A nova, ou simplesmente a música gaúcha…

 

Arte: Tadeu Martins

 

Campeira, fronteiriça, serrana, litorânea, urbana, nova, tradicionalista, nativista, regionalista ou simplesmente música gaúcha. Essas denominações por muito escondem, ou melhor, põem uma máscara na beleza da poesia e do sotaque das guitarras e cordeonas tocadas no estado do Rio Grande do Sul. Uma música oriunda da irmandade que o estado tem com os países banhados pelo Bacia Platina formada pelas sub-bacias dos rios Paraná, Uruguai e Pargauai. Por conta dessa proximidade geográfica, muito do que é produzido artisticamente no Rio Grande do Sul, assim como os costumes do homem do campo, do churrasco, do mate, da fala, são parecidos nestes três países vizinhos.

Uns dizem que pelo palavriado “xucro” que a música gaúcha regional possui, ou que pelo emprego de termos pouco ou nada entendíveis fora do estado do Rio Grande do Sul, a música gaúcha ainda permanece fincada lá e não ganha o Brasil. Eu, particularmente, tenho a impressão – sem qualquer estudo ou embasamento histórico profundo, apenas com o conhecimento cotidiano sobre a história do meu estado e do Brasil – que os gaúchos lá permanecem em muitos aspectos, principalmente na música e em muito de sua cultura, por um “ranço” político/histórico causado pela Revolução Farroupilha contra o Império Brasileiro. Criou-se uma impressão de que o povo gaúcho é brigão, arrogante, desinteressado do seu país, o Brasil, que considera o Rio Grande seu país e por aí a fora… Sim e não! Porém, isso, no que diz respeito à arte e à música em especial, acredito que se dá pelo fato de que o Rio Grande do Sul é de fato, uma terra muito boa de se viver, de que com muita terra fértil, chuvas e tradição de saber cuidar dessa terra, dos animais, torna o povo, ainda hoje, muito ligado à terra, à lida do campo, aos bichos, à comida, às coisas simples e tranquilas do interior… Também por que a cena da música regionalista gaúcha é muito forte, com dezenas e dezenas de festivais para canções inéditas ao longo do ano, com muitos GTG’s (Centros de Tradições Gaúchas) e com um povo que valoriza e gosta de sua arte e costumes,fazendo questão de exaltar isso no dia-a-dia, faz com que os artistas gaúchos tenham ótimas condições de trabalho e carreira nesse cenário ficando, portanto, por lá.

Porém, com o passar dos anos, o surgimento das mídias digitais, a globalização, o acesso aos continentes através do computador, a valorização das culturas regionais em várias partes do mundo, acho que gaúchos como eu e tantos outros que por aí estão, ganharam uma vontade nova de levar essa beleza escondida ou muitas vezes estereotipada, para fora do Rio Grande. Apenas para que, conhecendo as belezas ocultas da nossa arte gaúcha, o Brasil e o mundo, possa ter uma vertente a mais de arte num Brasil continental… 

 

Pra iniciar essa cavalgada pelo Rio Grande do Sul, em busca de nomes da música gaúcha, que cantam e tocam com sentimento regional estampados sobre a bandeira do Brasil, me apresento aqui e seguirei publicando nomes que representam essa estampa com amor e talento.

 

Rafael Ferrari: jovem bandolinista de Porto Alegre, que pela primeira vez, traz para o bandolim o sotaque da música gaúcha regional e com seu Bandolim Campeiro, escreve uma nova página na história da música para este instrumento no Brasil e para a música do Rio Grande do Sul.

 

Redação

25 Comentários

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  1. Morreu ontem no Rio Grande

    Morreu ontem no Rio Grande Nico Fagundes. Mas pelo viés do blog não se estranha a não repercussão do ícone sulista.

     

  2. Nico Fagundes

    Foi apresentador de programa Galpão Crioulo, na RBS- P. Alegre  e na minha opinião os dois juntos quase conseguiram levar para o ostracismo  a  verdadeira música do RS – Ele junto com A RBS  foram os incentivadores da música  “”TCHÊ”” para contrapor aos ferstivais nativistas que estavam criando uma certa  e forte identidade gaúcha e provavelmente instigando uma vontade separatista – O Nico também foi acusado de plágio  em um livro sobbre tradições gaúchas  – Quase conseguiram acbar com a  “”CALIFÓRNIA DA CANÇÃOO””  o principal festival nativista do estado, onde foram apresentadas músicas que são hinos do RS. Foi tarde.

     

  3. Pessoal, calma aí! Duas

    Pessoal, calma aí! Duas coisas importantes sobre este espaço:

     

    1) Não é um noticiário 24hs, ou um plantão de notícias. Quem me acompanha pelo facebook viu que no instante em que fiquei sabendo, e fiquei sabendo instantes após o falecimento do Tio Nico, através de amigos, compartilhei minha tristeza e lembrança desse ícone que conheci pessoalmente inclusive. E sigo compartilhando um pouco das coisas que ele fez e representou. Aqui, irei preparar um post especial sobre ele futuramente.

    **Também não acho que devamos lembrar e exaltar a memória de alguém através de sua morte, mas sim de sua vida e obra, por isso o post ficará pra mais adelante!

     

    2) Neste espaço falaremos de coisas do sul do Brasil, sem compromisso de firmar opiniões fechadas, ou mesmo ditar tendências, ou dizer o que é bom ou ruim! A ideia é apenas mostrar o que se faz lá atualmente e um pouco das origens dessa arte, para que o Brasil possa conhecer melhor o que é feito no Rio Grande do Sul.

     

    Obrigado à todos que compartilharam vídeos e textos sobre grandes nomes da música gaúcha. Isso é importante neste espaço. Não conseguimos colocar tudo de uma única vez por conta do tempo e de tantas coisas belas que há pra mostrar. Vamos nos encontrando com frequência pra prosear e matear, vendo e ouvindo cada vez um pouco mais de música, tradição e arte gaúcha.

    Um abraço à todos,

    Rafael Ferrari

    bandolinista, compositor

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