O painel Tiradentes

Acabo de ler no Estadão (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100729/not_imp587511,0.php) sobre o retorno ao Brasil, para um visitinha – claro, dos espetaculares painéis de Guerra e Paz do Portinari. Imediatamente este fato me fez lembrar de outro painel dele que, para o Brasil, seja talvez muito mais significativo.

Estou falando do Painel Tiradentes, criado por Portinari em 1948 e cujo viés estético era uma prévia do que seriam os painéis famosos da sede da ONU.

Falo com orgulho do painel Tiradentes porque ele foi pintado (a pedido da família Peixoto, os grandes industriais do tecido) para o saguão do Colégio Cataguases, cujo edifício foi projetado pelo Niemeyer.

O painel Tiradentes retrata, quase como uma cena de filme, toda a história do enforcamento do Tiradentes. Todo ele é uma linda homenagem a um dos maiores movimentos políticos da história do Brasil, cujo chão e personagens eram mineiros: a Inconfidência.

CuriCuriosamente, e infelizmente, o painel foi retirado de Cataguases e vendido ao governo de São Paulo nos anos 70. Hoje ele está no Memorial da América Latina. Mas os mineiros, os de Cataguases pelo menos, sempre contam esta história da saída do quadro de Minas Gerais com muita tristeza. No saguão do colégio Cataguases, hoje, paira uma imensa cópia do painel que, coisas da vida, foi renovada a poucos anos com direito a inauguração do vice-governador de Minas de então, no caso, o Anastasia.

O que me acabrunha nessa história toda é que enquanto o Colégio foi particular (até o Chico Buarque estudou lá, quando adolescente), o painel original lá esteve. Quando foi transformado em escola pública o estado desobrigou-se de cuidar do patrimônio.

Abaixo, duas fotos: o painel Tiradentes e a cópia do painel no saguão do colégio Cataguases (2008). No caso da foto do colégio, reparem a harmonia perfeita entre a arquitetura (espaço, luz, vazios de contemplação, mobília) e o painel. Esta foi uma geração de ouro para o Brasil. 

Luis Nassif

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