Não importa o futuro que vier Globo será líder

Muito se discute sobre o futuro da mídia e a televisão aberta é, agora, a bola da vez. Pelo menos no mercado internacional, visto que aqui a TV aberta vem experimento seu melhor momento desde a década de 80 e 90. Mas como as novas plataformas de distribuição de conteúdo audiovisual estão se popularizando, os números da audiência televisiva vêm caindo sistematicamente desde 2005, levando muitos a pensar que o fim da TV aberta (leia-se TV Globo) está próximo. Mas isso é um ledo engano.

É claro que a empresa Globo não está imune às diversidades e problemáticas comuns a grandes empresas. Toda e qualquer empresa pode atravessar problemas financeiros, estratégicos e etc., e vir a ter sua posição de liderança ameaçada, ou mesmo vir a encerrar suas atividades. Mas o mundo da comunicação e do entretenimento também segue um padrão estabelecido por Charles Darwin e sua teoria da seleção natural: em um mundo em transformação apenas os mais adaptáveis ao novo ambiente prosperam. Ou como se diz popularmente: só os fortes sobrevivem. Se a mídia está em transformação, somente as empresas mais capazes de se adaptarem às mudanças é que terão sucesso. Assim é a Rede Globo de Comunicação.

Em 1999, TV Globo se viu em meio a uma grave crise gerada pela iniciativa da empresa em investir na TV por assinatura ainda no começo da década de 90. A Globopar tomou empréstimos da ordem de 100 milhões de dólares e a TV Globo passou a ser a garantia para estes empréstimos. Com a desvalorização do Real em 1999, a divida da Globopar se tornou astronômica e por muito pouco e através de várias negociações com credores e governo federal a TV Globo não foi liquidada para solver as dívidas. [1]

Esta crise obrigou a Organizações Globo a se reposicionarem no mercado de comunicação brasileiro. “A decisão, então, foi manter o controle familiar do grupo (sem ceder participação patrimonial aos credores), mas vender quase tudo o que não estivesse relacionado diretamente com a produção de mídia”. Ou seja, o foco da empresa se concentrou na produção de conteúdo. [2]

Desde então, a TV Globo vem promovendo alterações importantes em sua grade de programação, no telejornalismo e investindo em novos formatos de programas, além de oferecer produtos multiplataformas, incluindo os dispositivos móveis, a chamada segunda tela. Contudo, é visível que o mercado global de televisão está se contraindo e em um futuro em médio ou longo prazo a gigantesca estrutura necessária para se manter a qualidade da programação em sinal aberto irá pesar muito na lucratividade dessas empresas.

E é exatamente nesse ponto que as organizações Globo irão trilhar o caminho da liderança, pois em qualquer ramo empresarial, as grandes organizações encontram uma maneira muito simples de se manterem no topo: a concentração. Se hoje afirmamos que o nosso mercado de comunicação já é concentrado nas mãos de poucas famílias, saiba que ainda poderá ficar pior. A tendência da comunicação mundial é a concentração de empresas multi e transnacionais controlando todo o sistema de produção e distribuição deste conteúdo. Castells em seu livro Comunicación Y Poder demonstra as relações entre as empresas de tecnologia e os conglomerados de comunicação, denominada por ele de “as sete magníficas”, que são: a Time Warner, Disney, NewsCorp, Bertelsmann, NBC Universal, Viacom e CBS. Essas poucas empresas possuem estreitas ligações, sejam em participação acionária ou inversões cruzadas, com as empresas de tecnologia que dominam a internet atualmente: Google, Microsoft, Yahoo e Apple. O que chama atenção é a pouca participação das empresas de comunicação brasileira nesta configuração midiática. Isso quer dizer que há espaço de sobra para que empresas brasileiras se associem a um destes grandes grupos.

Mas antes disto ocorrer, a concentração midiática poderá ser ainda mais severa no Brasil. Uma maneira de se aumentar a fatia de uma empresa no bolo publicitário e diminuir as fatias, ou seja, é muito provável que algumas emissoras das redes nacionais no Brasil saiam do mercado. Com a fragmentação da audiência e aumento da publicidade online teremos espaço para que TV Globo, SBT, Band, TV Record e Rede TV continuem disputando o mercado publicitário? Aliás, este já não é um mercado equilibrado, pois a fatia da TV Globo no bolo publicitário representa 60% dos investimentos em televisão. [3]

A concentração da comunicação parece ser uma alternativa muito clara para o futuro da comunicação. E neste ponto que a liderança das Organizações Globo é assegurada, pois a única maneira de enfrentar este problema é por meio de um marco regulatório para os meios de comunicação. Mas isto não vai acontecer, não pelo menos no governo Dilma e muito menos pelas mãos do Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Leia mais em: http://www.fndc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=886929 

Aliás, as empresas estão recebendo incentivos do governo como a desoneração da folha de pagamento. Leia mais em: http://www.fndc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=888980

Assim, sem uma legislação que preserve a comunicação brasileira da investida dos grandes grupos internacionais ou da concentração dos meios aqui no Brasil, a TV Globo tem competência de sobra para lidar com as transformações que as tecnologias online estão impondo ao mercado audiovisual brasileiro e em nenhum momento terá sua posição de liderança ameaçada. Na verdade, é mais provável que as emissoras concorrentes venham a deixar de existir em um processo natural de seleção imposto pelas contingências de um novo ambiente, ou seja, de uma nova sociedade.

 

Fontes:

[1] Memória Globo. Disponível em: http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,5270-p-21910,00.html

 

[2] O futuro da TV no Brasil: ainda incerto. Disponível em: http://www.convergenciamidiatica.com.br/2012/11/o-futuro-da-tv-aberta-no-brasil-ainda.html

 

[3] O que o balanço da Globo esconde. Disponível em: http://www.conversaafiada.com.br/pig/2013/03/28/o-que-o-balanco-da-globo-esconde/

Redação

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