As batalhas de Gleyser Ferreira

Enviado por Henrique Marques Porto

Um exemplo da resistência dos jovens e sua luta por acesso à Cultura, ao ensino e a bens básicos.

Postado no Facebook em 13 de agosto às 16:28

Por Gleyser Ferreira, Coordenadora do Cine Taquara, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

É foda ser produtor cultural, incentivar a galera a consumir arte e eu mesma não tenho grana pra acompanhar o que tá rolando no cenário cultural. Vocês precisam conhecer antes de julgar. Eu que vim da favela paulistana, a roça paulistana, caí no subúrbio mais afastado da cidade possível no Rio de Janeiro. Trabalho seis dias na semana, ganho $20 reais por dia, mesmo trabalhando com a família, não sei ainda se posso chamar isto de privilégio. Nós do Cine Taquara, mesmo atingindo recorde de público, só conseguimos bancar o transporte do som que nos emprestaram no último evento, porque uma irmã me doou $20 reais pra passagem. Nada que fazemos tem sido fácil, mas não desistimos. Então dêem oportunidade aos pobres produtores, aos jovens periféricos e artistas independentes!

Óbvio que, por mim, eu estaria fortalecendo os empreendedores periféricos, os brechós das manas, as joias dos manos, assistiria às peças, shows, eventos culturais de geral, apareceria nos chás de bebês todos… mas eu não tenho grana nenhuma. Fiquei um mês doente por não ter tempo ou dinheiro pra comer a comida que eu queria/precisava (natural, orgânica) na rua, só dá pra comprar aquele cachorro quente cheio de veneno por dois contos do podrão. Quando a gente não passa fome até chegar em casa. Travei faculdade, cursos que eu preciso fazer por falta de grana e por falta de tempo.

Sou a representação da juventude carioca.

Mesmo sem ver luz no fim do túnel pela situação econômica e política do país, seguimos agindo e agindo sem parar. Estudamos como podemos, nos ônibus e trens da vida… os livros que temos. Nem sempre os livros que queremos. Me perguntem como vai minha saúde mental. Se eu preciso de um abraço… não venha apontando dedos ou criando expectativas, nem as minhas to conseguindo alcançar.

Nota: Quem quiser ajudar Gleyser Ferreira e o Projeto Cine Taquara pode fazê-lo pela página no Facebook.