Letícia Sallorenzo
Letícia Sallorenzo é Mestra (2018) e doutoranda (2024) em Linguística pela Universidade de Brasília. Estuda e analisa processos cognitivos e discursivos de manipulação, o que inclui processos de disseminação de fake news.
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A matemática da manipulação, por Madrasta do Texto Ruim

 
A matemática da manipulação
 
por Madrasta do Texto Ruim
 
Gabi Costa Leite tava lá no post das responsabilidades mocozadas (no meu Facebook) apontando a “diferença” de tratamento quando o atacado é José Serra. Eu comecei a explicar pra ela que isso não é diferença, é coerência. e aqui vou acabar a explicação.

Vamos pensar na sintaxe do verbo atacar (ou agredir). Seus neuronho tudo sempre vão entender a sintaxe do verbo atacar a partir da fórmula

– A ataca B

Ain, fórmula pra explicar português? Sim, pequeno Padawan. A gente processa tudo em fórmulas, frames, metáforas…

Vamos pensar sobre A e B nessa fórmula. A matemática sempre nos mostra que A e B têm seus valores variados, de acordo com a equação (e, em muitos casos, o valor de A e B nunca é o valor que o professor encontra, mas deixemos esses traumas pra lá).
A é quem ataca; B é quem é atacado. Nessa fórmula, a gente entende direitinho o papel semântico de cada um. A gente saca quem fez a coisa e quem sofreu com o feito.

Tanto é que, se agente diz que A ataca B, a gente pode dizer também

– B foi atacado por A

A sintaxe varia, mas a mensagem semântica permanece. Sabemos diferenciar o atacante do atacado.

Então, como eu disse no post das responsabilidades mocozadas, o sujeito que aciona o verbo atacar é sempre o PT ou qualquer variação sobre ele (Lula, Dilma, membros do PT, militantes do PT, campanha do PT, propaganda do PT, espirro do PT etc.)

Dezoito anos (por baixo) de manchetes onde o sujeito PT aciona o verbo atacar nos lembra o adágio “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. a gente acaba alterando a fórmula do verbo atacar para:

– O PT ataca. 

O nome disso é antipassiva. Significa que a frase não vai pra voz passiva. é oração intransitiva. Lembra daquele comercial de inseticida? 

Baygon mata.

A lógica é a mesma. não importa quem ou o quê. O que importa é que o sujeito não deve ser mais dissociado do verbo. aqui nesse slogan, o ato de matar deve ser associado ao sujeito Baygon, já que Baygon é inseticida e sua função é, vejam vocês, matar insetos.

Mas o que dizer de “O PT ataca” ?

O ato de atacar não deve mais ser dissociado do sujeito PT.

Considerando que o verbo atacar é um verbo de ímpeto, instinto, pouco associado ao racional (o cachorro ataca o gato), teremos sempre um PT irracional, inconsequente, incapaz de pensar. Lembre-se: o PT não faz críticas, só ataques.
 

O resultado desse trabalho ideológico é a imagem que ilustra este artigo.
 
Letícia Sallorenzo

Letícia Sallorenzo é Mestra (2018) e doutoranda (2024) em Linguística pela Universidade de Brasília. Estuda e analisa processos cognitivos e discursivos de manipulação, o que inclui processos de disseminação de fake news.

3 Comentários

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  1. No Brasil o trabalhador é de direita!

    O que chama atenção é que: dos donos dos meios de comunicação;  essas sete familias, não se espera muito mais do que esse jornalismo ai mesmo. Mas e o trabalhador dentro desses meios de comunicação? Espera ai. Ele não acha que a situação do Pais esta pior que antes? Que estamos vivendo, o quê mesmo, Ayres Brito? “Uma pausa democratica”? Enfim, se não adianta muito um so reporter se rebelar, adianta a maioria dos jornalistas dizer basta! Queremos um jornalismo de qualidade e plural. Porque não é apenas o veiculo que perde credibilidade, a profissão também. Mas até nisso, no Brasil, a imprensa de cima até embaixo é de direita.

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