O show no Ibirapuera em prol do Instituto Brincante

Enviado por MiriamL

Da Rede Brasil Atual

Ibirapuera tem ‘brincada’ e show de Antonio Nóbrega neste domingo
 
Atividade é parte de campanha que tenta impedir interrupção dos trabalhos do Instituto Brincante por conta de ação de despejo

São Paulo – Ameaçado de despejo, o Instituto Brincante, promove um show neste domingo (3), a partir das 16h. O evento faz parte das atividades de mobilização em prol do movimento #ficabrincante, que tem alcançado milhares de pessoas pelas redes sociais. O instituto que promove cursos e atividades de preservação e disseminação da diversidade da cultura brasileira é coordenado pelo multiartista Antonio Nóbrega e pela atriz, dançarina e educadora, Rosane Almeida. Mas corre o risco de perder o espaço onde atua, na Vila Madalena.

A programação deste domingo terá início com uma “Brincada” em frente à plateia externa do Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer, em que professores, alunos e ex-alunos do Brincante, além de artistas convidados, vão conduzir atividades de dança, música, oficinas de brinquedos e brincadeiras.

“Queremos reunir artistas de São Paulo de todas as linguagens, como acróbatas, palhaços, dançarinos e contadores de histórias”, diz Rosane. Em seguida, às 18h, Antonio Nóbrega e músicos sobem ao palco do Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer para um show com música e dança.

Durante a apresentação, serão exibidas cenas do filme Brincante, dirigido por Walter Carvalho, sobre a trajetória artística de Nóbrega, cuja estreia está prevista para o próximo mês de novembro. O evento termina com uma grande ciranda, onde todos poderão tocar cantar ou dançar numa mesma roda.

Disputa imobiliária: espaço fundado em 1992 pode encerrar atividades

O Instituto Brincante, centro de estudo e pesquisa de arte e cultura brasileira que há 21 anos ocupa um espaço de 800 metros quadrados na Rua Purpurina, Vila Madalena, zona oeste da capital paulista, está com a manutenção de suas atividades ameaçada desde maio, quando recebeu notificação que pedia a desocupação do imóvel em 30 dias, sob pena de sofrer ação de despejo. O casal tem prorrogado judicialmente a permanência no local – que provavelmente estaria vendido para à incorporadora Pedra Forte, de grande atuação em empreendimentos imobiliários no bairro.

A publicação dessa notícia no portal Catraca Livre, em julho, provocou grande repercussão entre professores, alunos, parceiros e admiradores do Brincante, que logo saíram em defesa da manutenção do espaço cultural pelas redes sociais (com a hashtag #ficabrincante). Alunos criaram uma página no Facebook. O Instituto Alana, que já colhia depoimentos que pudessem promover mobilização, postou um vídeo em que Rosane questiona qual o lugar da cultura na cidade, em meio à especulação imobiliária e o seu poder econômico. Tanto Rosane como Nóbrega têm se manifestado e pedido apoio por meio de suas contas no Facebook e da página do Brincante na rede social.

Segundo a advogada Renata Maluf, o proprietário da área, César Alves, entrou com pedido de liminar para a desocupação na 5ª Vara do Fórum de Pinheiros em 21 de julho. “Se a liminar for concedida, o Brincante terá 15 dias para deixar o espaço”, diz. O instituto entrou com recurso, argumento que sua atividade é equiparável à de uma escola formal, fiscalizada pelo Ministério da Educação. Alega ainda falta de boa fé contratual (na ação, sustentam que não fizeram a venda do imóvel, mas Cesar Alves confessou que o vendeu) e; obrigação de garantir o direito de preferência ao Brincante em razão da venda realizada.

O Brincante já atendeu diretamente mais de 20 mil alunos, entre eles mais de 2 mil educadores que disseminam a cultura popular em suas atividades de trabalho, majoritariamente educação infantil. O instituto também oferece cursos, oficinas, palestras e espetáculos para escolas e entidades.

Se Ariano Suassuna não tivesse me convidado…’

 

anobrega.jpgQual é sua grande paixão, música ou dança?
Eu não conseguiria ser um artista filiado a um único desses universos. Gosto muito da dança, mas gosto com muita intensidade do violino. Não pratico uma manifestação artística só com o fim de me expressar, mas também de me colocar um pouco mais dentro de mim mesmo. A pessoa pode não ser dançarina profissional, mas ao praticar uma dança ela se reequilibra um pouco consigo mesma. Como eu também acredito que, para quem toca um instrumento – mesmo não sendo um profissional –, no momento em que ele está com um instrumento tem algo de terapêutico. Por isso tenho dificuldade de dizer qual é minha maior paixão. Eu gosto do conjunto, da soma.

Essa multiplicidade foi planejada?
Quando Ariano (Suassuna) me chamou para o Quinteto Armorial foi na condição de músico instrumentista. Mas, antes do Quinteto, eu tinha um conjunto com as minhas irmãs, em que já me exercitava como bailarino, quando tinha de 13 a 16 anos. Então, com o convite de Ariano, eu apenas fiz uma pausa. Porque, à medida que comecei a me encontrar, a descobrir os artistas populares, fui retomando a dança. Mas já sob um novo olhar, uma nova orientação.

O que despertou em você a cultura popular?
Se o Ariano não tivesse me convidado (para integrar o Quinteto Armorial), eu provavelmente desconheceria.

Como ele o descobriu?
Eu fazia parte de algumas orquestras, a Orquestra Sinfônica, a Orquestra de Câmara da Paraíba, e ele me viu tocando um concerto de Bach, na Igreja de São Pedro dos Clérigos, no Recife. Ele precisava de um violinista e me chamou. Mas até àquela altura eu, como os demais filhos da classe média brasileira, desconhecia a cultura brasileira em geral e, particularmente, a nossa cultura popular. Comecei a conhecer os Cantadores, o Bumba meu Boi, a música dos Caboclinhos, dos Maracatus, a figura do passista, e todo esse elenco de artistas e manifestações foi me fascinando, me seduzindo intensamente. Isso foi um processo longo, de mais de dez anos, que continua ainda hoje, de apreensão desse universo, que veio se tornando a referência maior para meu trabalho de criação. Não a única. Mas o chão maior sobre o qual o meu trabalho repousa.

Leia entrevista completa da Revista do Brasil

 

Redação

2 Comentários

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  1. Olha, eu realmente simpatizo

    Olha, eu realmente simpatizo com a proposta artística do Instituto Brancante. No entanto, eu me pergunto – e essa é uma pergunta sincera – o IB faz algum tipo de trabalho social com crianças carentes ou pessoas de baixa renda? Eu estou completamente enganado – e essa é também uma pergunta sincera – ao afirmar que esse é um programa feito pela classe média, num bairro de classe média (Vila Madalena) e, portanto, para classe média? O site do IB diz que um curso custa em torno de R$ 150 mensais. Quem pode pagar por isso? 

    São perguntas, talvez “sem pé nem cabeça”, feitas por um chato que não morre de simpatia pela classe média branca paulistana.

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