Pensadores e “pensa-dor”

Caros e nobre geonautas,

Comentário ao meu post: Eric Hobsbawm: O último iluminista

Gostaria de fazer um comentário sobre o artigo. No penúltimo parágrafo do artigo, Luiz Carlos, diz sobre Hobsbawm:

“Sua confiança em que a razão humana acabará por prevalecer fica, também, evidente em um artigo para o jornal londrino “The Guardian”, intitulado “O socialismo faliu. Agora o capitalismo quebrou. O que vem depois?” (10 de abril de 2009). Neste texto, escreveu que a crise de 2008 tinha enterrado a visão simplista de liberalismo. Para ele: “Estamos livres para retornar à economia mista.” Finalmente, sustentava que é necessário voltar à convicção de que “o crescimento econômico e a afluência são um meio ee não um fim. O fim é o que é feito com as vidas, com as oportunidades de vida e as esperanças das pessoas.”

Eu fico aqui pensando, o que ele realmente quer dizer com “Sua confiança em que a razão humana acabará por prevalecer…”.

Eu tentarei explicar, pois nos últimos tempos, as certezas da formação em engenharia, do cálculo exato, quase não existe, penso que estou em crise comigo mesmo, mesmo uma simples afirmação em debate, como ocorreu no último forum (29º Fórum Brasilianas.org – O Nordeste e a Nova Economia – minha argumentação no vídeo, entre 24 a 28:30 min), que o Nassif havia dito em sua fala inicial, (…) “hoje somos um país maduro“, quando pedi a palavra, argumentei, “Nassif eu tenho dúvidas, eu ainda não acredito nessa afirmação“. A crise chegou, pois só consigo fazer pergunta e quase não encontro resposta, para quem sonhou em ser engenheiro quando o homem chegou na lua, em 20 de julho de 1969, é uma mudança radical.

Sobre a razão humana de que fala Luiz Carlos Prado, estou mais para Paul Feyerabend, “Adeus Razão”, ao longo de nossa milenar história, a 2500 anos Aristóteles disse, “O homem é um animal racional“, e nós desde então repetimos sua ideia. No último quarto do século XVI, Michel de Montaigne, disse, “O homem é um animal que crê“, mas não foi ouvido ou pouco ouvido, como por exemplo o conservador e brilhante pensador espanhol, Ortega y Gasset na primeira metade do século XX, outro, em meados do século XX, o poeta e ensaista americnaco-inglês, T. S. Eliot, afirmou, “persistimos em crer“.

Creio que a antropologia não confirma a pretensão, ou suposta pretensão do escritor do artigo, alias o mundo ficaria bem melhor se todos os cursos fossem extintos e ficar somente curso de antropologia. 

Para repensar a crise do individualismo ocidental (além do capitalismo, comunismo e liberalismo, ou o mero debate imediato e raso, da crise econômica), é importante entendermos a essência do “Pensamento Selvagem”, o outro não é o outro (individualismo ocidental), o outro é um outro “eu” (“Pensamento Selvagem”  e “Perspectivismo Ameríndio”, Oswald de Andrade e Eduardo Viveiros de Castro), como ele diz, “o pensamento selvagem é um conceito chave, Oswald de Andrade, acertou agudamente a questão”, que poderá vir a ser muito importe no mundo contemporâneo que vivemos.

O antropólogo, Eduardo Viveiros de Castro, disse em 2007 (Itau Cultural – Memória do Futuro: Universos e Metaversos):

,  (…) a mais pessoas entre o céu e a terra do que supõe a nossa antropologia,…, , se uma máquina pode pensar pareceria perfeitamente redundante ao índio, enfim, porque pensar, uma porção de coisa pode pensar, pensar não chega a ser uma característica exclusiva da espécie humana, então, porque não a máquina também?

 Como diz John Gray (Carta Capital, N: 717, p:74-78):

CC: Em seu livro Straw Dogs, o senhor diz que os humanos não são diferentes de animais?

JG: Eu digo algo mais forte: eles são animais.

 E também ao pensador Jacques Derrida em ensaio de 1999: “O animal que logo sou”, na qual escrevi o que poderá vir a ser minhas palavras inicias para uma fututo livro de memórias, apenas uma ideia, mas “uma ideia não tem mais valor do que uma metáfora; em geral tem menos” (Antonio Machado). Está aqui:

Quem sou e de onde vim? (Vida e aventura do ‘animal que logo sou’)

 

 

Precisamos mudar nosso curso civilizacional, como escreveu Alvin Gouldner, (…) “é necessário “abandonar o pressuposto muito humano, mas elitista, de que os outros crêem movidos por interesses, enquanto que eles (cientistas) crêem em obediência aos ditames da lógica e da razão”, (Alvin Gouldner).  Como Gunnar Myrdal, “A ciência nada mais é que o senso comum refinado e disciplinado”, Como a carta que Freud escreveu a Einstein em 1932,  “Não será verdade que cada ciência, no fim, se reduz a um certo tipo de mitologia?”, Como a antropologia de Émile Dukheim, “(…) as categorias mais fundamentais do pensamento e, conseqüentemente, da ciência, têm sua origem na religião.”, Émile Durkheim. Como escreveu em 1982, Rubem Alves,

“A ciência é um fato social, como muitos outros, tais como religião, família, exércitos, partidos políticos: instituições que se organizaram em torno de certos problemas e estabeleceram regras para o seu funcionamento.”

(…) “Preconceito e resistência parecem ser mais a regra do que a exceção no desenvolvimento científico avançado.”

Filosofia da Ciência, Rubem Alves, p. 155, 160.

 

O DILEMA de EPICURO

(a impressão que se tem, parece que foi escrito ontem, tamanha é relação com nossa realidade)

Escreveu EPICURO  a Meneceu (há XXIV séculos):

Quando ao destino, que alguns consideram o senhor de tudo, o sábio ri-se dele. De fato, mais vale ainda aceitar o mito sobre os deuses do que se sujeitar ao destino dos físicos. Pois o mito nos deixa a esperança de nos conciliarmos com os deuses através das honras que nós lhe rendemos, ao passo que o destino tem um caráter de necessidade inexorável.”

Ilya Prigogine, O Fim das Certezas, Ilya Prigogine, Pág. 17

A (Des)Construção desse nosso mundo, que vem em movimento contínuo há séculos, milênios, é a tarefa mais desafiadora da nossa civilização, pois como sabemos “a única certeza inabalável que temos, pela história, pela arqueologia, pelos poetas e pela Eclesiastes, é que todas as civilizações perecem,…, temos condições tecnológicas para sermos mais insanos do que os nossos antepassados” (Alfredo Bosi, Carta Capital, N: 717, p:90-91).

“O homem não tem natureza, tem história” (Ortega y Gasset)

Será que nós, “o animal que logo somos” (Derrida), seremos capazes de mudar o curso da história de milênios, como nos alerta os pensadores?

Eu confesso-lhe: Tenho dúvidas.

Gostaria de encerrar com algumas palavras sobre o comentário de Leandro Vieira.

Tem pensadores e pensadores, seja de esquerda ou de direita, agora também existe o que chamo de “pensa-dor”, seja de esquerda ou de direita. Sobre “pensa-dor” de esquerda, fiz um texto recente, foi o que li no debate e lançamento do livro de André Singer (Os Sentidos do Lulismo), e o Chico de Oliveira não quis responder a minha provocação e insinuou que estava pronto para (chamou) para conversar lá fora (tipo acerto de conta no tapa- foi o que entendi). O Nassif colocou o texto como post no mesmo dia, a noite, aqui:

O Lula “é sem caráter” ou “herói sem nenhum caráter”?

Enviado por luisnassif, ter, 18/09/2012 – 21:33

 

Pela direta, já citei um conservador brilhante, Ortega y Gasset, no próprio texto, Luiz Carlos fala sobre a relação entre Hobsbawm e o conservador Neil Ferguson, o historiador inglês de Harvard, faz elogios rasgado a Hobsbawm.

Os de direita míope e burra , o que parece ser o caso do nosso colega de direita, para usar uma expressão do representante mor da direita, o “imbecil coletivo” (Olavo de Carvalho), pois, a mim, parecer ser um típico seguidor do  criador da frase, que até paga para ver ele falar pela internet, como alguém já disse, a “inteligentsia estúpida” humana não tem limite .

            Como diz Edgar Morin, “Sete Saberes Necessário para a Educação do Futuro” (2000), se tira uma palavra da frase, ou uma frase do contexto, e usa-se na retórica, de forma apelativa, pois a palavra amor, não tem a mesma conotação, numa relação entre pais e filhos, entre marido e esposa, ou numa casa noturna (“night club”).

            “A vida como ela é”, já dizia Nelson Rodrigues, gritando de cima de uma mesa, “sou o único reacionário do Brasil”, nessa segunda frase ele estava errado, como vemos aqui.

Sds,

Redação

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