Os ratos que preferem ficar no navio que afunda
por Rui Daher
Ah, essa merda de ter que trabalhar ao invés de encontrar soluções para a Federação de Corporações, para o bom e não assim tão velho GGN, mas do corajoso e não assim tão velho jornalista mineiro, Luís Nassif, como fazem todos os bons brasileiros de boa índole e pouca cachaça.
Pois é, poucos, mas sóbrios e inteligentes leitores, durante esta semana precisam saber que fiquei jogando conversa fora, no interior de Minas, sobre a produção cafeeira.
Vixe, meus caros, vocês nem imaginam o mau humor. Clima complicado, dinheiro curto do BB, insumos caros, cooperativas (aquelas que o Roberto Rodrigues, interessadamente, expõe como solução, sabendo-as antros de corrupção).
Os produtores estão completamente loucos ou alienados. Não citaram uma vez, Temer e quadrilha, Moro, Rodrigo “Luluzinha” Maia. Apenas um deles me citou Gilmar, em seu uniforme invariavelmente preto e elegante, defendendo o Santos e, vá lá, Juncal, o Corinthians. Reconheço.
A florada veio complicada, ainda está em tempo, mas a chuva é que comanda. No Sul de Minas, fraquinha. No Triângulo, melhor, a irrigação salva.
Já denunciei o Luís aqui por sempre me indicar botecos e restaurantes que não existem mais. Talvez, queira me preservar. Não me incomodo. Taí um assunto em que sei me virar sozinho. Faço descobertas maravilhosas, como a farinha de mandioca temperada, o curau e a cachaça de uma birosca, “Empório Mineiro”, entre Muzambinho e Guaxupé.
Puta louco, eu. Nem iria escrever sobre isso, assim como o fiz para CartaCapital. Prometo, como sempre faço, replicar aqui o que ainda não “subiu” lá. Escrevi sobre a Farinata de Doriana Júnior.
Trabalhando duro, no entanto, demorei a enviar o texto e um monte de gente já abordou o assunto (mole, não?). Acabei me atrasando para enviar o texto, embora muitos assuntos não faltassem. Agora, muitos já escreveram, não com a verve deste seu servo literário.
Quando e se a CartaCapital publicar, reproduzo aqui para deleite de meus leitores. O que Zé Sérgio irá comentar? Terá experimentado a Farinata do Doriana? Considerará uma ideia feliz ou as minhas críticas como “esquerdopatas”?
Dito isso e aquilo, deixo uma pergunta para os infernais textos intelectuais do GGN, que negam que o Brasil “endireitou”, e fim de papo. Ou. nós, a esquerda, partiremos para uma revolução?
Diz-se que quando o barco está afundando os primeiros a quererem abandoná-los são os ratos. Por que, aqui, eles fazem questão de voltar ou permanecer? Vocês sabem quem são. Exterminem-nos.
A última ração, a última ratinha gostosa disponível, uma baleia salvadora, a esperança como última que morre?
Sei lá. Vejam aí.