Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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O Coringa e o Sincromisticismo – parte 2

Atores como médiuns (no mínimo, personalidades fragmentadas) recrutados pela indústria de entretenimento para servirem de canal para formas-pensamento elaboradas a partir do vasto material arquetípico da psique humana. Em alguns momentos os ecos dessa realidade mais divina e profunda (os arquétipos autênticos, um texto deixado deliberadamente oculto pela indústria do entretenimento) alcançam nossos ouvidos ao sabermos de mortes como a do ator Heather Ledger, consumido pelas formas-pensamento do psicopata arquetípico Coringa.

Essa hipótese de Jason Horsley (filósofo e crítico de cinema norte-americano), apesar de impregnada de pesado tom conspiratório, é interessante na medida em que aponta para o destino do ator na sociedade contemporânea. Desde o desenvolvimento do “Método” do famoso Actors Studio de Nova York ao ator não basta representar os personagens, mas precisa vivenciá-los através de “laboratórios”, encontrando na própria personalidade elementos psíquicos que o ligue ao papel.

Nunca me esqueço da resposta dada pelo ator Paulo Autran no antigo programa “Matéria Prima”, apresentado pelo Sérgio Groisman, a uma típica pergunta estilo “Vídeo Show”: “dos personagens que você desempenhou na carreira, qual tinha mais a ver com você?” “Nenhum!”, respondeu enfático Autran. E explicou que a função do ator é representar e não ser o próprio personagem.


Essa técnica clássica cai em desuso com o “Método” surgindo duas conseqüências: atores que interpretam a si mesmos ou atores fragmentados esquizofrenicamente em múltiplas personas. Fragmentado, o indivíduo não consegue alcançar a simbolização que, para a psicanálise, é o momento de distanciamento para a compreensão da cena traumática. Ao cair de cabeça na cena, repete-a intensamente como clichê levando a desorientação esquizóide ou neurótica. Para Horsley, essas personalidades fraturadas tornam-se canais inconscientes de todo magma do inconsciente coletivo levando a consumação (e até a morte) do próprio ator e a fácil manipulação pelos modelos da indústria de entretenimento.

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Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

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