Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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Curta da Semana: “Bloody Dairy” – Por que os gatos dominaram a Internet?

 

O curta “Bloody Dairy” (2015), projeto de 100 dias de animações em gif, e mais uma amostra de como os gatos cada vez mais estão tomando conta da Internet com memes e vídeos virais, superando os seu eternos rivais: os cães. Tornou-se fenômeno cultural, merecendo até uma exposição no Museum of Moving Image em Nova York. Por que gatos ao invés de cachorros? A questão pode parecer inútil e superficial, mas também pode nos conectar com os milenares simbolismos ocultos e esotéricos dos gatos como guardiões e mediações com outros mundos. Portanto, para onde os gatos nos apontam em memes e vídeos? Estamos diante de um fenômeno sincromístico em plena cultura high tech?

Bloody Dairy é um projeto para 100 dias de animações diárias. A animadora e designer Min Liu criou um gif animado por dia nesse período de tempo. Tudo feito à mão, frame por frame, inspirado em momentos cotidianos de encontro com objetos, fantasias mas, principalmente, com gatos.

Para Min Liu a melhor parte do projeto era a necessidade de terminar a animação,  fazer o upload antes da meia noite de cada dia e receber o feedback das pessoas em várias partes do mundo.

O projeto Boody Dairy foi inspirado em um outro projeto atualmente em curso no Instagram criado pela revista nova-iorquina de arte e design The Great Discontent (TGD) chamado “What Could You Do With 100 Days of Making?”

Mas o interesse do “Cinegnose” em indicar o Bloody Dairy como o “Curta da Semana” é porque essa animação é mais um exemplo da invasão atual dos gatos na Internet: memes, vídeos virais e fotos de gatos em situações divertidas, façanhas absurdas, inusitadas – LOLcats, Lil Bub, Nyan Cat etc.

Como os gatos dominaram a Internet?

Uma tendência tão crescente nos últimos anos que chegou a merecer uma exposição no Museum of Moving Image em Nova York, que vai até fevereiro de 2016, intitulada “How Cats Take Over The Internet” – “Como os Gatos Dominaram a Internet”. A exposição mostra a história dos gatos online examinando fenômenos como Caturday, LOLcats, Cat Videos, Celebrity Cats e toda sorte de espécies de felinos que vem acompanhando gerações de usuários na Internet.

A exposição também tenta encontrar uma explicação para esse aparentemente frívolo fenômeno: antropomorfismo? A estética da fofura? A ascensão de conteúdos gerados pelos usuários?

A exposição faz uma intrigante pergunta: Por que gatos ao invés de cachorros? Há também uma abundância de vídeos de cachorros, mas os gatos são os mais propensos a viralizarem, chegando ao ponto de serem publicados livros como “Como Tornar Seu Gato uma Celebridade na Internet” da escritora Patricia Carlan.

A qual resposta chega a exposição? É intrigante: os cães geralmente reconhecem as câmeras (e mais provavelmente seus donos) e, na sua ânsia de tentar agradar, tornam os vídeos menos espontâneos e interessantes. Cães interagem com a câmera. Ao contrário, os gatos são mais estoicos, indiferentes e independentes – parecem desprezar a câmera e o seu dono que o observa.

Numa cultura da pose e das selfies, iniciada pela fotografia no século XIX e que chega ao paroxismo na atualidade com YouTube e celulares, as façanhas de seres tão indiferentes e independentes como gatos nos intrigam. Diante das câmeras, não sabemos o que farão.

Por isso o gato seria um bicho perfeito na Internet para dois prazeres humanos: o voyeurismo e o antropomorfismo – diante das ações indiferentes do gato parece que somos observadores poderosos que vê um personagem que parece não saber que estamos ali; por isso, o gato transforma-se numa tela perfeita para a projeção das emoções humanas. Assim como os quadrinhos e animações do gato Garfield, a síntese das imperfeições humanas mais “adoráveis” – odeia as segundas, balanças, regime e adora lasanhas, a preguiça e ficar diante da TV de bobeira.

Gatos como fenômeno sincromístico

Mas também poderíamos estar diante de um fenômeno sincromístico, principalmente sabendo-se que o gato possui uma longa trajetória de simbolismos associado ao Oculto e o Esotérico.

 

Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

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  1. Diante de toque de recolher, memes com gatos viram febre entre m

    Diante de toque de recolher, memes com gatos viram febre entre moradores de Bruxelas

    Da BBC 

    http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151123_belgica_gatos_hb

    Twitter

     

    No domingo à noite, em meio a uma grande operação se segurança em Bruxelas, autoridades pediram ao público que não informasse a localização e movimentação de agentes policiais na internet.

    A capital belga está em estado de alerta desde sábado; a polícia busca por Salah Abdeslam, suspeito de ser um dos atiradores nos ataques de Paris, que deixaram 130 mortos. Autoridades anunciaram que escolas, autoridades e o metrô da cidade seguiriam fechados nesta segunda-feira.

    No Twitter, a hashtag #BrusselsLockdown vinha sendo a mais popular para falar sobre as operações que paralisaram a capital. Mas no domingo à noite, após o apelo das autoridades, o termo foi superado por usuários postando imagens e vídeos de gatos, para garantir que quaisquer detalhes das operações saíssem do topo.

    Alguns usuários atenderam ao pedido das autoridades ao escreverem mensagens em estilo jornalístico.

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