Era uma vez 31!
Almir Forte
Ontem aconteceu o que por muito tempo foi apenas uma fantasia dos loucos e semeadores do caos que travestidos de democratas e defensores da família, da propriedade e do estado mínimo conseguiram a proeza de se assumirem como verdadeiros plutocratas que sempre foram.
Hoje se inicia um setembro negro, onde a primavera democrática que até ontem iluminou os poetas, escritores, trabalhadores, estudantes, mulheres, artistas, intelectuais e todos aqueles que nos últimos 52 anos ajudaram a construir o Brasil.
E aqueles que vestidos com a camisa da CBF foram para as ruas pedirem o afastamento da Presidente comemoram na Avenida Paulista, sob a proteção das forças de segurança que ontem espancavam, jogavam gás de pimenta, gás lacrimogênio e atiravam balas de borracha nos manifestantes contrários ao impeachment.
A presidente foi definitivamente afastada e em seu lugar empossado o temeroso que pretende se fazer temido e atende pelo nome de Temer. O fantoche de Eduardo Cunha que muito antes do que a presidente foi denunciado por corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro e outras canalhices mais bizarras e até o momento não foi cassado.
Mas, para matar o projeto de um país independente e soberano os conspiradores da FIESP em conjunto com os banqueiros, a mídia e seus lacaios no Congresso Nacional conseguiram afastar a Presidente que não cometeu nenhum crime de responsabilidade, de corrupção, de lavagem de dinheiro ou de manter contas secretas no exterior.
O seu crime foi ser uma mulher, ser eleita Presidente, reeleita por mais de 54 milhões de votos e não se iludir com aqueles que no passado beijavam suas mãos, enquanto aproveitavam para indicar os irmãos e afilhados em alguns cargos como fez um senador baiano capixaba.
Foi assim em 31 de março de 1964, foi assim em 31 de agosto de 2016, quando um senado a serviço de interesses que não se confessam, deram um golpe vestidos de terno e gravata, sem tanques ou baionetas, mas, com o firme propósito de fazer o Brasil ser novamente tutelado pelas potências do primeiro mundo em vez de fazer parte do primeiro mundo.
E assim ao raiar de mais uma primavera no século XXI, o dia 31de agosto repete como uma grande farsa o dia 31 de março de 1964. Inicia-se assim a grande noite com um amanhecer incerto e talvez distante demais para toda uma geração que lutou pela paz, pela liberdade e pela democracia.
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