A diferença entre uma língua e um dialeto

Por Anarquista Lúcida

Comentário do post “‘O’ CPLP, por Vasco Graça Moura

O hebreu nao foi “preservado”. O hebreu foi ressuscitado… Era uma língua morta, e passou a ser adotado como língua de Israel (como se alguém quisesse voltar a usar o Latim, e se baseasse no Latim Clássico para essa ressurreiçao). Mas já deve ter começado a variar. Língua é algo vivo

O galego nunca vai virar dialeto do espanhol, é uma outra língua. A considerá-lo dialeto de alguma outra  língua, seria do português, já que ambas as línguas descendem da mesma língua antiga, o galaico-português. Muitos galegos reivindicam isso, mas é uma bobagem tb, as duas línguas já se diferenciaram muito. O que ele tem é estatuto de língua inferior, aí sim por motivos políticos. É como o bretao na França, ou o sardo na Itália. Nao sao dialetos do francês e do italiano, o bretao inclusive nem língua latina é, é céltica. Mas tem estatuto sociolinguístico semelhante ao de um “patois”, linguajar usado apenas nas famílias e amigos íntimos, geralmente por falantes mais velhos, menos escolarizados, etc  No caso do galego a coisa nao é tao séria porque apesar de tudo a Galícia tem uma autonomia relativa (pelo menos a Catalunha tem), e a língua é usada na universidade local (novamente, isso eu presumo; sei que é assim na Catalunha).   

Weinrich, um linguista, dizia (e Chomsky repetiu) que a diferença entre uma língua e um dialeto é que uma língua tem um exército, uma marinha e uma aeronáutica (ou seja, é reconhecida por um Estado: uma questao política). Mais importante que isso, eu diria, é que uma língua tem uma Associaçao Xesa de Letras, um Vocabulário Oficial, etc, ou seja, novamente instituiçoes de estado(s). Agora tudo isso só é verdadeiro até certo ponto, há fatores linguísticos que nao podem deixar de ser levados em conta. Napoleao já proibiu o uso do corsa, do bretao, etc., na França; com isso ele conseguiu diminuir o número de falantes, relegar essas línguas a um segundo plano que acabou fazendo com que elas virassem “patois”. Mas nenhum decreto do mundo tranformaria o bretao num dialeto do francês… Isso é impossível. 

Luis Nassif

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