Por Adilson
Nassif,
Desde o dia 1º de janeiro do ano em curso, entrou em vigor as mudanças ortográficas. Há muita gente em pânico, principalmente, os concurseiros. Todavia, existe o princípio da coexistência pelo prazo de 4 anos, ou seja, as novas formas ortográficas terão que conviver concomitantemente com as velhas num perído de 4 anos. Pela ortográfia antiga usava-se o acento circunflexo nos hiatos “oo” e “ee” (ex: Vôo e Lêem); pela nova ortográfia não se usa mais o acento circunflexo nos hiatos “oo” e “ee” (ex: Voo e Leem). Outra mudança foi o desaparecimento do acento nos ditongos abertos como os existentes nas palavras:
Assembleia, Jiboia, heroica e ideia. Mas como foi dito acima, pelo período de 4 anos as duas grafias estão corretas: Assembléia, Jibóia, heróica e idéia.
Por fim, seria interessante abordar o assunto com mais diligência.
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Caro Luis
Bom dia
Entendo
Caro Luis
Bom dia
Entendo que a mudança é benefica, pois quem esquece de acentuar as palavras, não será penalizado. Principalmente, concurseiros e vestibas.
Agora, quem gosta de boa escrita, ficará horrorizado, pois achará que esta faltando alguma coisa, no que acabou de ler ou escrever.
Vi pela tv um acadêmico da
Vi pela tv um acadêmico da ABL afirmar que a língua portuguesa é a única entre as grandes sem uniformidade ortográfica. Ele não deve saber das diferenças entre inglês britânico e norte-americano (norteamericano?):
realize (US) vs. realise (GB)
theater (US) vs. theatre (GB)
skeptical (US) vs. sceptical (GB)
etc.
Será que as pequenas diferenças ortográficas entre o português do Brasil e o de Portugal são mutuamente ininteligíveis? Claro que não.
Fica a sensação de uma senhora bobagem a serviço de filólogos sem coisa melhor para fazer em troca de uma boa grana.
Um enorme esforço inútil.
Um enorme esforço inútil. Somos especialistas nisso: perder tempo, energia e dinheiro.
Fico imaginando que tipo de critério, que tipo de argumento, que tipo de gente é necessário reunir para produzir decisões como essa. As pessoas que tiveram essa iniciativa teriam que ser nominados e responsabilizados. Desocupados, ocupam o próprio tempo pensando em estratégias para fazer com que nós percamos o nosso.
Eu até entenderia se a reforma fosse feita para simplificar drasticamente a língua escrita: “jente”, ao invés de “gente”, “kente” ao invés de “quente”, “ezame”, ezato”, “esensia”, “aso”, “iso”, “krusifikso”, com abolição da letra “c” (com cedilha e sem cedilhas – as duas para o lixo), e acentos facultativos, quando houvesse risco de ambigüidade. A juízo do usuário. Por que não? A regra seria essa: “Se quiser, e achar conveniente, use. Acento agudo para vogais abertas, circunflexo para as fechadas, com absoluto respeito pelas pronúncias regionais.
Do jeito que foi feita, é uma reforma para encher o saco, e só isso. Trocou seis por meia dúzia. Uma besteira por outra.
Pentelhos!
Nunca vi algo assim… um
Nunca vi algo assim… um comentário que se propõe a discutir a nova ortografia, cometendo equívocos constantes de acentuação e concordância! Não digo que é culpa do comentarista, apenas reflete um problema que me incomoda na internet: certa falta de zelo na escrita.
Quero lembrar aos leitores
Quero lembrar aos leitores daqui que não houve uma “reforma ortográfica” e sim um “acordo” para padronização das regras ortográficas dos países lusófonos. O sentido prático mais visível desse acordo é facilitar o intercãmbio editorial e diplomático.
Também considero perda de
Também considero perda de tempo. Depois de anos e anos usando uma grafia tal (que já é complicada), passar agora à usar outra igualmente complicada? ô herança lusitana maldita, em que só conseguimos complicar ao invés de simplificar
…esqueci de dizer, também o
…esqueci de dizer, também o comercial.
Certamente para não pararmos
Certamente para não pararmos de exercitar nossa memória, as paroxítonas, em que a vogal precedida de ditongo levava acento, perdem o enfeite… A feiura ficará mais feia sem a aguda cunha cravada no u ou sairá embelezada da reforma? As baiucas serão mais bem frequentadas sem o acento?
Em compensação, se a vogal tônica é precedida por uma companheira solitária, conserva o acento que consagra a separação das duas. Assim, os traíras continuarão praticando suas perfídias com acento.
Negócio mesmo, Eugenio, foi para as editoras de livros de referência (dicionários, gramáticas, etc.) e didáticos. Como já disse em outra oportunidade, o que torna difícil a leitura, p. ex., de um romance angolano não é a grafia, mas o vocabulário. Aliás, mesmo no Brasil há diferenças regionais de difícil entendimento para os “forasteiros”. P. ex.: quantos aqui sabem o que é pr’ amór de? É o acento agudo, que está ali para mostrar que o ó é aberto, logo que não se trata de amor (ô fechado) que impede a compreensão? Fora algum piraquara ligado ao falar antigo da sua terra, pouca gente saberá o que significa essa expressão regional.
Em tempo: piraquara é o natural do Vale do Paraíba.
O que mais nos separa dos
O que mais nos separa dos portugueses é o vocabulário, não a acentuação! Sabem como é acostamento em Portugal? Berma. E terno? Fato. Mudar os acentos vai ajudar em que??
Olá pessoal,
Que tal
Olá pessoal,
Que tal fazermos aqui uma proposta alternativa para uma reforma ortográfica. O critério é únicamente fono(lógico). Proponho algumas.
1. Todas as palavras com som de “z” serão escritas, lógico, com z: caza, ezame, ezíguo, aza.
2. Todas as palavras com som de “s” serão escritas, evidentemente, com s: esesão (Duvido que alguém erre esta “desgrasa”)
3. Fica abolida, uma consequencia lógica, a utilização de dois ss. Asado, asinar.
4. Mantém-se o c antes de a, o, u, para o fonema /k/. Desaparece para som de /s/: leucemia/leusemia.
5. Com isso, desaparece o cedilha, que só dá trabalho no teclado do computador
6. O “x” servirá para, pasmem, grafar o som de /x/: Xave, Xulé. E algumas outras utilizações antes de consoante (ver medida 14).
7. O encontro consonantal cs deve, imagine você, ser grafado com cs: acseológico.
8. Fica extinta a utilização do ch para representar x. Por isso, fica extinta qualquer utilização de ch.
9. Fica extinto o hifen.
10. Ficam extintos o circunflexo (já perceberam que ele pouco serve para alguma coisa? Alguém diz, por exemplo, “merecêssemos” como “merecéssemos”?) e o acento (asento) agudo em alguns monossílabos: afinal qual é a outra forma de pronunciar (pronunsiar) o “já”?
11. A palavra “muito” ganha o n, finalmente e depois de “muinto” tempo.
12. Palavras com som /j/ sempre serão escritas com j: jesto, jelo. Isto libera o G para o som de /guê/, o que pode ficar para uma próxima reforma ortográfica.
13. Palavras perdem o h inicial: Omem, Umano, Onra. E Ifen, que, lembramos, será extinto.
14. Vamos colocar em votação (votasão) se a palavra “extinto” aqui mantém o x, em respeito aos cariocas.
15. Acaba o acento (doravante “asento”) em palavras proparaxitonas, como esta. Pois que se todas são acentuadas (asentuadas), todos já (ja) sabem disso, já (ja) que o contexto decide (deside): clerigo, merito, sabado.
Ficam anuladas as “dispozisões” em contrário. Sem esesões.
Obs 1. calma, para evitar “confuzões”, se eu “quizese” dizer “cem” eu poria o numero.
Obs. 2. Trata-se da proposta de uma reforma para a língua “brasileira”.
Será que agora eu finalmente
Será que agora eu finalmente vou entender como é que até hoje tem gente que escreve “êle”? Apesar de ser mais fácil de digitar, vai ser muito complicado ler linguiça, tranquilo… Vai ser estranho pêlo, pára, vôo etc sem os acentos, mas se pararmos para pensar que nossos avós e bisavós escreviam “pharmácia”, acho que no longo prazo todos ganharemos com uma escrita mais uniforme entre Brasil e Portugal.
Só olhamos para o nosso lado, mas acho que os portugueses terão que modificar muito mais a forma como eles escrevem. Não usamos mais “óptimo”, “acto”, “carácter” e em 5 ou 10 anos só a minoria se lembrará que um dia se escrevia “idéia”. Critica-se a reforma mais pelo medo de se adaptar ao novo (e à preguiça de ter de estudar as novas regras) do que pelos benefícios que ela pode nos trazer.
Reclamam que o português já é complicado, mas se esquecem (ou não se dão conta) que a gramática inglesa é muito mais difícil que a portuguesa e as exceções no Francês são mais numerosas que as regras.
Todos deveríamos ter uma gramática portuguesa ao lado. Quem sabe assim saberíamos que “mandei ele comprar algo”, algo que 99,9% de nós escreveríamos, está gramaticamente errado. Não se usa pronomes átonos (“ele”) depois de verbos.
Por acaso criticamos o fato que aipim, mandioca e macaxeira é a mesma raíz? Acho perfumaria criticar as diferenças de vocabulário entre o português daqui e de Portugal.
Nessa reforma toda, pode ser
Nessa reforma toda, pode ser fácil a adaptação ortográfica, mas não a paradigmática. Vai ser fácil difícil eu me acostumar, por exemplo, com a lingüiça sem as duas pimentinhas em cima…
Agora falando sério (não que o sumiço das pimentinhas da “linguiça” não me seja algo sério), se é para reformar de verdade, por que não pensaram em algo mais radical – como, por exemplo, a extinção da cedilha; trocá-la pelo “ss”…
Em suma, falando como licenciado em Letras, achei a reforma fraca; e por ser fraca, desnecessária…
Antes da ortográfica, tinham
Antes da ortográfica, tinham que reformar a educação , qua adianta levantar castelos na areia? deixe-me rir kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
“Nunca vi algo assim… um
“Nunca vi algo assim… um comentário que se propõe a discutir a nova ortografia, cometendo equívocos constantes de acentuação e concordância! Não digo que é culpa do comentarista, apenas reflete um problema que me incomoda na internet: certa falta de zelo na escrita.”
Concordo. O trecho “entrou em vigor as mudanças ortográficas” foi de lascar, com todo o respeito. O certo seria ” Entraram em vigor as mudanças ortográficas”
“Todos deveríamos ter uma
“Todos deveríamos ter uma gramática portuguesa ao lado. Quem sabe assim saberíamos que “mandei ele comprar algo”, algo que 99,9% de nós escreveríamos, está gramaticamente errado. Não se usa pronomes átonos (”ele”) depois de verbos.”
Só para ser chato, o erro não seria outro? Não se usa pronome do caso reto como objeto, certo?
Esse erro é algo interessante. Raramente vejo alguém escrever em inglês I saw she, mas é bem comum a mesma pessoa escrever em português, eu vi ela.
E uma poeminha para encerrar:
“Ja nela não penso, mas no primeiro momento em que vi ela, parei para admirar a boca dela e pensei, meu coração por ti gela.”
Quanto à “Óia”, perdeu o
Quanto à “Óia”, perdeu o acento e a vergonha…
Também amo a língua
Também amo a língua portuguesa de paixão, está bem? Nâo me confundam. Mas, será que tem sentido ficar policiando o texto dos outros num blog? Antes de mais nada, é falta de educação. Depois, é burrice. Põe o delator numa posição frágil – todo mundo vai ficar esquadrinhando o texto do infeliz, à cata de uma batatada. (E quase sempre tem, viu, meu amor?) Finalmente, demonstra uma completa confusão de registros. É tão insano exigir correção num texto casual, escrito entre dois goles de café, quanto achar que criança não tem que aprender as regras da norma culta. Uma coisa é uma coisa, e outra é outra. Aqui todo mundo pode andar de bermuda. Nâo é melhor assim? Pois, então. Relaxe, homem.
Bom, se eu errar na escrita,
Bom, se eu errar na escrita, mesmo na informal, quero que os demais apontem o equívoco, não tenho pruridos quanto a críticas, mas prefiro as críticas que apontem o erro e a forma de corrigi-lo.
João vergílio,
“Do jeito que
João vergílio,
“Do jeito que foi feita, é uma reforma para encher o saco, e só isso. Trocou seis por meia dúzia. Uma besteira por outra.
Pentelhos!”
hahahahaha
Feliz Ano Novo para vc tb homi, e vê se coloca a bermuda, abre uma cerva e melhora o humor, vais ficar igual ao Mouro assim … hahahaha
Brincadeirinha..
João, tudo depende como é
João, tudo depende como é feita a cata de palavras. Se o policiamento for agressivo, visando humilhar o autor, não é bem vindo. Mas se for para ajudar a evitar a repetição dos mesmos erros, Por favor corrija. Se não souber onde erramos, como iremos nos corrijir.
Se for para ajudar a discussão, melhor ainda. Nada mais interessante do que discutir a língua portuguese em uma discussão sobre língua portuguese 🙂
Se você conseguir evitar os piores erros de português escrevendo entre dois goles de café. Quando precisar escrever bem, não terá dificuldade. Agora, se o fato de escrever coloquialmente for desculpa para desleixo, logo, logo, todas as conversas serão coloquiais. Nada pior do que alguém ir à um casamento de bermuda…
Sem falar, o que é escrito na rede perdura por um tempo muito longo, logo, é bom tomar um pouco de cuidado.
E antes que alguém comente, meus textos costumam ter muitos erros, e tento cometer menos a cada nova interação.
Caro João Virgílio, teu
Caro João Virgílio, teu comentario deu certo alivio a minha pessoa, pois, cometo muitos erros em meus escritos e, não pretendendo desistir, agora com maior animo, continuarei participando do blog.
Orlando
Concordo com o João Vergílio,
Concordo com o João Vergílio, só valeria a pena se fosse para realmente simplificar a escrita e do jeito que ficou só aumentou a confusão. Enfim, foi pura pentalhagem mesmo. Não sou especialista na área, mas eu penso que a escrita da língua portuguesa deveria valorizar mais a fonética na ortografia e perder esse pedantismo fundamentalista na gramática, afinal, a norma padrão, por incrível que pareça, dever estar ao alcance do falante médio, o que é bem diferente do que vemos hoje.
LN
Poxa, amigo Nassa, mal a
LN
Poxa, amigo Nassa, mal a gente aprende as regras de acentuação e lá vem (sem acento agora) novas mudanças.
Eu, particularmente, não vejo nada de tão substancial nisso, quando os portugueses de além-mar falam diferentemente de nós. Não adianta mudar apenas a grafia. As divergências continuam!
A língua portuguesa é essencialmente vocálica, mas em Portugal, acabaram por torná-a consonantal.
Lá dizem: m`n`n / cr`anç
Cá dizemos: menino / criança
No blog Alma Carioca – Contos e crônicas, há uma portuguesa que participa sempre: Elisabete Fialho.
Os seus textos são uma excentridade para nós brasileiros, pois há muitas coisas que não entendemos.
A começar pelo jeito de ordenar as palavras, assim como os “factos”.
Mas, eu gosto dessa pluralidade.
O Eugênio Vilar fala sobre as diferenças entre o inglês britânico e o estadunidense.
Nem precisaria ir tão longe.
Basta comparar o inglês falado dentro do próprio país do Tio Sam.
E o mesmo vemos no Brasil.
Agora vem essa chatice de mudança de acentuação, quando na verdade, mexe apenas com a parte escrita.
A fonética continuará a mesma.
De antemão peço desculpas pelos muitos erros que hei de cometer, pois não darei bolotas para tais mudanças.
Com o tempo vou me orientando, ou desorientando-me.
O Mário Prata escreveu um livro muito interessante sobre as diferentes palavras usadas em Portugal e Brasil.
Como por exemplo:
fila – para nós
bicha – para eles
durex – para eles
camisinha – para nós
puto – para eles
menino – para nós
Um brasileiro, recém-chegado a Porturgal, precisou de comprar durex para encapar os cadernos dos filhos.
Vai a uma drogaria e pergunta:
– Vocês tem (sem acento agora) durex?
– Sim – responde o atendente português.
– Quero um – responde o brasileiro.
– De que tamanho? – pergunta o lusitano.
– Uns 20 metros, mais ou menos – o responde o comprador brasileiro.
O vendedor português arregala os olhos estupefato e responde:
– Aqui não temos deste tamanho.
– No Brasil nós temos até maior! – retruca o brasileiro.
O vendedor português acaba desmaiado.
—–
E depois, esses governantes perdem tempo e dinheiro com uma coisa tão sem importância.
Melhor seria que voltássemos a aprender Latim.
Melhor seria que os da banda de lá colocassem vogal nas palavras, ao pronunciá-las.
Há tantas outras coisas mais importantes a serem mudadas, inclusive o tratamento dado aos brasileiros nos aeroportos. Assim como aos dentistas.
O resto é perda de tempo e dinheiro!
É ou não é um facto?
Abraços!
Maldito português!
“Se não
Maldito português!
“Se não souber onde erramos, como iremos nos corrijir.” Ou, ‘se não soubermos onde erramos, como iremos nos corrigir?’
“Nada pior do que alguém ir à um casamento de bermuda…”
Sem bermuda e sem crase, atendendo às convenções sociais e gramaticais
Ou ainda, e se o sujeito da oração do João fosse a nova convenção ortográfica firmada pelos lusófonos (países, claro, aqui, também, oculto)?
Risos… qual o problema de
Risos… qual o problema de ir de bermuda a um casamento na praia? De bermuda e chinelo de dedo… inconveniente mesmo é esse raio de preposição que vive se intrometendo em tudo qt é canto, até em verbos que normalmente não se regem por ela, e que muita gente acha que é acentuada (e tome “abraços à todos” por aí).
Ah, a silepse… quantos crimes são cometidos em seu nome…
Nós brasileiros temos essa mania de nos chamarmos de “a gente”, mas essa não é a famosa “norma culta”, então no meio da frase a gente se arrepende e, pronto, trocamos o número.
Aí vira esse angu-de-caroço como acima.
O acordo eu achei fraco e ambíguo. Não entendi patavina do uso ou não do hífem (ou hifen? por que não se chama traço de uma vez?). Bom só pras editoras de livro didático.
A reforma realmente é uma
A reforma realmente é uma inutilidade. Há um argumento de que as diferenças ortográficas impediriam o português de ser reconhecido como língua internacional. Pura balela. Como os colegas já lembraram o inglês está cheio de diferenças regionais e nem por isso deixa de ser a língua internacional. Além do mais, para que serve ser reconhecido como língua internacional mesmo?
Também não promove integração nenhuma já que como também já foi lembrado aqui, o maior problema é o vocabulário. Curioso é que ouvi falar que existem barreiras comerciais entre Portugal e Brasil que impedem um livro impressso aqui ser vendido lá (não sei se vice-versa). Isso sim é barreira para integração mas ninguém está preocupado.
No mais, o critério de unificação me pareceu bem político do tipo toma lá, dá cá. Não vejo razão técnica para abolir a trema, por exemplo. Pode simplificar a escrita mas complica a leitura. Daqui a pouco vamos ficar como o inglês, onde não há regras de pronúncia.
“TANTO MAR?”
Texto cedido ao
“TANTO MAR?”
Texto cedido ao “Mundo Lusíada” pelo embaixador de Portugal, extraído da introdução do seu livro “Tanto Mar? – Portugal, o Brasil e a Europa”, editado no término da sua missão no Brasil.
Um fim de tarde de 1989, com o sol a pôr-se ao fundo da montanha, encontrou-me na praça central de Ouro Preto. Olhando em volta, entre a rua Direita e a do Ouvidor, apercebi-me, pela primeira vez, que uma parte de nós mesmos, dos portugueses, ficou para sempre por ali, por mais cantado que agora seja o sotaque, por muito distante que o nosso próprio mundo agora possa estar. Essa imagem ficou-me gravada na memória e atravessou comigo os anos.
Passou-se mais de década e meia antes de eu regressar ao Brasil e antes de perceber – de novo no casario de Ouro Preto, mas também no silêncio nobre de Alcântara, no bulício africano do Pelourinho de Salvador ou nas esquinas apressadas do centro do Rio – que, verdadeiramente, só se pode entender bem o que Portugal é, e não apenas o que Portugal foi, depois de mergulhar no Brasil.
A comoção de entrar no forte Príncipe da Beira, de tropeçar nos nossos vestígios em Nova Mazagão, de lembrar os Açores em Ribeirão da Ilha, de ficar esmagado pela monumentalidade do Real Gabinete do Rio, de fixar a decadência serena da Beneficência Portuguesa em Belém, de sentir o cheiro forte das lojas de tudo, frente ao mercado de Manaus – tudo isso é preciso para que se prolongue em nós a interrogação, sem resposta, sobre o que é, afinal, ser português no mundo. Não se é português porque se nasceu em Portugal. É-se português pelo somatório das viagens que outros fizeram por nós, dos que foram e voltaram cheios de histórias mitificadas das Pasárgas que poderiam ter tido, mas também dos que não voltaram, dos que “queimaram as caravelas” e se entregaram aos novos mundos que fizeram seus.
O Brasil é o nosso álbum de memórias de um passado que é deles – não foram os nossos antepassados que colonizaram o Brasil, foram os antepassados dos brasileiros –, mas no qual não conseguimos deixar de nos sentir eternos figurantes no cenário de fundo. Às vezes, nessas encruzilhadas de paisagem que nos acordam um Portugal que, afinal, nunca conhecemos, foge-nos o pé patriótico para a tentação nostálgica da glorificação da gesta conquistadora, sem nos apercebermos que a face verdadeira da nossa glória, mais do que o saldo complexo da aventura colonial, está bem mais próxima de nós, está aqui nesta página, está nesta língua que nos une e cujas diferenças muito humanamente nos separam.
Ao longo de quase quatro anos no Brasil, coloquei sempre duas questões a mim mesmo: o que é hoje o Brasil para Portugal? E Portugal para o Brasil? Não sei se obtive ou obterei alguma vez a verdadeira resposta, mas ouso arriscar a minha.
No imaginário tradicional português, a independência do Brasil permanece como que se uma “jangada de pedra” se tivesse um dia afastado, num arroubo de um príncipe que transpirou a vontade de muitos, nela criando uma nação que éramos nós em sorridente, com mais música e alegria e com riqueza fácil à mão.
Os “brasis” foram sempre uma espécie de miragem para quem, em Portugal, sentia a aventura nas veias, para quantos, por ambição ou angústia, se decidiam a partir, muitas vezes sem o saber, para sempre. Para os portugueses, o Brasil era um destino muito diferente do de África, era mais acolhedor, menos perigoso e misterioso, algo mais próximo. Do outro lado do Atlântico, todos encontrariam um primo, uma afeição, uma hipótese para refazer a vida. Os que voltavam, traziam consigo como que um estranho vírus tropical de afectividade, um jeito informal e bizarro, uma forma de estar a que, por vezes, se associava uma ideia de inconstância ou de ligeireza. Mas o Brasil foi e permaneceu sempre, no sentimento profundo de muito portugueses, o último reduto da esperança, na busca por um melhor destino ou na luta pela liberdade. Ou um mero local de refúgio, a fronteira limite de uma mudança, como a casa de um familiar que nos acolhe numa crise de vida.
Pelo Brasil, durante largas décadas, muitos e muitos milhares de portugueses fizeram um trabalho árduo, geraram riquezas, às vezes para si próprios, quase sempre constituíram famílias que os “abrasileiraram”, foram leais a quem os acolheu bem, tornaram-se brasileiros de coração. Mas sempre cuidaram em guardar a memória dos vilarejos pobres de onde haviam partido e em alimentar, à sua maneira, o orgulho do país de que, sem o saberem, foram sempre os mais lídimos embaixadores. Por aqui ergueram instituições magníficas, deram lições de solidariedade e, na sua esmagadora maioria, tornaram a palavra seriedade como sinónimo de ser português no Brasil. E esse seu patriotismo sem baias levou a que, ironicamente, muitos acabassem por se identificar com o regime que, em Portugal, lhes não soube dar condições para poderem exercer esse direito natural que é cada um poder construir uma vida decente e próspera, sem ter, necessariamente, de sair do lugar onde nasceu.
Com o tempo, o Brasil mais verdadeiro, já não o Brasil virtual levado pelos “torna-viagem”, foi-se aproximando de Portugal e a sua imagem tornou-se-nos mais nítida: com a sua música eterna como fundo, servida por um “português com açúcar”, consumíamos as latas da goiabada e as resmas de “Cruzeiros” e “Manchetes” que os primos nos mandavam pelos natais. Nas suas páginas, como nos cantos do Juca Chaves e, mais tarde, do Chico Buarque, fomos aprendendo que, afinal, também por lá havia “amigos da onça”… Amado, Veríssimo, Bandeira, Vinícius e tantos outros fizeram parte do mundo íntimo de muitos de nós. As novelas ensinaram-nos, com espanto, que o brasileiro também chorava – nem sempre sorria, nem tudo era carnaval e futebol. E percebemos melhor porquê, com a face patibular da ditadura militar a trazer-nos os exilados que encontrávamos por noites de Lisboa, onde vinham partilhar os cravos da festa do nosso contentamento. Com a liberdade já a passar por aqui, o Brasil foi-se definindo melhor aos nossos olhos – um país ambicioso, optimista, sempre “cordial” para quem lhe falava na língua quase comum. E, a cumular tudo isso, uma sociedade que procurou o caminho da reconciliação consigo própria, transformando-se numa democracia plena, que a atenuação das desigualdades reforça no dia-a-dia.
A prosperidade de uns tempos felizes trouxe os portugueses para as praias do Nordeste, onde aprenderam a apreciar a amenidade das gentes e se deliciaram com a descoberta de um “país sempre em férias”. Outros, mais engravatados nos negócios da modernidade, davam bom uso aqui aos capitais do novo ouro europeu, surpreendendo quem julgava que o português era prisioneiro eterno do bigode, do jeito fadista ou da postura seráfica, oscilando entre o bacalhau e a sardinha.
É que o imaginário do Brasil construiu-nos, pelos tempos, à semelhança de um imigrante-cliché, eternamente fixado na simplicidade do seu passado, rígido nos modos, linear na expressão, caricatura posta a jeito para a anedota fácil. Temos que saber entender que a “anedota do português”, quase sempre uma benigna erupção de alergia anti-colonial, é também, muitas vezes, um sintoma remanescente de alguma lusofobia, essa doença infantil da brasilidade que se espalhou por todo o século XIX e que parece ter deixado ainda uma marca residual em alguns sectores académicos e sociais contemporâneos.
Com o seu mundo a mudar, o brasileiro mudou-se para o mundo e arribou a Portugal em doses maciças, desaguando num país do tamanho de Pernambuco e com a população do Paraná. A crise dos dentistas havia revelado que algum Brasil nos sentia ingratos. Sou dos que entendem que a onda recente de brasileiros, esse teste definitivo à nossa apregoada tolerância, pode dar sangue novo às nossas relações e contribuir para que, no Brasil, a imagem de Portugal se cole mais ao país que hoje realmente somos, um retrato eventualmente não tão inocente e bastante mais real, do que temos de bom e de mau. E com o turismo, que agora é também a partir de cá, a aproveitar a imensidão de voos da TAP, quero crer que os brasileiros vão, em poucos anos, entender o que nós já sabemos por aqui de há muito – que é possível estar no estrangeiro sem, verdadeiramente, deixar de nos sentirmos em casa.
Mas, também do nosso lado, Portugal vai ter de aprender alguma coisa mais. Vai ter de perceber, de uma vez por todas, que a sua relação com o Brasil tem uma assimetria inescapável e eterna. Para nós, o Brasil “é” português, é uma “criação” nossa e, por isso, crises à parte, ser pró-brasileiro em Portugal é a opção mais natural e óbvia, salvo na mediocridade xenófoba e minoritária de alguns “pichadores” anónimos da nossa própria imagem.
Ora o Brasil é muito mais do que o que Portugal por aqui deixou, é uma sociedade onde africanos, alemães, japoneses, árabes, italianos e tantos outros se projectaram e ajudaram a construir um fantástico país, no qual livremente cultivam, sem qualquer pressão uniformizadora, as suas memórias e tradições. Por essa razão, porque não têm galos de Barcelos ou caravelas quinhentistas na sala, nada os obriga a reverenciar uma “terrinha” de onde não vieram os seus antepassados, de onde talvez só apreciem o bolinho de bacalhau ou o pastel de Belém, lugar de Lisboa que aliás não sabem muito bem onde fica – no que estão no seu pleníssimo direito. Por isso, quando a grande maioria de nós, portugueses, se junta a amigos brasileiros para apoiar, sem hesitação, o “escrete canarinho”, durante as “copas” por esse mundo fora, não devemos esperar uma retribuição idêntica. Temos de acordar para a realidade de que, em Blumenau, é a selecção alemã a escolhida ou que, na Móoca paulistana, a squadra azzura terá sempre preferência, pelo que a sorte do “time” português lhes será provavelmente indiferente, em especial depois da saída de Filipão.
Quem, em Portugal, não entender isto, não vai conseguir entender nunca o Brasil. O que não significa que nos não reste ainda muito em comum, a começar pela tolerância que permite esta sã convivência de culturas e pessoas – essa sim, uma das duas valiosas heranças que por aqui deixámos. A outra é a língua, soando diferente aos ouvidos, mas que liga ambos os países a outros continentes e que se procura agora evitar que se afaste na sua forma escrita, para melhor nos servir na nossa afirmação individual e colectiva pelo mundo.
Termino com duas constatações que são hoje as mais óbvias das ideias que por aqui formei.
A primeira é que ter sido diplomata português no Brasil foi um privilégio que não trocaria por nenhuma outra experiência.
A segunda é que Chico Burque não tem razão: já não há “tanto mar” a separar o Brasil de Portugal.
Francisco Seixas da Costa
Embaixador de Portugal no Brasil, Texto cedido ao “Mundo Lusíada”, extraído da introdução do seu livro “Tanto Mar? – Portugal, o Brasil e a Europa”, editado no término da sua missão no Brasil.
http://www.mundolusiada.com.br/COLUNAS/ml_artigo_547.htm
MARIA NIRCE
Meus parabéns
MARIA NIRCE
Meus parabéns !
Tenho a mesma opinião.
Para que essa reforma ?
Por sinal, o Brasil está lotado de problemas.
Precisamos resolvê-los:
um dos piores: o analfabetismo.
Ah, e há analfabetos que se formaram no fundamental.
Agora entre nós:
A Gramática é a exposição fática da Língua.
Aquela não comanda esta.
Tentar reformar regras gramaticais não é razoável.
Acho que somente se deve fazê-lo quando o fato na língua estiver alterado de tal forma que impossível ignorá-lo.
Aí a regra gramatical deve alterar, de conformidade com o comando da própria língua.
Por sinal, há línguas e idiomas.
E os idiomas ?
Caro João Vergílio, do
Caro João Vergílio, do comentário das 10p1:
Observações procedentes.
Com um reparo:
Os exemplos de grafia que você dá ficam parecendo esperanto.
Parabéns, Weden.
Com sua
Parabéns, Weden.
Com sua ironia peculiar, vose prova que se é (ou eh?) posivel complicar, porque complicar pouco?
Vamos complicar de verdade.
Faso apenas um adendo:
Em certos cazoz, o som antigamente grafado como “ca” pasará a ser escrito como “Ka” – ezpecialmente quando for o cazo de sugerir um som maiz forte, mais enfatico. Além do mais, ese “K” virá sempre em caixa alta.
Por ezemplo: “Karrão”. Não sujere muito melhor a idéia de um “grande carro”?
Eu apoio a reforma do Weden.
Eu apoio a reforma do Weden. Pode parecer estranha, mas acho q é melhor do q esta, q acabou ficando com mais exceções (ou esesões… nossa!) do q regras.
Abolir o cedilha é terrorismo
Abolir o cedilha é terrorismo de fundamentalista fonético.
Porra, e meu Eça de Queiroz???
O gajo diria, dando cambalhotas em seu túmulo: ‘Enough is enough’!!!
Maldito português? Por
Maldito português? Por quê?
Peço desculpa pelos erros de escrita, quando não se corrigi e se assume que não precisamos nos corrigir, os erros passam e se perpetuam.
O fato de o sujeito não está explícito não torna objeto em sujeito.
Em termos da discussão sobre policiamento, no fim depende da forma como se faz. Se for agressivo, querendo demonstrar a sua superiodade ou a inferiodade do outro. Não será bem vinda. Se for para melhorar, por favor, contribua.
Não tá sobrando tempo demais
Não tá sobrando tempo demais na vida da gente?
pq não simplifica de vez, acabando com hifens, acentos, separação silábica e, de quebra, com o emprego desse monte de filólogo e professor de gramática que não contribuem em nada para a vida de todos?
De que serve saber se é ditongo crescente? Se tem crase?
Vamos acabar com as regras gramaticais idiotamente ultrapassadas e que servem para manter alguns empregos, muitas editoras e comer o juizo da maioria da população.
Aproveita e acaba com esse negocio de acentuaçao, tb.
Esqueci:
Nassif, que tal dar
Esqueci:
Nassif, que tal dar uma olhada no verdadeiro absurdo em que se transformaram (ou sempre foram?) as tão afamadas Normas da ABNT.
Mudam toda hora, às vezes trocando virgula por ponto e Sigla por abreviatura…
TROCAM NADA POR NADA e, em seguida, alguns aposentados da própria ABNT (ou seriam da ativa), ou alguns espertalhões, lançam um novo livro com as alterações que os milhares de estudantes, pesquisadores e professores (todos absolutamente sem ter o que fazer, claro) são obrigados a adquirir sob pena de não terem seus trabalhos “aprovados”.
E ainda falam em simplificar o português…
Entendo a implicância com as
Entendo a implicância com as regras aberrantes sobre o hífen, mas não contra o próprio, tão simpático e tão prestativo à visão, fosse ele usado ad libitum, isto é, ao gosto do freguês, que usaria o prefixo soltinho no papel, grudadinho ao semantema, digo, à raiz, à palavra a que ele se refere, ou ligado amorosamente a ela pelo hífen.
Agora, a implicância com a graciosa cedilha, que parece o pega-rapaz de uma melindrosa, esta eu não entendo. Como dá trabalho digitá-la, se vem incorporada ao c na tecla entre o L e o til? Não se vá pôr na cedilha a culpa pelo fato de preferir um teclado gringo ao nosso teclado brasileiro.
Duvido que alguém continue implicando com a sensual cedilha — que até o séc. XVI era usado no começo de palavras, como çapato –, depois de ler esta sua encantadora definição, copiada e colada do Houaiss:
1 sinal gráfico em forma de pequena vírgula sotoposto desde o sXI no espanhol sob a letra c (antes de a, o e u), para indicar que o c não tem som de/k/, mas sim, de uma fricativa surda dental plana (ainda existente no espanhol da Espanha), e, na grafia do português arcaico, a exemplo do espanhol, o mesmo sinal, colocado sob a letra c antes de a, o e u, para indicar, talvez, a africada alveolar surda/ts/ [Este sinal desapareceu da grafia do espanhol, idioma em que o grafema ç foi substituído pela letra z.]
2 na ortografia atual do português (e tb. do francês), o mesmo sinal, colocado embaixo da letra c, indica na grande maioria dos dialetos a sibilante alveolar surda [s] do português moderno, som este indistinto (na maioria dos dialetos) do grafado com s, ss; é us. antes de a, o e u e nunca inicia palavra (p.ex., maça, buço p.opos. a maca, buco)
Se era para fazer alguma
Se era para fazer alguma reforma, que se fizesse uma reforma radical, que tornasse a escrita da língua portuguesa algo simples.
Trocaram seis por meia-dúzia e ainda levaram algum cascalho para isso.
E o hífen, hein! Fala sério,
E o hífen, hein! Fala sério, que tortura usar esse troço.