De início, a comunidade encaminha ao Iphan a proposta de inclusão na lista representativa da Unesco. O bem cultural deve atender aos requisitos de elegibilidade à Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, dispostos na Resolução 1/2009 do Iphan.
Se preenchidos, a proposta de candidatura, acompanhada da avaliação preliminar feita pelo Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan segue para avaliação da Câmara do Patrimônio Imaterial e do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. Tendo o aceite, o proponente então elaborará o dossiê de acordo com formulário da Unesco e com a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco de 2003, apresentando neste documento ao Organismo Internacional que o bem preenche requisitos de excepcionalidade cultural.
Se ganhar o título, o Complexo Cultural do Bumba meu Boi será o sexto bem brasileiro a integrar a lista internacional junto com a Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (2003), o Samba de Roda no Recôncavo Baiano (2005), o Frevo: expressão artística do Carnaval de Recife (2012), o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (2013) e Roda de Capoeira (2014).
Profundamente enraizado no cristianismo e, em especial, no catolicismo popular, o bumba meu boi envolve a devoção aos santos juninos São João, São Pedro e São Marçal, que mobilizam promessas e marcam algumas datas comemorativas. Os cultos religiosos afro-brasileiros do Maranhão, como o Tambor de Mina e o Terecô, também estão presentes nessa celebração, uma vez que ocorre o sincretismo entre os santos juninos e os orixás, voduns e encantados que requisitam um boi como obrigação espiritual.
Muitas vezes definido como um folguedo popular, o bumba meu boi extrapola o aspecto lúdico da brincadeira para fazer sentido como uma grande celebração em cujo centro gravitacional encontram-se o boi, o seu ciclo vital e o universo místico-religioso. Considerado a mais importante manifestação da cultura popular do Estado, tem seu ciclo festivo dividido em quatro etapas: os ensaios, o batismo, as apresentações públicas ou brincadas, e a morte. É vivenciado pelos brincantes ao longo de todo o ano.
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