Paulo Guedes não é o Posto Ipiranga
por Janderson Lacerda
Não acho justo julgar a intenção das pessoas. Mas, por mais bem intencionado que Jimmy Wales, fundador da Wikipédia, possa ser; alguém, realmente, acredita que o projeto de uma enciclopédia livre, escrita de maneira colaborativa poderia dar certo no Brasil?
A história da Wikipédia é bonita e na própria página da enciclopédia é possível lê-la, o projeto encontra-se sob administração da Fundação Wikimedia, uma organização sem fins lucrativos cuja missão é empoderar e engajar pessoas pelo mundo para coletar e desenvolver conteúdo educacional sob uma licença livre ou no domínio público. Em um mundo capitalista e, profundamente, desigual, nada poderia ser tão nobre do que produzir e compartilhar conteúdos de maneira gratuita para todos!
Sim, mas a vida não é justa, caro leitor! Aliás, o Word também não é! Nesse momento, sou obrigado a retornar para “avisá-lo” que a palavra empoderar não pode ser caracterizada como erro ortográfico. Empoderar ultrapassou os limites do neologismo e desfila na condição de verbo transitivo e pronominal, além de constar nos dicionários de Língua Portuguesa. Feito o desabafo, voltemos à Wikipédia: será que Jimmy Wales não desconfiou da capacidade que os seres humanos têm em mentir? Seria Wales ingênuo a ponto de pensar que a enciclopédia não seria “vítima” de plágios e fake news? Como escrevi, não irei julgá-lo! E justiça seja feita, diferentemente de outras plataformas e empresas, a Wikipédia tem ações para combater as notícias falsas.
Diante disso, o problema não é, propriamente, a Enciclopédia Livre, mas o uso que alguns fazem da ferramenta. Veja a situação do Brasil, por exemplo: país da “mamadeira de piroca”, do “ozônio no fiofó” como tratamento para covid, “pênis na porta da Fiocruz”. Ou seja, o problema não pode ser atribuído à Wikipédia. Só Freud seria capaz de explicar a falência (de falo) da sociedade brasileira!
O país da cloroquina, ivermectina e de Paulo Guedes não pode inspirar confiança em nada. Muito menos em compartilhar conteúdos educacionais. A propósito, a mentira aqui é tão recorrente que até os currículos dos ministros do Capitão Presidente são adulterados. Ou alguém se esqueceu do ex-ministro da Educação Carlos Alberto Decotelli da Silva? Que mentiu a respeito da própria formação acadêmica e teve que deixar o cargo após cinco dias.
Voltando a Paulo Guedes, o ministro da economia foi anunciado como oráculo do saber, um verdadeiro Posto Ipiranga, capaz de emitir qualquer resposta. Contudo, o que percebemos hoje é que Guedes não passa de uma página da Wikipédia escrita por Carluxo Bolsonaro.
Desculpe-me, Jimmy Wales, mas a vida, especialmente, no Brasil não é justa!
Este artigo não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN
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