Sobre Natalie Cole e Gilberto Mendes

Dois grandes músicos morrendo no mesmo dia. Tenho alguns “causos” sobre eles.

Já toquei para Natalie Cole. Mas só soube muitos anos depois. No início dos anos 90, toda quarta-feira eu ia ao Batidas e Petiscos, do Hotel Maksoud, tocar com o pessoal do choro e provar as batidas do maître, seu Luigi, figura lendária que, antes dos coquetéis, tinha sido contrabaixista de alguns conjuntos internacionais, como do argentino Lalo Schifrin e dos irmãos Peres.

Certa noite apareceu uma turista norte-americana, negra, alta, e ficou a noite inteira nos ouvindo. Muitos anos depois, encontrei outra testemunha daquela noite, que me revelou a identidade da musa, Natalie Cole.

Quanto a Gilberto Mendes, tive uma relação musical longa. No início da minha carreira jornalística cobria a área de Música. E, como tal, tornei-me habitual do Festival Arte Nova que ele conduzia todo ano em Santos.

Gilberto fazia parte de uma geração de músicos que transitava pela música concreta, como Willy Correa de Oliveira, Damiano Cozella e Rogério Duprat, todos maestros excepcionais que influenciaram o tropicalismo e a música coral brasileira.

Mas no campo específico da música experimental, o cara era Gilberto Mendes e sua “Babe Beba Coca Cola”, uma maravilha de solução criativa para uma peça coral.

Escrevi várias vezes sobre ele. Voltamos a nos encontrar poucos anos atrás. Um fã decidiu levantar sua biografia e localizou uma parente, francesa, em Poços de Caldas.

Levou algum tempo para localizá-la em minhas lembranças. Era uma senhora viúva, que vivia de rendas. Tinha uma filha única que, na minha primeira comunhão, foi minha parceira. Não sei porque, cargas dágua, a irmã Terezinha cismou que um casal deveria ficar na frente, recebendo a comunhão e representando os demais. E lá fui eu com a francesinha, dando vexames. No primeiro ensaio a hóstia engastalhou no céu da boca me obrigando a tirar com as mãos. Sorte minha é que ainda não tinha sido benzida.

Durante muito tempo vi aquela velhinha francesa entrando na farmácia do papai e ele dando dinheiro para ela. Como seu Oscar era uma pessoa profundamente generosa, sempre julguei que ele amparava a viúva de algum amigo querido.

Muito tempo depois caiu a ficha que era pagamento de empréstimo. A tia do Gilberto vivia de rendas.

Em Santos, encontrei o maestro inteiro, vivo, espirituoso.  Recordamos os tempos dos anos 70, as incursões dos maestros na música experimental e no tropicalismo. E fiquei de descer outras vezes para Santos.

E do facebook de Carlos de Moura Ribeiro Mendes

 

 

(function(d, s, id) { var js, fjs = d.getElementsByTagName(s)[0]; if (d.getElementById(id)) return; js = d.createElement(s); js.id = id; js.src = “//connect.facebook.net/pt_BR/sdk.js#xfbml=1&version=v2.3”; fjs.parentNode.insertBefore(js, fjs);}(document, ‘script’, ‘facebook-jssdk’));

GILBERTO MENDES a caminho do Festival Música Nova Gilberto Mendes em Ribeirão Preto, em 2013.

Posted by Carlos De Moura Ribeiro Mendes on Segunda, 4 de janeiro de 2016

 

 

Luis Nassif

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador