Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Um novo livro? Será?, por Rui Daher


Foto: Divulgação

Por Rui Daher

Um novo livro? Será?

Estamos próximos do horário de verão em Sorocaba, São Paulo. Acompanhado de blues etílicos, no sentido de tristeza e não musical, no bar hotel, acabo de assistir ao Palmeiras perder do argentino Boca Juniors.

Subo ao apartamento, a lida amanhã começa cedo. Aqui, impossível não remeter à materialidade de Felipe “Coiso” Melo e ao espírito de Diego “Che” Maradona, que jamais perderá sua ternura e a minha.

Anteontem, Grêmio e River Plate, e ontem Palmeiras e Boca, foram a vitória de um País sobre um país, acovardado este, que vive cedendo à luta, embora não seja isso que seu hino pensa evocar.

Escolho o primeiro dia deste mês de novembro de 2018 para começar a escrever e organizar as ideias para o meu segundo livro. Desta vez, puramente agrário, vistas assim do alto como imaginou Paulinho da Viola e com a lupa do que percebo em minhas andanças aéreas e em estradas asfaltadas e de chão batido, quando me transvisto em jeans, camisetas, bonés e cansadas botinas.

Fora de ler livros e escrever é do que mais gosto, razão porque faço isso, desde 1975. Ouvi mais, falei menos, mas aprendi.

Já pensei em vários títulos para o livro. Nenhum ainda me agradou. Se o primeiro, “Dominó de Botequim”, publiquei de forma independente, sem editora, e quebrei a cara, desta vez farei diferente, se algum editor me aceitar.

Esgotei, praticamente, toda a primeira edição (600 exemplares). Mas foi duro e desanimador. Aliás, visito as livrarias e me espanto tal a quantidade de livros publicados. Quem compra? Quanto? Que raios de pessoas ainda deixam o conforto das ferramentas para frases curtas da Mark Zuckerberg Corporation para ler livros? Sei lá, talvez eu um tonto com mais de cinco mil volumes em casa sem saber o que fazer deles, principalmente vivendo em finitude.

Apesar de contar com quase oito mil textos publicados em impressas e digitais sobre o assunto, escritos entre 2005 e hoje, não farei do livro uma compilação ou seleção do já escrito e que penso ser o melhor do que já publiquei.

Farei forte aggiornamento, para que possam melhor entender o que são agropecuária e agronegócio brasileiros, a envolver extensas plantações de grãos, cana-de-açúcar, exportações de commodities, mas também as vicissitudes de quem trabalha no campo, caboclos, campesinos, indígenas, quilombolas e sertanejos, nessa faina diária, em extinção pelo que dizem os profetas do agro 5.0, e que ainda se submetem sem qualquer apoio de uma quadrilha imbecil que, depois de ter apequenado o ministério do Desenvolvimento Agrário, agora discute fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, para total gargalhar do Planeta.

Tudo troca de favores escandalosa, aceita com seus votos, pois não aceitarei a lamúria, que logo virá, sobre o destino que vocês escolheram para a Federação de Corporações, em anos vindouros.   

O anúncio está feito. Se será cumprido, não sei. Ainda trabalho muito para manter a sobrevivência de uma empresa que pertence a duas famílias. A minha e a de grande e batalhadora amiga. Assim foi, depois de, há vinte anos, ter sido traído por um capitalismo selvagem e privatista, patrões despreparados, e que percorrerá vários capítulos do livro, nomes dados aos bois (não, não é ameaça, mas fatos de um microcosmo empresarial podre e despreparado), a que por lealdade e responsabilidade com a minha posição, fez-me perder patrimônio conquistado com salários e carreira meritocrática, fornecida pela boa vida que me deram os pais, mas comprometida até hoje.

Hoje em dia, luto e renasço e tenho muitos a agradecer pelo constante apoio. Todos estarão no livro “Agricultura sem nome”, como foi certo bar, na Rua Doutor Villa Nova, quase esquina com a Rua Maria Antônia, onde “botei o meu bloco na rua e não morri de medo quando o pau quebrou”.

Obrigado Sérgio Sampaio (1947-1994).

https://www.youtube.com/watch?v=rsiAN__ii7E]

[video:https://www.youtube.com/watch?v=T-t-wLa7XHQ

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

3 Comentários

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  1. Demos bobeira…

    Sempre comprei livros para mim ou como presente como forma de apoiar não apenas as editoras, mas prinicpalmente escritores. Pelo entrevisto, seu livro, Rui, tem tudo para preencher uma lacuna nas relações entre o mundo rural e as coorporações, não deixe de escrevê-lo e, talvez o mais duro, edita-lo. Resistir, mais que um bordão, é preciso. 

  2. órdi unida

    “a lamúria, que logo virá”

    Vai ser duro ter que suportar os versos da manada global.

    No dia em que o pau brasil quebrar eles só terão uma cantilena:

    -“É. Mais nóis num tinha opção!”

  3. O CONHECIMENTO É LIBERTADOR

    Caro sr., ando por sítios e fazendas e me deparo com bibliotecas construídas ao longo de décadas e vidas, que são vendidas juntamente com a propriedade. Geralmente fogueira na limpeza do novo dono. Como não são doadas à outras Bobliotecas? Como Escolas não tem gigantescas bibliotecas? Como Empresários e Empresas cuja Vida foram as Letras, não deixam como legado Bibliotecas Públicas? Como a Folha de SP não tem uma? Ou Estadão? Ou Abril? Ou GGN? Ou CC? Como é possível levar para o túmulo 80, 90. 100 anos de Conhecimentos, sem deixar para Gerações Futuras que o Mundo dá voltas mas retorna sempre ao mesmo lugar. Mesmo que seja impossível se banhar duas vezes no mesmo rio. Nosso novo Protagonista é de Eldorado / SP – Vale do Ribeira. A região mais pobre do estado de SP. Miséria comparável à nordestina. Mas o interesse é que na Preservação Ambiental é um espetáculo. Brasileiros desta região? Detalhe. São uns tais que devastam nosso Meio Ambiente da Nossa Humanidade. Região de Agricultura Familiar rodeada por centenas de Quilombos. Ambientalistas de Shopping Center ‘loiros de olhos azuis’ fecharam a Caverna do Diabo, atração turistica e uma das poucas fontes de renda e trabalho para a região. Proibiram a extração, plantio e comercialização de Palmito. Anos depois permitiram a produção de Palmito de origem amazônica; Ou seja planta invasora introduzida na Mata Atlântica. Coisa de Gênios. Tentaram acabar com as Plantações de Banana. Maior produtor nacional desta fruta. Protelaram a duplicação da Rodovia BR 116 por décadas. Para a Preservação Ambiental da Região. O que importava ser a Rodovia mais perigosa e mais mortífera do país? Mas algum dia foram perguntar o que pensavam as Pessoas que nasceram nesta Região? A maciça maioria pobres, pretos, quilombolas, agricultores familiares (cujos filhos para estudarem ou terem uma profissão são obrigados a migrar para Curitiba, Sorocaba ou São Paulo). Tomara que este novo livro seja editado. O conhecimento é libertador. Boa sorte.    

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