A morte de Samuel Huntigton

Por Renério de Castro Júnior

LN,

Dia 24 de dezembro faleceu Samuel P. Huntington, autor da famosa e controvertida tese do “choque de civilizações”.

Bem que poderíamos iniciar um discussão acerca de suas teses e, principalmente, suas implicações e conseqüências na politica externa norte-americana.

Por Danilo Morais

A tese etnocêntrica do “choque de civilizações” ganhou grande notoriedade, segundo entendo, por se integrar ao esforço interpretativo do projeto político dominante (neo-conservador) dos EUA, principalmente após o fim da Guerra Fria. Sem fazer uma análise mais profunda, vejo esta tese como uma forma de multiculturalismo conservador, que reconhece a existência de diferenças culturais e civilizacionais (algo importante), mas mal esconde a defesa da modernidade ocidental como ordem social (e de suas formas de expressão e visão de mundo), enquanto superior, numa escala hierárquica, dentre as demais ordens sociais.

Já o livro “A Terceira Onda: a democratização no final do século XX” (editado pela Ática em 1994) é, pelo contrário, uma obra bastante recomendável do cientista político.

Por “onda democrática” Samuel Huntington define, a partir de levantamento empírico, a noção que designa o movimento de um conjunto de países que transitam para a democracia em número maior que o oposto (não-democracia). Ele constata que na primeira e segunda “ondas democráticas”, estas são seguidas historicamente por “ondas reversas”, na direção de não-democracias. A chamada “terceira onda” seria o período de democratização iniciado pela Revolução dos cravos (Portugal, 1974) e que estaria em curso até nossos dias. Esta constatação empírica e a interpretação da mesma com a noção de onda democrática são contribuições muito relevantes para a ciência política contemporânea.

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Luis Nassif

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  1. A tese etnocêntrica do
    A tese etnocêntrica do “choque de civilizações” ganhou grande notoriedade, segundo entendo, por se integrar ao esforço interpretativo do projeto político dominante (neo-conservador) dos EUA, principalmente após o fim da Guerra Fria. Sem fazer uma análise mais profunda, vejo esta tese como uma forma de multiculturalismo conservador, que reconhece a existência de diferenças culturais e civilizacionais (algo importante), mas mal esconde a defesa da modernidade ocidental como ordem social (e de suas formas de expressão e visão de mundo), enquanto superior, numa escala hierárquica, dentre as demais ordens sociais.
    Já o livro “A Terceira Onda: a democratização no final do século XX” (editado pela Ática em 1994) é, pelo contrário, uma obra bastante recomendável do cientista político.
    Por “onda democrática” Samuel Huntington define, a partir de levantamento empírico, a noção que designa o movimento de um conjunto de países que transitam para a democracia em número maior que o oposto (não-democracia). Ele constata que na primeira e segunda “ondas democráticas”, estas são seguidas historicamente por “ondas reversas”, na direção de não-democracias. A chamada “terceira onda” seria o período de democratização iniciado pela Revolução dos cravos (Portugal, 1974) e que estaria em curso até nossos dias. Esta constatação empírica e a interpretação da mesma com a noção de onda democrática são contribuições muito relevantes para a ciência política contemporânea.

  2. O espaço mais apropriado para
    O espaço mais apropriado para este tipo de discussão é o Fórum da Comunidade. Os fóruns são uma das mais interessantes ferramentas para o debate conceitual e a construção coletiva do conhecimento.

    Sugestão seguida.

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