Cultura negra, teatro e dança no Sesc Belenzinho

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Foto: Neander Heringer

Jornal GGN – Desde novembro, o público do Sesc Belenzinho, de São Paulo, teve oportunidade de apreciar as atrações da mostra “Motumbá: Memórias e Existências Negras”. Em janeiro, o projeto contará com uma mescla do contemporâneo e tradicional, com espetáculos teatrais, apresentações e oficinas de dança. Com curadoria do Sesc e João Nascimento, a mostra destaca a produção de matrizes africanas sobre suas trajetórias de vida, posicionamentos sociopolíticos e estéticos, celebrando o protagonismo negro. A mostra vai até março de 2017.

A programação apresenta, de 13 e 22 de janeiro, o espetáculo “Namíbia, Não! ”, dirigido por Lázaro Ramos, que já passou por diversos estados brasileiros e chegou a Portugal. A comédia-dramática apresenta o diálogo profundo entre dois amigos, que se trancam dentro de um apartamento enquanto, do lado de fora, negros são pegos pelo governo brasileiro para serem enviados à África, numa espécie de revés da diáspora vivida pelos africanos no Brasil na escravidão.

Entre as atrações de dança haverá duas apresentações de Jongo, uma dança tradicional africana precursora do samba. No dia 15 de janeiro, a “Roda de Jongo”, fica por conta do Grupo Filhos da Semente. Já no dia 29, o “Jongo” será com a Comunidade Jongo Dito Ribeiro. Os coletivos também oferecerão aulas gratuitas da dança, no dia de suas apresentações.

Nos dias 29 e 27 de janeiro, o palco será da Capulanas Cia de Arte Negra, que apresenta a montagem “Sangoma”. A trama traz a história de seis mulheres sangomas (curandeiras), que moram em uma casa sagrada com laços ancestrais. Nessas mesmas datas, o público poderá conferir o espetáculo de dança “Suave”, com dançarinos comandados pela coreógrafa Alice Ripoli, que trazem a dança do passinho (um misto de frevo, samba e hip hop). O grupo também ministrará oficinas abertas a todos.

A palavra “Motumbá”, escolhida para intitular o projeto, é de origem Yorubá e, mais do que uma saudação, significa “bênção” entre os nagôs (identidade étnica criada pelo tráfico de escravos). O evento pretende recontar mitos e colocar o foco das discussões em memórias e tradições, apresentando novas linguagens e criações, discutindo a existência, refletindo e problematizando a história e suas narrativas, a fim de revelar as belezas negras da sociedade brasileira.

“É uma oportunidade para construir e apresentar a diversos públicos um abrangente panorama artístico produzido por brasileiros, bem como artistas estrangeiros convidados. Reunir, em um único espaço, artistas da cena preta como um ato simbólico de afirmação, valorização e fortalecimento das culturas de resistência ao mercado eurocêntrico que privilegia determinadas linguagens, estilos e pensamentos. Esta mostra contempla a magnitude de poéticas, estéticas e temáticas a partir de abordagens representativas produzidas e interpretadas por grupos e artistas negros e/ou periféricos e/ou trabalhos sólidos que possuem profundidade e verticalidade em pesquisas acerca de uma cultura brasileira de matrizes africanas, legitimados por trajetórias de vida e posicionamentos sociopolíticos”, destacou a equipe de curadores.

 

Confira a programação:

Namíbia, Não!

Direção Geral de Lázaro Ramos

Em 2016, o governo brasileiro decretou uma Medida Provisória obrigando que todos os de ‘melanina acentuada’ sejam capturados e enviados imediatamente à África, provocando, em pleno século XXI, o revés da diáspora vivida pelo povo africano do Brasil escravocrata. A medida é uma ação de reparação social aos danos causados pela União. Mas, para não incorrer no crime de invasão de domicílio, eles só podem ser capturados na rua. Assim, André e Antônio passam o dia trancados no apartamento, debatendo as questões sociais e econômicas da vida atual, seus anseios pessoais e as consequências de um iminente retorno à África-mãe.

Direção: Lázaro Ramos. Texto: Aldri Anunciação. Elenco: Fernando Santana e Aldri Anunciação. Light Designer: Jorginho de Carvalho. Adaptador De Luz / Operação De Luz: Thatielly Pereira.Cenário: Rodrigo Frota. Cenotécnico/Contrarregra: Rayner Basílio. Figurino: Diana Moreira.Sonorização/Operação De Som: Raif. Vídeo Visagista/Operador De Vídeo: Maicon Brasil. Produção Executiva: Leonel Henckes. Coordenação De Produção: Aldri Anunciação. Produção: Melanina Acentuada Produções.

Quando: de 13 a 22 de janeiro. Sextas e sábados, das 21h30 às 22h40; domingos, das 18h30 às 19h40

Na Salaespetáculo I

Classificação: Não recomendado para menores de 12 anos.

Ingresso: R$20,00 / R$10,00 / R$6,00

Sangoma

Com Capulanas Cia de Arte Negra

O espetáculo narra a história de seis mulheres Sangomas que habitam uma casa sagrada com laços ancestrais. Estas mulheres romperam o silêncio e compartilham suas histórias de vida e seus caminhos para chegar à cura.

Direção: Kleber Lourenço. Direção Musical: Naruna Costa. Textos: Cidinha da Silva e Capulanas.Elenco: Adriana Paixão, Carol Ewaci Rocha, Débora Marçal, Flávia Rosa, Priscila Obaci, Rosse de Oyá.

Quando: dias 27, 28 e 29 de janeiro. Sexta e sábado, das 21h30 às 22h50; domingo, das 18h30 às 19h50

Na Sala Espetáculo I

Classificação: Não recomendado para menores de 12 anos.

Ingresso: R$20,00 / R$10,00 / R$6,00

Espetáculo Suave

Suave consegue traduzir com maestria toda a complexidade e inventividade do passinho, assim como sua energia e alegria única, através do refinamento e do fio condutor criado pelo olhar contemporâneo da coreógrafa Alice Ripoll. “Tudo é uma questão de flow, de manhã, não tem o erro, o atraso, o que saiu da linha, porque o que realmente importa é o jeito: como você vibra, como você pulsa, como se move? Se a gente força, não acontece o que era para acontecer, perde a espontaneidade. Então tenho que fazer outras coisas para estar trabalhando, não as que eu costumo fazer. Mas criar é mesmo inventar novos modos de criação. Que desafio pode ser maior?”

Quando: dias 27, 28 e 29 de janeiro. Sexta e sábado, das 20h às 20h50; domingo, das 17h às 17h50

Na Sala Espetáculo II

Classificação: Não recomendado para menores de 12 anos.

Ingresso: R$20,00 / R$10,00 / R$6,00

Apresentação Roda de Jongo

Com o Grupo Filhos da Semente

Esta é uma manifestação afro-brasileira do sudeste do país que surgiu na época da escravidão. Também conhecido como Caxambu, é um jogo de responsório (com cantos de dizeres e respostas) cheio de metáforas, como estratégia utilizada pelos negros para combinações de festas e também fugas, sem que os donos das fazendas imaginassem o que se cantava ao som do batuque.

Quando: dia 15 de janeiro, domingo, das 18h às 19h

Na Praça Central

Classificação: Livre.

Grátis – Sem retirada de ingressos

Jongo 

Com a Comunidade Jongo Dito Ribeiro

Apresentação com a Comunidade Jongo Dito Ribeiro, de Campinas (SP). Considerado um dos precursores do samba, o Jongo é composto por elementos de dança, canto e percussão de tambores. Sempre propiciou a transmissão dos saberes entre gerações e hoje está nas periferias urbanas e em algumas comunidades rurais do sudeste brasileiro. Em 2005, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) reconheceu o Jongo do Sudeste como patrimônio cultural brasileiro de natureza imaterial.

Quando: dia 29 de janeiro, domingo, das 18h às 19h

Na Praça Central

Classificação: Livre.

Grátis – Sem retirada de ingressos

Oficina Causos e Passos do Jongo

Com Jociara Souza, dirigente do Grupo Filhos da Semente

Nesta atividade os participantes aprenderão os principais passos e ritmos tocados nesta dança, como também conhecerão um pouco da trajetória de mestres jongueiros e de Jociara Souza. O Grupo Filhos da Semente nasceu em 2012 na cidade de Indaiatuba (SP).

Quando: dia 15 de janeiro, domingo, das 14h30 às 16h30

Na Expressão Corporal 2

Classificação: Livre.

Grátis – Entrega de senhas no local com 30 minutos de antecedência

Oficina de Passinho

Com o Grupo Suave

Os dançarinos do espetáculo Suave oferecem oficina de passinho para o público de todas as idades. O passinho atualmente é uma explosão cultural na cidade do Rio de Janeiro, dos vídeos postados no Youtube, das Batalhas, das Dancinhas e do sucesso pop do grupo dreamteam do passinho. Oriundo do funk carioca, o estilo pode ser considerado um dos primeiros estilos de dança urbana, genuinamente brasileiro. Ele surgiu em comunidades carentes na atual conjuntura pós-UPP, com a democratização ao acesso à internet e dos smartphones. O passinho é antropofágico, se apropria de diversos estilos (frevo, samba, hip-hop, gay dance style) para compor seu repertório de movimento e utiliza as ferramentas digitais de uma forma única e própria para sua disseminação.

Público: interessados em geral.

*Inscrições: até dia 24 de janeiro, por meio de envio de currículo resumido para [email protected]. Os candidatos selecionados serão avisados por e-mail até dia 26 de janeiro.

Quando: dia 28 de janeiro, sábado, das 15h às 18h30

Na Salaespetáculo II

Classificação: Livre.

Oficina Jogue Esse Jongo

Com a Comunidade Jongo Dito Ribeiro

Troca de saberes e Vivência com a Comunidade Jongo Dito Ribeiro, de Campinas (SP). Também conhecido como Caxambu, o Jongo é uma forma de expressão que integra percussão de tambores, canto e dança de diversas formas e, dependendo da comunidade que o pratica, assegura a diversidade a valorização dos enigmas cantados e o elemento coreográfico. Nesta vivência os participantes podem conhecer a história da dança e o trabalho realizado na comunidade.

Quando: dia 29 de janeiro, domingo, das 14h30 às 16h30

Na Expressão Corporal 2

Classificação: Livre.

Grátis – Entrega de senhas no local com 30 minutos de antecedência

Serviço

M O T U M B Á – Memórias e Existências Negras

Temporada: Até março de 2017

Local: Sesc Belenzinho  

Endereço: R. Padre Adelino, 1000 – Belenzinho, São Paulo – SP, 03303-000

 Mais informações: (11) 2076-9700

Agendamento de grupos: pelo e-mail [email protected]  ou (11) 2076-9704. Atendimento das 10h às 17h.

Estacionamento: Credencial Plena – Primeira hora: R$ 4,50. Adicional por hora: R$ 1,50.
Outros – Primeira hora: R$ 10,00. Adicional por hora: R$ 2,50. 

*Preço promocional para espetáculos – Credencial Plena:  R$ 5,50. Outros: R$11,00.

Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

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