Rocinha e Itaquera
por Rui Daher
Crônica sim, queridos, como na maioria das vezes neste desprestigiado blog inserido, porém, no melhor e mais combativo e honesto “Jornal de todos os Brasis”, o GGN.
A luta deve sempre continuar. Vez ou outra, o povo unido não é vencido.
Não, não. Não falo de nós aqui do topo da pirâmide, mas sim os lá da base que a cada dia bolsonarista mais se alarga.
Foi então que os do Vidigal, Alemão, Rocinha, Santa Marta, enfim, a “Flavela”, na final do Brasileirão de futebol, se juntaram aos Querosene, Paraisópolis, Heliópolis, Itapevi, outras periferias de uma cidade, São Paulo, que parece rica, mas em miséria extrema ainda está à frente do Rio de Janeiro.
Erro nas estatísticas? Que seja. No balneário, entretanto, é possível se iludir com belezas inigualáveis e inebriar-se quando os sambas descem do morro e invocam Cartola, Cavaquinho, Sargento, Elton Medeiros, Paulinho da Viola, centenas mais.
Além disso, a nós, paulistanos, falta a história de ter sido a antiga capital da monarquia à república e até Brasília, o que nos impediu conquistar beleza, espírito, criatividade que só mar e areia trazem.
Salve Jobim, Vinícius, Carlos Lyra, Melodia, Beth Carvalho, Pagodinho.
Foi assim que, paulistano, tornei-me flamenguista, ainda na infância.
Na quinta-feira passada, 25 de fevereiro, o clube de maior torcida no futebol brasileiro, entre tantas vezes de seu passado de glória, tornou-se bicampeão do torneio promovido pela famigerada Confederação Brasileira de Futebol.
Partiu de seus próprios méritos. Mesmo os adversários, que deplorarão este texto apaixonado, reconhecerão a qualidade de seu elenco de jogadores, muitos, como é nossa sina, prontos a virarem soja de exportação.
Mas como negar sucesso, denodo e habilidade dos meninos que sempre chegam à Gávea, depois de enfrentarem dificuldades, chuteiras nos pescoços, conduções lotadas, para a peneira do clube?
Claro que não falo apenas do Rio de Janeiro. Brasil maior, em outros rincões e clubes acontece o mesmo. Assim é em país de vocações primárias.
Atenção: no caso do incêndio no “Ninho do Urubu”, quem vier me detratar com isso considere-se na mira do assassino serial, Harmônica. Ou, pior, nas minhas desconsiderações e PQP.
Quando esses guris chegam aos centros de treinamento (CT) começam ilusões e decepções. Uns desistem, outros chegam ao tráfico, muitos pensam continuar tentando.
São inícios de etapas inseguras ou voltas definitivas para a pobreza, fim da esperança de serem Romário político, Neymar rico deslumbrado, ogro Felipe Melo, ou Ceni treinador correto demais para o meu gosto, mas a quem agradeço a temporada.
Os últimos citados estão muito abaixo dos iluminados cidadãos libertários Casagrande, Reinaldo, Afonsinho, Vladimir, o saudoso Dr. Sócrates.
Certo é que foi o que realmente aconteceu. O Flamengo, para mim bisonhamente, perdeu por 2 a 1 do São Paulo, no Morumbi. Tremeram.
Como vivemos em país surpreendente, a Flanática e Jorge Benjor foram salvos pelo Corinthians, o Timão, que empatou, em Porto Alegre, com o vermelho Internacional, clube também popular e que se reveza em lideranças com o elitista Grêmio. O sempre “dejà vu” gaúcho.
Foram momentos falsos de comemoração, inclusive para mim, isolado em hotel de Sorocaba, SP, a trabalho, o jogo acompanhado do quarto cercado por quatro loiras … cervejas.
O País está em colapso total, sanitário, econômico, político e social.
Enquanto o Flamengo comemora o bicampeonato, o país confirma novo recorde de mortes por Covid-19. Quantos de nós resistiremos à pandemia letal, negada por governo federal desastrado, confuso, negacionista e mentiroso?
Por que, afinal, Bolsonaro, por insanidade ainda não foi destituído, seja por negacionismo, junto ao mentiroso logístico general Pazuello, o hilário, continuam ativos em dizimar vidas?
Depois de um ano, tardiamente reconhecida a pandemia, hoje, enquanto flamenguistas comemoram o bicampeonato, temos apenas 3% da população vacinada?
Respondam, bolsonaristas de merda que rebolam bundas em busca de comprar arminhas.
Harmônica conhece todos os passos de vocês. Apenas espera o meu sinal. Bastaria minha ordem. Senha irônica pelas inúmeras e seculares invasões imperialistas norte-americanas: Go, Go, Go!
Inté.
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