A derrubada de barracas em Salvador

Nassif,

Eu considero (tá na moda começar assim…) de extrema importância essa ação do MPF para devolver as areias das praias aos banhistas, pois estão atacando indistintamente todos os “tipos” de barraca. Aqui em Salvador, várias estavam nas mãos de estrangeiros, que privatizavam o espaço da União e expulsavam os banhistas que se recusavam a ser extorquidos.

De A Tarde

Prefeitura inicia demolição de barracas e clima fica tenso na orla

A TARDE On Line

O clima é tenso na orla de Salvador, na manhã desta segunda-feira, 23, quando acontece a demolição das barracas de praia na região do Flamengo até Stella Maris. Vários equipamentos já foram destruídos, entre eles a Barraca do Lôro e, ao todo, nove estruturas deverão ser demolidas por funcionários da Sucom (Superintendência de Uso e Ordenamento do Solo do Município). Policiais federais se encontram na área para garantir que o serviço seja realizado.

Inconformados com a situação, barraqueiros de outras praias bloquearam a avenida Otávio Mangabeira na altura da barraca Caranguejo e Cia, o que deixou o trânsito lento nos sentidos Itapuã e Centro. A polícia fechou a pista em frente à Cabana da Celi e os motoristas precisaram desviar pela via interna, o que causou acúmulo de veículos em ambos os sentidos. Logo no começo da manhã, os manifestantes queimaram palha e pneus e depois montaram uma barricada com pedaços de mesas, cadeira e vidro. Após negociações, metade da pista foi liberada por volta de 10h20.

AosgAos gritos de “Queremos solução”, os barraqueiros se antecipam à ação da prefeitura, pois não há no local tratores da Sucom nem policiais federais. Segundo um policial militar que está na área e não quis se identificar, não há ordens de serviço determinando a demolição das barracas na praia de Patamares hoje.

O dono da Cabana do Juquinha, Jaime Silva, 62 anos de idade e 34 trabalhando como barraqueiro, disse que está disposto a tomar medidas extremas. Com um coquetel molotov (garrafa com gasolina e óleo diesel) na mão, ameaça colocar fogo na própria barraca.

“Estou disposto a morrer. Que se construa primeiro uma alternativa em vez de derruba. Essa barraca é meu único meio de sobrevivência. Não tenho mais saúde para ficar atrás de uma caixa de isopor”. disse, desesperado. Os barraqueiros passaram a noite no local em vigília e pretendem continuar na área durante a semana toda.

Derrubada – A demolição dos equipamentos começou pela região da praia do Flamengo, nesta manhã. Os donos das barracas que foram demolidas na região do Flamengo não ofereceram resistência, mas não faltaram reclamações. O proprietário da barraca Veleiro, Massimo Pastucci, disse que a demolição do equipamento representa prejuízo de R$ 700 mil.

“Eu estou a 47 metros do mar, o que significa que estaria infringindo a lei em apenas 3 metros. Isso é um absurdo, uma ditadura. Foi a própria prefeitura que construiu isso. Antes, podia ficar, agora não pode mais?”.

Emocionados, muitos funcionários dos equipamentos acompanharam a demolição na praia do Flamengo. É o caso de Edcarlos dos Santos Mendes, que trabalhava como estoquista na barraca Marguerita. Com lágrimas nos olhos, ele disse que não sabe o que fazer da vida agora que está desempregado. “Isso não deveria ter sido feito desta forma”, disse.

A proprietária da barraca do Lôro, na Praia do Flamengo, Rosana Santiago, reclama da falta de mandado para derrubar as estruturas. “Parece cena de guerra com tantos policiais aqui, mas eles não têm nenhuma petição da Sucom ou da União autorizando a demolição”.

Ipitanga – Os barraqueiros da praia de Ipitanga também protestaram queimando objetos na área. A prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, esteve no local para apoiar os comerciantes e disse que negociou com os agentes da Polícia Federal para não derrubarem os equipamentos porque a área, embora pertença à Salvador por lei, administrativamente é ligada à Lauro.

A administradora do município disse ainda que entrou em contato com o governador do estado, Jaques Wagner, para que ele interceda na situação em favor dos barraqueiros. Segundo Moema, ficou acertado que os agentes da PF voltariam ao local nesta terça-feira, 24, quando ela pretende negociar novamente.

Ela disse ainda que, caso as barracas sejam mesmo demolidas, existe um plano da prefeitura para dar suporte aos comerciantes. Moema não quis dar detalhes sobre a proposta. “Se o prefeito de Salvador não se importa com os seus barraqueiros, eu me importo com os meus”, alfinetou.

Derrubada – A Justiça já havia autorizado a derrubada das estruturas, mas não tinha definido o cronograma de início dos serviços. Na tentativa de chegar a um acordo, os barraqueiros ocuparam a Câmara de Vereadores na semana passada. Em maio deste ano, 98 barracas foram demolidas. Ao todo, 352 equipamentos devem ser destruídos.  

Luis Nassif

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