Ainda sobre Higienópolis

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EM DEFESA DE HIGIENÓPOLIS
by Marc Tawil on Friday, May 13, 2011 at 8:05am

Meu nome é Marc Tawil, 37 anos, judeu e morador de Higienópolis desde 1988. A chave do meu carro é um Bilhete Único da SPTrans, carregado semanalmente na lotérica da esquina da Alameda Barros com Avenida Angélica. Não faço parte de associações ou sindicatos mas, por toda a semana, fui obrigado a ler, na timeline do meu Twitter, Facebook e blogs de gente fina e sincera, que o bairro onde moro – até a semana passada “um lugar bacana, disputado por suas ruas arborizadas, onde ainda é possível fazer tudo a pé” – tornou-se, para o resto da Cidade, um covil de ratos segregacionistas e preconceituosos. Onde?

Nem eu, nem minha mulher, vizinhos, parentes ou amigos (felizmente, tenho muitos) fomos consultados por associações ou pelo Metrô para saber se o mesmo poderia desembarcar aqui. Certamente, eu diria que sim. Minha mulher, que usa o carro, também. Que diferença isso fez? Leio por aí que “em Higienópolis, moradores dizem que ‘prevaleceu o bom-senso’”. Quais moradores?

Vivem em Higienópolis cerca de 30 mil pessoas. Por que 3,5 mil respondem por todos? Onde está o Poder Público, que impõe tantas coisas e não impõe um serviço como o metrô, como fez em Pinheiros, Butantã, Itaquera e Vila Carrão?

Nóias e nazistas

Higienópolis, o bairro da #gentediferenciada do Twitter, também tem vizinhos menos conhecidos do grande público: usuários de crack, nóias, indigentes e catadores de papelão. Ninguém comenta? Claro que não… Não são humanos, são invisíveis. Como não são humanos os 6 milhões de judeus mandados para Campos de Concentração na Alemanha Nazista e na Polônia e que viraram motivo de chacota na internet. Afinal, é evidente que, nós, os racistas de plantão de Higienópolis, decidimos pelo não-metrô.

O “movimento contra Higienópolis”, que começou até de forma bem-humorada, com Churrascão no Shopping e o movimento “manda o metrô pra Pompéia”, hoje recheado de preconceito e antissemitismo, tem o seu lado bom: mostra que tem ou não opinião. Desmascara aqueles pegam carona na piada fácil e no preconceito dos comedians.

Atacar em grupo, especialmente atrás do micro, é sempre mais fácil. Na Alemanha Nazista, muita gente pacata e acima de qualquer suspeita fechou os olhos, enquanto os velhinhos da Higienópolis de lá eram queimados vivos e crianças tinham seus olhos e fígado arrancados a seco para “experiências médicas”.

Pensar um pouco antes de falar dá trabalho, né? Isso a gente deixa para “a gente cabeça” e o “judeu chato”.

Marc Tawil

Luis Nassif

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