas criações, precisaríamos ser como eles e virarmos seus primos carcarás, “pegar, matar e comer, para nunca morrer de fome”.

Mas, infelizmente, pouco se acerta os alvos. Bilhões de pessoas oram, pedem, e até agradecem a seus Seres Divinos Maravilhosos. E os alvos se repetem, portanto, como flamenguista admito, sem comiseração pelas demais tragédias, no Ninho do Urubu, não!” Foi como queimar, matar e destruir, não apenas garotos, mas sonhos.

Você aí, já presenciou um daqueles meninos brasileiros de canelas finas, bermuda e chinelos, dentro de um ônibus, mochilinha carcomida, lá dentro um par de chuteiras, um calção e uma camiseta rubro-negra, a mais bonita do Brasil, do time mais querido e popular dos torcedores em todo o país?

Sou Flamengo, minha nega não se chama Tereza. Como nasci e moro em São Paulo, aqui, na excelência histórica do Santos, de Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pepe, decidi-me entre o Jabaquara e a Portuguesa Santista, e fiquei Peixe. Mas o Mengo sempre me pareceu mais concatenado com meus ideais esquerdistas.

Arthur, 15 anos, se hoje vivo estivesse; Athila, 14, de Lagarto, SE; Bernardo, 15, goleiro; Christian, 15, goleiro; Gedson, 14, de Itarapé, SP; Rykelmo, 16, veio da amada Portuguesa Santista; Vitor Isaías, atacante de 15; Samuel, 15, de São João do Meriti, RJ; Pablo Henrique, 14, MG; Jorge Eduardo, 15, lateral-esquerdo em Além-Paraíba, MG.

Molecada, Darcy, Ariano, Melô e Dr, Walther, o Conselho Consultivo do “Dominó de Botequim”, já anunciam do céu, aprovada, a formação do sub-20, “Urubus do Céu Futebol Clube”. Mesmas cores e camisas.

Arrasem!

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

5 Comentários

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  1. Seu Rui,
    O Brasil virou um grande “ninho do urubu”, sinto lhe dizer.
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    1. Não considero-me falso moralista, sequer moralista pretendo ser. Não julgo por antecipação e nem rogo por cadeia para ninguém. Aliás, penso que cadeia é uma instituição medieval e que de há muito deveria ter sido abolida. Há outras formas mais sensatas e civilizadas de punir e coibir crimes.
      Dito isso há fatores que precisam ser esclarecidos e pessoas, sendo o caso, que precisam ser responsabilizadas.
      Há perguntas evidentes sem resposta. Por que o número de mortos é tão superior aos feridos? Isso pode indicar uma velocidade de propagação das chamas muita alta o que por sua vez pode indicar a presença de materiais de alta combustão empregados na estrutura ou armazenados no local. Teriam as pessoas sofrido intoxicação por fumaça ao ponto de impedir sua fuga do local? Isso seria possível pela presença de materiais cuja combustão produza fumaça altamente tóxica rápidamente e em grande volume. Teria alguma circunstância ou característica construtiva impedido a fuga? Seria possível se as saídas fossem inadequadas, estivessem bloqueadas ou tenham sido bloqueadas pelas próprias vítimas em pânico para acessá-las. Esse quadro poderia ter sido agravado por aberturas de ventilação insuficientes ou bloqueadas de alguma forma.
      São questões práticas e evidentes mas não vi referências a isso. O que vemos é uma tentativa canhestra de vitimizar o clube, colocando-o, na tragédia, ao par das vitimas. Sendo as vítimas, supostamente, pessoas humildes oriundas de famílias sem maiores recursos o desfecho será o óbvio esperado.
      A banalização da morte é o mote de nossa sociedade atual e, pensando bem, assumo minha parcela de culpa. Sequer deveria estar comentando essa matéria. Por falta de opção o recomendado era quedar-me mudo e não alimentar essa fogueira de veleidades. A indignação impede.
      Sinto como se estivesse preso a um ciclo contínuo e infindável alimentando a miséria humana.

      1. Sou torcedor do Flamengo, e tenho as mesmas dúvidas. Mas não sinto este clima de vitimização a que você se refere. Acho que é um problema complexo, de difícil e ampla responsabilização, muitos são os responsáveis e temos esta cultura brasileira de preservar certos elementos. Na minha modesta opinião os maiores responsáveis seriam aqueles que “criaram” aquelas instalações, pois mesmo provisórias, são claramente impróprias para uma hospedagem minimamente segura. Qualquer tentativa de tangenciar o problema é indecente, concordo.

  2. Bom dia Rui. Permita-me recomendar a leitura, extremamente interessante e didática, de uma tese de doutorado em história (UFF) que descobri por acaso na internet cujo título é: “Um Flamengo grande, um Brasil maior: O C. R. Flamengo e o imaginário político nacionalista popular (1933-1955).
    Trata-se de um trabalho acadêmico que explica como o clube se tornou o mais querido do Brasil, suas causas políticas, sociológicas e esportivas, e explica, pelo que apurei, esta polaridade radical das outras torcidas em relação ao clube e a estranha postura de toda a imprensa nacional, que simplesmente não consegue ser imparcial quando se trata de analisar ou noticiar qualquer assunto que envolva o clube. Abraço.
    Link: https://app.uff.br/riuff/handle/1/248

  3. ESTADO ABSOLUTISTA DITATORIAL FASCISTA ESQUERDOPATA
    Somos o resultado de um projeto vencedor. Resultado de Golpe Civil-Militar Caudilhista que implantou este Estado e suas Elites que perpetuam até hoje. Vitimização e Fatalismo são Políticas de Estado. Os Representantes do Povo, ao invés do próprio Povo diretamente e facultativamente, profetizando e prometendo uma nova condição social e política por todas estas décadas. Indústria da Pobreza e do Analfabetismo. Quem ordenou o Massacre do Carandiru? Exponenciais Representantes de OAB e USP. Não foram nem citados no Inquérito. Quem deu autorizações e alvarás para se incinerar 250 Jovens na Boate Kiss/RS? O Poder Público. Municipal, Estadual, Federal. Não foram citados nem no Inquérito. Isentados de qualquer responsabilidade, antes mesmo de um Processo. Corporativismo calhorda do Poder Público Judiciário. Quem deu alvarás e licenças para Mariana e Brumadinho? Quem deveria fiscalizar? Se não fiscalizou, quem deveria ter cobrado? Quem jurou Redemocracia e Liberdade, Eleições Diretas enquanto costurava a Parceria e Eleições Indiretas com o Líder do Regime Militar no Congresso? Tancredo Neves, o ‘penúltimo Dom Sebastião’, deixou o Neto Aécio Neves, para não nos iludirmos com o Governo que poderia ter produzido. Alguém crê que é fatalidade que esta tragédia tenha acontecido com um dos dois Lacaios do Monopólio Criminoso do Futebol? Alguém crê que estes 88 anos endeusando um Caudilho Assassino Fascista, produziria Democracia? Somos o resultado de uma Elite Esquerdopata vitoriosa. Não é mesmo Miguel Arraes? (P.S. CT DE COTIA/SPFC. O Brasil que todo Brasil, um dia pode ser. Não é coincidência, nem acaso, nem fatalidade. É Trabalho, Projeto, Seriedade, Visão, Mérito. A Soberania é um prédio construído com alicerces firmes fincados na rocha. Não continuemos dando desculpas as tragédias corriqueiras brasileiras. Sempre existiu outro caminho. É questão de escolha)

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