Casal acusado de homofobia perde direito de adotar na Inglaterra

Em paises onde o Estado (entendido aqui os poderes Judiciário, Legislativo e Executivo) é laico, os dirietos das das pessoas estão acima de preceitos religiosos.

Do Le Monte, via Vermelho

Para Eunice e Owen Johns, casados há quase 40 anos, não pode haver sexo fora dos laços sagrados do casamento. É uma convicção profunda que habita esse homem e sua esposa, membros fieis da Igreja Pentecostal. Em sua opinião, ela torna condenável qualquer relação homossexual, da mesma forma que proíbe um homem e uma mulher de dividirem o leito antes de passarem diante do padre…

Por Virginie Malingre, para o Le Monde

Nesse contexto, julgou a Suprema Corte britânica, no dia 28 de fevereiro, esse casal de Derby (noroeste da Inglaterra) não pode assumir o papel de família adotiva. Os Johns souberam fazê-lo com seus filhos. Eles criaram quatro deles antes de acolherem cerca de quinze garotas e meninos sem lar. Os serviços sociais nunca tiveram do que se queixar a seu respeito, pelo contrário.

Mas desde 2007 as leis pela igualdade propostas pelos trabalhistas são muito claras. Quer se trate de uma adoção ou de acolhimento temporário, os municípios devem se assegurar de que as famílias a quem eles confiam uma criança preconizarão os benefícios da diversidade e da tolerância. Mesmo que isso vá contra suas crenças.

Diversidade acima da religião

Foi por isso que quando os Johns quiseram, em 2008, renovar seu acordo para receber em suas casas crianças de 5 a 8 anos, eles receberam uma recusa definitiva. “São pessoas hospitaleiras e gentis que sempre farão o máximo para que uma criança se sinta à vontade e bem-vinda”, pode-se ler no relatório que a prefeitura de Derby redigiu na época, mas “sua opinião sobre as relações de pessoas de mesmo sexo não é compatível com as exigências atuais e não está sujeita a mudar”.

Indignado, o casal atacou a decisão na justiça, argumentando que estavam sofrendo as consequências de seu engajamento religioso. “Não somos homofóbicos”, explica a sra. Johns, “a única coisa que nos recusamos a fazer é dizer a uma criancinha que a homossexualidade é uma coisa boa. Isso seria contrário a nossa religião”. Essa ex-enfermeira, de origem jamaicana como seu marido, afirma que nunca teve de falar sobre esse assunto diante de nenhuma das crianças de quem teve a guarda. E ela considera pouco provável que isso aconteça, levando em conta a idade de seus hóspedes.

A Suprema Corte não quis saber. Os direitos dos homossexuais, segundo os juízes, “passam à frente” dos direitos dos cristãos, dos judeus ou dos muçulmanos: “Nossa sociedade agora é pluralista e amplamente laica. Nós somos juízes laicos a serviço de uma comunidade multicultural”, e mesmo se deste lado do canal da Mancha existe uma religião de Estado, “a religião não é uma questão nem do governo, nem dos tribunais”.

O “Daily Telegraph”, conhecido por suas posições conservadoras, denunciou em um editorial “uma inquisição laica” que “obriga todos a aceitarem novas ortodoxias, podendo ser fichados como hereges em caso contrário”.

Tradução: Lana Lim

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=10&id_noticia=149059

Luis Nassif

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