A máquina do mundo (pós Drummond), 3
por Romério Rômulo
E como eu fosse, à tua revelia
o próprio mundo que revela, triste
a dor de ser o bicho e a sua carne
E como eu não coubesse em tua mão
arrebentada por conter martelos
que sangram pelas portas do desejo
E eu fosse triste, eu te falava sempre
do duro do suor que me abate
no irrevelado destino que nos cabe.
(Sôfrego instante. Me mato em ti
e morro, tanto e somente sem caber
no dia.)
E como uma pedra me batesse
o rosto duro e fragoroso e lento
a minha pele te deixou no escuro.
Não fosse eu e o temido tempo
a nutrição do mundo não cabia
uma revelação que fosse a mesma.
A máquina é um instante da mão
e toda raiva é um ser ingrato.
Romério Rômulo
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