Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Sob Pressão, por Rui Daher

Desde a estreia, autoria, texto, roteiro e direção foram compartilhados por profissionais competentes escalados pelos produtores. A boa escolha se estendeu ao bom elenco.

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Sob Pressão, por Rui Daher

A série de televisão, “Sob Pressão”, coproduzida pela Conspiração Filmes e TV Globo, e por esta exibida desde 2017, chega à sua quarta temporada.

A narrativa central retrata drama médico-hospitalar em cenário da baixa efetividade do aparelho público de saúde nos subúrbios da Zona Norte do Rio de Janeiro e, por extensão do Brasil.

Quando positivos, os resultados são creditados aos hercúleos esforços humanistas e conhecimentos técnico-científicos de profissionais de saúde dedicados, principalmente o cirurgião-chefe Dr. Evandro (Júlio Andrade) e a cirurgiã vascular Dra. Carolina (Marjorie Estiano).

Desde a estreia, autoria, texto, roteiro e direção foram compartilhados por profissionais competentes escalados pelos produtores. A boa escolha se estendeu ao bom elenco.

As três primeiras temporadas foram recebidas com sucesso de audiência e crítica. Ressaltava-se a união profissional e afetiva entre os médicos Evandro e Carolina, em seus defeitos e virtudes pregressos, e a autopsiar as ações pública e privada dos sistemas sanitários brasileiros.

O programa não deixou passar a oportunidade de registrar dois capítulos especiais (“plantões”) abordando o surgimento da Covid-19, seus hospitais de campanha e a infecção do médico Evandro. Nenhuma menção aos aspectos de desgoverno, atrasos e desdéns negacionistas. Uma dívida deixada pelos autores.

A literatura lusófona é uma das mais ricas do planeta. Seja pela língua, seus escritores e fatos históricos. Tal excelência pode ser verificada através dos séculos. Juntam-se aí a cultura milenar processada na beirada da península ibérica e o frescor das ideias e contendas nas colônias conquistadas e seus posteriores desenvolvimentos, principalmente, na “compra” de seus folclores e diversidades em recursos naturais e riqueza de percalços.

Chegou às telas da TV Globo, em agosto deste ano, a quarta temporada de “Sob Pressão”, coincidentemente a exata situação em que se encontra a Federação de Corporações. É difícil não reconhecer similaridades funestas entre os dramas apresentados na série e aqueles que os sucessivos governos brasileiros oferecem às camadas sociais abaixo do topo da pirâmide.

Da quarta temporada, cinco episódios já foram apresentados. Para quem assistiu aos anteriores, o atual pode parecer um “mais do mesmo”.

Só que não.

Enquanto nos três primeiros poucas vezes a trama saía dos limites de doenças graves, acidentes reais levados à ficção, conflitos internos do corpo médico, injunções políticas e de corrupção. Raras vezes as mazelas sociais brasileiras causadas pela desigualdade cidadã tangenciaram o argumento do drama.

Não mais. Admitidas certas imperfeições na fluidez de alguns roteiros, a nova temporada escapa do “cercadinho” (opa) dos dramas in corpore,das impessoalidades sangrentas e realidades cirúrgicas (tanto fazia quem ali fosse ser costurado).

Histórias e roteiros passaram a incorporar ao cenário anterior: paixões tinder-adolescentes, idoso e transexual, mãe solteira acovardada com a missão.

A ralé que enfrenta os aparelhos públicos patrocinados pelo Acordo Secular de Elites foi admitida no elenco de “Sob Pressão”. Que sirva para sustentar a qualidade do melhor seriado da televisão brasileira.     

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

2 Comentários

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  1. Gratidão ou convivência? Muito tempo ao lado de jaleco branco? Saúde sempre !!! Quanto ao Seriado. Muito bom. Grande obra brasileira da TV. Não consegue chegar ao cerne da Bandidolatria a partir do Projeto Ditatorial da Cleptocracia a partir de 1930. O surgimento do SUS, o fim das Santas Casas. O Brasil nasceu nas Santas Casas, destruídas pelo Arbítrio Fascista destes 91 anos. Entendemos o porque não mostra que a Corrupção é o Projeto de Poder nestas 9 décadas. Como fazê-lo, com a Indústria da Censura que cede a licença de funcionamento das redes de TV?! Já na Internet….. (abs)

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