Toca mais, Raul!

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Por jns

Toca, Raul!

“Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver! – Você é louco? – Não, sou poeta” – Mário Quintana

Há 25 anos esse baiano fervoroso saiu de cena quando fatalmente foi traído pela bebida alcoólica em 21 de agosto de 1989. Para o público, Raul Seixas morreu vestido de personagem folclórico endiabrado, se afirmando como o pai do rock e um mito cultuado por gritos universais de “TOCA RAUL!” em qualquer canto do país.

“O Raul era um performático, anarquista, agressivo em cima do palco. Fora de lá, era doce, tímido em algumas situações e muito, muito careta. Falava sempre baixo, odiava maconha e bate-boca, escrevia cartas e não era mulherengo, apesar de ter tido quatro mulheres. Nunca ligou para grana a vida inteira, mas desde criança queria ser popular”, diz Kika Seixas, casada com Raul Seixas entre 1979 e 1985 e idealizadora do show “O Baú do Raul”.

Fotos do Raul - 20 anos da morte de Raul Seixas

Os Panteras e o Rei

O irmão caçula de Raul, Plínio Seixas, lembra que as “maluquices” como odiar a escola e fumar compulsivamente eram a forma do irmão fugir da mesmice. “Desde pequeno, ele (o Raul) tinha pavor do tédio e da idiotice. Por isso, quando ele imitava Little Richards e Elvis em vez de estudar, saindo para beber e fumar, era a forma de ele dizer que tinha muita coisa fora do lugar no mundo. A frase épica dele é: ‘Tudo que aprendia era nos livros, em casa ou na rua. Nunca aprendi nada na escola. Minto. Aprendi a odiá-la'”, conta, aos risos.

Magrelinho e elétrico. Tanto que, em 1966, o cantor Jerry Adriani iniciou uma parceria que alavancaria a carreira de Raulzito, ao contratar a banda do artista para substituir seus músicos, que não chegariam a tempo para a apresentação. “Vi aquele cara magrelinho e elétrico jogando uma enxurrada de ideias criativas. O Raul teve uma postura incrível, profissional, concentrado, mas com o quê de maluco (risos). Não foi por acaso que depois desse show ele excursionou comigo pela Bahia, produziu um disco meu e aí foi voar no seu próprio céu”, lembra Adriani.

O céu de Raul Seixas, entretanto, sempre foi dividido com passagens pelo inferno. Em uma vida de quatro casamentos desgastados, dois anos de fome passados no Rio de Janeiro enquanto era produtor musical da CBS, o envolvimento com o álcool, além do período de intensa piração com Paulo Coelho, moldaram o personagem Raul Seixas com feridas e mágoas que ele carregaria até a morte.

O produtor Marco Mazzola, responsável pelo álbum “Krig-Ha, Bandolo!” (1973), conta que conheceu um artista visionário, escondido atrás de um terno preto bem alinhado, cabelo bem penteado e mala de advogado nas mãos. “O Raul chegou como produtor do Sérgio Sampaio. Até ali não era nada, perguntei o que ele fazia, trocamos uma ideia, ele falou que tinha músicas e pedi para ele mostrar. Fomos para um sala separada no estúdio, o cara tirou a gravata, bagunçou o cabelo e começou a cantar ‘Let Me Sing, Let Me Sing’. Depois me mostrou ‘Trem das Sete’ e eu pirei. Ele era um fenômeno pronto”, diz Mazzola.

No primeiro disco de Raul nasciam pérolas como “Metamorfose Ambulante”, “Mosca na Sopa”, “Al Capone” e “Ouro de Tolo”, compostas em uma áurea de libertação e desengasgo, que se transformaram em paranoia e fantasia em seguida. Segundo Roberto Menescal, então diretor da Phillips, o segundo álbum de Raul, o clássico “Gita” (1974), já apresentava uma mudança significativa influenciada pela amizade com Paulo Coelho, que apresentou ao Maluco Beleza a Lei de Thelema (“Faz o que tu queres pois é tudo da lei”) e a inspiração para a Sociedade Alternativa.

“No segundo disco já tinham velas no estúdio, um clima sombrio, piração de disco voador. Cansei de leva-lo para o estúdio de Kombi, ele começava a cantar, dizia que estava tomando passes espíritas e apagava. Nessa época, ele bebia pra caramba já e cheirava muita cocaína. Mas o mais louco é que o Raul nunca cheirou pó para bater um papo ou curtir uma festa, só para compor. Era um vício dele, uma obrigação quase intuitiva”, diz Menescal.

Nessa época, após gravar “Gita”, Raul Seixas vivenciou um exílio nos EUA por causa de uma apresentação censurada em que distribuiu os gibis intitulados “Manifesto Krig-Ha”, repletos de ideias da Sociedade Alternativa.

No auge da carreira, entre 1973 e 1980, Raul Seixas era uma referência popular que destoava de artistas consagrados da época, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa. Isso porque, apesar de falar e gritar “rock n’ roll” em suas músicas, Raulzito nunca pertenceu a um nicho da MPB ou do rock. O amigo pessoal do artista, Sylvio Passos, fundador do Raul Rock Club, lembra que o conheceu em 1981, em um processo de efervescência e criatividade, mas também de decadência.

“Liguei para o Raul sem pensar, ele atendeu bêbado. Eu disse que era o Sylvio e ele replicou: ‘Silvio Santos? Que isso, cara?’. Expliquei que era um fã, ele me chamou para almoçar. Fui à casa dele esperando chegar numa mansão do Elvis, mas era uma casa simples, com um Ford Landau na garagem, aquele carro grandão. O cara me serviu macarrão com a mão, para você ter ideia. Lembro que ele não falava mal de outros artistas, mas se recusava a fazer parte de grupos”, conta Passos.

Apesar do consumo de cocaína, álcool e até éter, que arruinou seu casamento com Kika Seixas, a filha do casal, a DJ Vivian Seixas, guarda poucas e boas recordações do pai. “Meu pai morreu quando eu tinha 8 anos, tenho poucas lembranças. Mas me marcou o fato de nunca ter tempo ruim com ele. Sempre muito divertido, ele gostava de criar personagens, como o Capitão Garfo, que pegava minhas bonecas e botava no congelador. E era muito emotivo, qualquer coisa fazia aquele homem barbado chorar”, lembra.

Um choro que parecia evidente na última carta de Raul Seixas para a ex-mulher, Kika Seixas, escrita em 29 de janeiro de 1989. No texto de três páginas, ele pede desculpas pelas loucuras que fez e se diz animado com a turnê do disco “Panela Do Diabo” (1989), feito em parceria com Marcelo Nova, amigo de infância que o resgatou aos palcos após sete anos de sumiço.

“Estávamos em um momento foda. O Raul lançava um disco clássico no último ano de vida, quando ninguém mais acreditava nele e, de fato, ele estava muito debilitado, já havia sido internado diversas vezes”, conta Marcelo Nova.

“Acho que o Raul viveu seus 44 anos da forma como pregava. Foi triste e duro, mas ele não queria chegar aos 100 anos. Vou amá-lo para sempre pela maluquice sincera dele de amar a gente assim”, resume Kika Seixas.

Os vídeos amadores e as imagens são colagens de fotos disponibilizadas na Internet pelos fãs do Raulzito.

O texto foi recolhido, parcialmente, da matéria publicada por Lucas Simões no Jornal OTempo no dia 17/08/14.

Raul faleceu no dia 21 de agosto de 1989, aos 44 anos de idade, de pancreatite aguda. Sua obra, no entanto, não foi sepultada junto com ele, pois continua viva, atual, marcante e nunca deixou de tocar e inspirar. Suas canções continuam sendo cantadas em todos os cantos. Mais que música, sua filosofia, suas ideologias – revolucionárias para a sua época – permanecem vivas até os dias atuais.

“Se vale a pena viver e se a morte faz parte da vida, então, morrer também vale a pena…” – Immanuel Kant

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  1. ser e parecer

    Texto inédito revela relatos pessoais do roqueiro Raul Seixas

    Correio Braziliense | Gabriel de Sá | 21/08/2014

    Anotações exclusivas do Correio Braziliense mostram como que o cantor lidou com o fato de ter de usar óculos

    Raul Seixas, morto há exatos 25 anos, tinha a mania de escrever em um caderno. Rabiscos, desenhos, versos, trechos de músicas e textos confessionais sobre a vida preenchiam o pequeno diário. Em um desses escritos, datado do fim dos anos 1970, ele narra a experiência de começar a usar óculos. “Todos fazem perguntas ao ver-me de cara nova, e a todos eu pareço dever uma explicação”, desabafou o artista. 

    O relato, inédito, foi entregue ao Correio pela terceira companheira de Raul, Tania Menna Barreto. “Eu comprei esse caderno, em que eu e ele escrevíamos e compúnhamos”, conta Tânia. Contudo, o diário foi parar nas mãos de Sylvio Passos, presidente do primeiro fã-clube oficial do compositor, o Raul Rock Club. “Quando eu morava nos EUA, o Sylvio falou que ia abrir um museu em homenagem ao Raul e eu autorizei minha mãe a passar algumas coisas pra ele. Nessa, o caderno foi junto”, detalha ela, que diz que gostaria de reaver o diário.

    Do texto sobre os óculos, por acaso, Tânia guardou uma cópia. “Certas pessoas que não gostavam do meu aspecto pessoal passaram a gostar do novo ‘eu’. Acham que assim eu pareço ‘gente direita’, e ‘parecer’ é muito importante para essa gente”, escreveu o Maluco Beleza.

    http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2014/08

  2. John e Raulzito

     

    “Eu não sei se nessa chama
    Ainda queima a esperança
    Eu só sei que a saudade
    Ainda me queima o coração…”

    – RAUL
     

    LENNON E RAUL NA POESIA DE RINARÉ

    Aos vinte e um de agosto 
    De oitenta e nove chegou 
    Dona Morte em finos trajes 
    Ao Raulzito beijou 
    Num misterioso disco 
    Daqui Raul se mandou…

    O disco levou Raul 
    Pelo espaço sideral 
    Chega no disco voador 
    O maluco em alto astral 
    Procurando instalação 
    No reino celestial.

    Nuvens, plumas, megatons 
    Raul vendo se agita 
    Empunha sua guitarra 
    Dedilha cantando “Gitá” 
    E depois “Que luz é essa” 
    Lá na mansão infinita.

    Abre o céu, vem atendê-lo 
    “Amigo Pedro” o porteiro 
    Em seguida chega Lennon 
    Dizendo: -Vem companheiro 
    Me segue que mostro tudo 
    Pois aqui cheguei primeiro.

    Lennon abraçado a Raul 
    Pergunta-lhe: -Camarada, 
    Como vai o mundo velho? 
    Raul diz: -Não mudou nada! 
    Sem paz e sem liberdade 
    A barra é muito pesada.

    Na terra a coisa tá preta 
    Por lá os homens piraram 
    Cegos de louca ambição 
    Os políticos se tornaram 
    Vilões, carrascos e vítimas 
    Do sistema que criaram!

    Fonte: Rouxinol do Rinaré

  3. Passei toda a infância (desde

    Passei toda a infância (desde os 4 anos) ouvindo o Raulzito. Discos fantásticos como o Grig Ha, Novo Aeon, Abre-te-sésamo e Eu Nasci a Dez Mil Anos Atrás.

     

    Hoje, mais de 20 anos depois, olho pra mim e descubro que muito do que eu sou e penso veio do Raulzito e destes discos.

     

    Muito Obrigado Raulzito.

    1. Profecias do Raul

       

      Tem dias que a gente se sente
      Um pouco, talvez, menos gente
      Um dia daqueles sem graça
      De chuva cair na vidraça
      Um dia qualquer sem pensar
      Sentindo o futuro no ar
      O ar, carregado sutil
      Um dia de maio ou abril
      Sem qualquer amigo do lado
      Sozinho em silêncio calado
      Com uma pergunta na alma
      Por que nessa tarde tão calma
      O tempo parece parado?

      Está em qualquer profecia
      Dos sábios que viram o futuro,
      Dos loucos que escrevem no muro.
      Das teias do sonho remoto
      Estouro, explosão, maremoto.
      A chama da guerra acesa,
      A fome sentada na mesa.
      O copo com álcool no bar,
      O anjo surgindo no mar.
      Os selos de fogo, o eclipse,
      Os símbolos do apocalipse.
      Os séculos de Nostradamus,
      A fuga geral dos ciganos.
      Está em qualquer profecia
      Que o mundo se acaba um dia.

      Um gosto azedo na boca,
      A moça que sonha, a louca.
      O homem que quer mas se esquece,
      O mundo dá ou do desce.
      Está em qualquer profecia
      Que o mundo se acaba um dia.
      Sem fogo, sem sangue, sem ás
      O mundo dos nossos ancestrais.
      Acaba sem guerra mortais
      Sem glorias de Mártir ferido
      Sem um estrondo, mas com um gemido.

      Os selos de fogo, o eclipse
      Os símbolo do apocalipse
      A fuga geral do ciganos
      Os séculos de Nostradamus.

      Está em qualquer profecia
      Que o mundo se acaba um dia (3x)
      Um dia…

      Sim, sim, sim…

      “E eu era como um manso cordeiro, que levam à matança; porque não sabia que imaginavam projetos contra mim, dizendo: Destruamos a árvore com o seu fruto e cortemo-lo da terra dos viventes, e não haja mais memória do seu nome” –  Jeremias nos capítulos 11 e 12 lamentando a traição de seus amigos e familiares no Cap. 18 Vers.19

  4. John e Raulzito

     

    [video:http://youtu.be/NNyPXWMnIz0 width:600 height:450]

    “Eu não sei se nessa chama
    Ainda queima a esperança
    Eu só sei que a saudade
    Ainda me queima o coração…”

    – RAUL
     

    LENNON E RAUL NA POESIA DE RINARÉ

    Aos vinte e um de agosto 
    De oitenta e nove chegou 
    Dona Morte em finos trajes 
    Ao Raulzito beijou 
    Num misterioso disco 
    Daqui Raul se mandou…

    O disco levou Raul 
    Pelo espaço sideral 
    Chega no disco voador 
    O maluco em alto astral 
    Procurando instalação 
    No reino celestial.

    Nuvens, plumas, megatons 
    Raul vendo se agita 
    Empunha sua guitarra 
    Dedilha cantando “Gitá” 
    E depois “Que luz é essa” 
    Lá na mansão infinita.

    Abre o céu, vem atendê-lo 
    “Amigo Pedro” o porteiro 
    Em seguida chega Lennon 
    Dizendo: -Vem companheiro 
    Me segue que mostro tudo 
    Pois aqui cheguei primeiro.

    Lennon abraçado a Raul 
    Pergunta-lhe: -Camarada, 
    Como vai o mundo velho? 
    Raul diz: -Não mudou nada! 
    Sem paz e sem liberdade 
    A barra é muito pesada.

    Na terra a coisa tá preta 
    Por lá os homens piraram 
    Cegos de louca ambição 
    Os políticos se tornaram 
    Vilões, carrascos e vítimas 
    Do sistema que criaram!

    Fonte: Rouxinol do Rinaré

     

  5. Nara Leão

    só esqueceram de dizer que foi mais um que Nara Leão lançou no Sudeste, na época ela namorava com Jerry Adriani que falou com ela esse baiano margelinho, louco e muito bom de rock..essa história dela com Raul está na sua biografia..

    1. Tapanacara

      Raul acompanhava, com seu conjunto ‘Os Panteras’, tanto Nara como Roberto Carlos e outros cantores de sucesso do Rio nas apresentações em Salvador.

      Urucubaca, mandinga
      Ataca, mexe e me xinga
      Esquenta e racha a moringa
      Até que o leite azedou
      Bochecha inchada na raça
      Araçá, coentro e cachaça
      O berimbau tem cabaça
      E um som que é “deep in my soul”
      Randolph scott que era um cowboy retado
      Tipo touro sentado
      Mugiu e levantou
      O tapa na cara
      Que eu levei de odara
      Odara, menina
      Que era filha de Nara
      Que era neta, prima-dona de Raul

      Menino danado
      Lá, si, dó rebocado

      Procure que você vai entender

      [video:http://youtu.be/dz20PlsJiAQ width:600 height:450]

      ANÁLISE DE LETRAS

      Confira o comentário postado no blog

      O segredo para se entender uma música é principalmente ver o contexto exterior onde o artista vivia quando a compôs. O próprio Raul Seixas disse certa vez que a música era um reflexo da cultura do meio. Que tal tentarmos destrinchar juntos a música “Tapanacara” que você já “praticamente” elucidou? Que tal analisarmos estrofe por estrofe? “Aqui embaixo vai a letra. Eu vou tentar comentar cada estrofe e você dá também seu pitaco,..rsrsrs ok? Assim chegamos mais próximos da verdade, não é mesmo? Eu sempre achei que quanto mais cabeças pensantes, melhor é o resultado final. Esta música faz parte do LP “O dia em que a terra parou” de 1977. Neste LP predominam letras de músicas que apontam para um novo mundo e o rompimento com o sistema vigente (Ditadura Militar, os anos de chumbo) em particular, tais como “O dia em que terra parou”,”Sapato 36, “De cabeça para baixo,”Que luz é esta? (em parte) ,”Maluco Beleza” (em parte), “Você” e “Sim”. Parece-me também que Raul Seixas a partir deste ano dá uma guinada no conteúdo das letras tornando-as mais pé no chão para que seu público possa entender melhor as mensagens, o que ele deve ter percebido que não aconteceu quando compôs no período anterior as letras místicas com Paulo Coelho, que aliás tem seu rompimento de parceria com Raul Seixas neste ano de 1977.

      Na primeira estrofe, Raul faz um “jogo” de palavras que aliás é a tônica de toda esta letra, terminando por dizer, como você mesmo já citou, que ele ficou “zangado” (o leite azedou…). Eu acho também que talvez Raul queira dizer de maneira lúdica nesta estrofe que ele seria “vítima” de “trabalho” para o seu mal por parte de algum outro baiano, pois cita as palavras urucubaca, mandinga (candomblé vudu), ataca, reza e me xinga… Ou mesmo, de uma maneira branda que algum baiano (por que faz mandinga) não gosta dele!

      Na segunda estrofe, Raul louva a sua origem negra, dizendo que o negro tem bochecha inchada, (talvez como ele Raul) proveniente de sua própria raça, ele diz que adora araçá (fruta), coentro (tempero) e cachaça (com certeza….rsrsrs) e o som do berimbau que tem cabaça toca fundo na sua alma, tudo como um bom baiano, com origem negra gosta!. Será que Raul Seixas está querendo dar o troco em alguém que estaria dizendo que ele era “americanizado por tocar rock” e ele retruca dizendo que tem origem negra e adora um som de berimbau… Acho muito provável isto. Até porque havia uma animosidade muito grande entre os artistas da elite cultural da época na Bahia como Caetano Veloso e Gilberto Gil e a turma do rock, Raul incluso. Eles viviam trocando farpas. Eles tinham até teatros para tocar diferentes… Mas entre Caetano e Gil, acho mais provável que Raul Seixas tivesse mais desavenças com Caetano do que com Gilberto Gil, até por conta de uma maior afinidade musical com Gil. Neste LP “O Dia em que a Terra parou” que contem “Tapanacara” o arranjo da música “Que Luz é esta” foi feita por Gilberto Gil e ficaria muito deselegante Raul Seixas citar Gil em “Tapanacara” mesmo que subrepticiamente. Raul Seixas, acredito, não faria isto.

      Na terceira estrofe Raul Seixas, que era um cinéfilo inveterado, fala em Randolph Scott (1898 – 1987) que foi um grande ator de Hollwood e fêz inúmeros filmes de cowboy. Como Cintia já havia registrado, Randolph Scott era na vida real bissexual e teve um caso com o ator Cary Grant por cerca de doze anos quando viveram juntos e, segundo a vizinhança, nunca foi visto qualquer mulher na casa onde moravam. Em seguida Randolph Scott tem dois casamentos e dois filhos dos mesmos. Quando Cary Grant morreu, consta que Randolph Scott tinha oitenta e cinco anos e tomou a mão de Cary morto, colocou sobre sua cabeça e chorou copiosamente. Raul diz então que Randolph era um cowboy machão de primeira (apesar de bissexual), mas compara-o com touro sentado que foi um líder dos Cheyenne e Sioux que derrotaram o General Cluster (que na verdade era Tenente Coronel e não General) na batalha de Bighorn, com a ajuda do índio Cavalo Maluco. Touro Sentado, como também já havia dito Cintia, teve este nome porque, quando jovem, apostou com amigos índios que poderia fazer o feroz touro de reprodução de seu tio ficar sentado. Na aposta ele bate uma pedra nos culhões do touro e o mesmo acaba mugindo e sentado de tanta dor. Só que, nesta estrofe Raul Seixas diz que o touro mugiu e levantou, Ele quer dizer que Randolph Scott apesar de bissexual, ao contrário do touro que deu origem ao nome do chefe índio, mugiu e levantou, ou seja teve filhos como um homem hetero sexual. Eu tenho a impressão aqui que esta estrofe é uma flecha atirada na direção de Caetano Veloso.

      Na quarta estrofe Raul Seixas fala do tapa na cara que levou por causa da letra da música “Odara” que Caetano Veloso gravou no LP “Bicho” que saiu em 1977. Odara em Hindu significa paz, tranquilidade e a letra da música é reproduzida abaixo;

      Deixa eu dançar pro meu corpo ficar odara
      Minha cara minha cuca ficar odara
      Deixa eu cantar que é pro mundo ficar odara
      Pra ficar tudo jóia rara
      Qualquer coisa que se sonhara
      Canto e danço que dara

      Como se vê, é uma música com letra e música com perfil Hippie e Raul Seixas não admitiu que, naquela época dos anos de chumbo, da ditadura, Caetano saisse com esta letra de querendo paz e tranquilidade. Com Nara Raul refere-se à pessoa de Nara Leão que foi grande cantora de bossa nova, dos tempos em que Raul acompanhava com seu conjunto “Os Panteras” tanto ela como Roberto Carlos e outros cantores de sucesso do Rio nas apresentações em Salvador. Como Odara, Nara também de perfil pessoal muitíssimo light, semelhante à Odara, era, como Caetano Veloso, também da bossa nova, Raul chama Odara de filha de Nara que era mais velha que Caetano Veloso e também por causa do estilo da letra de Odara que se parece com o das letras de bossa nova,que Raul chamava de bosta nova! Raul Seixas apreciava muito a voz linda de Nara, daí o termo prima dona, ou seja “primeira cantora de ópera” de Raul Seixas dada à Nara Leão.

      Nara Leão e os músicos da Camerata Carioca. Na fileira de trás: Dazinho, Luiz Otávio Braga, Henrique Cazes, Joel Nascimento e Joaquim Santos. Agachados: Beto Cazes e Maurício Carrilho (agachados).

      Nara Leão e os músicos da Camerata Carioca. Na fileira de trás: Dazinho, Luiz Otávio Braga, Henrique Cazes, Joel Nascimento e Joaquim Santos. Agachados: Beto Cazes e Maurício Carrilho (agachados).

      Na quinta estrofe Raul inverte notas musicais dando repúdio à letra de Odara de Caetano, com o “dó” final e diz que Caetano é menino danado e que está por fora, rejeitado, rebocado…
      Na última frase ele, sabendo que há muita coisa nas entrelinhas, não explícitas para o ouvinte desavisado, ele diz: “procure que você vai entender”. Isto foi o que Cintia Covas e eu procuramos fazer….rsrsrs, creio que com sucesso . Acho que agora esta música que, para mim fazia pouco sentido, adquire uma outra expressão e rumo. Ela revela que Raul Seixas também citado pelos críticos como o “magro abusado” foi muitas vezes ácido e corrosivo, sem perder sua genialidade! Mas, como disse acima, esta canção foi uma canção de época, feita sob os anos de chumbo da Ditadura Militar. Eu duvido que as diferenças entre Raul e Caetano Veloso perdurassem por muito tempo, se a estrela do gênio Raul Seixas não se apagasse tão cedo…

      http://analisedeletras.com.br/raul-seixas/tapanacara/

  6. Saudades de um genio maluco

    Fui muito fã de Raul e ainda sou seu fã!

    Raul de maluco não tinha nada, sabia de mais e não possuia poder para mudar a situação.

     

     

    1. O Início, o Fim e o Meio

      Sky Keys e sua filha com Raul, Scarlet Seixas

      Sky Keys e sua filha com Raul, Scarlet Seixas; ex-mulher gravou depoimento para documentário

      Ivan, Dakota é filho da Scarlet (a filha do meio do Raulzito) que nasceu e mora nos Estados Unidos e é a cara do pensador, estudioso, filósofo e assombroso avô. 

      Marco Mazzola e Scarlet Seixas

      Sky Keys é o nome utilizado atualmente por Gloria Vaquer que foi a segunda mulher do roqueiro brasileiro e hoje vive na cidade de Opelika, no Estado americano do Alabama. Ela mora com a filha, Scarlet Seixas, e o neto Dakota, de 13 anos.

      RAUL: A EX, A FILHA E O NETO 

      Na cidade de Opelika, no Estado do Alabama, EUA, a equipe de filmagem do documentário “Raul Seixas – O Início, o Fim e o Meio” encontrou Sky Keys. Sky é o novo nome de Gloria Vaquer, segunda mulher do Rei do Rock Brasileiro, que vive com a filha, Scarlet Seixas, e com o neto Dakota, de 13 anos. O depoimento da ex-mulher será um dos destaques do longa, dirigido por Walter Carvalho e produzido por Denis Feijão. 

      da Folha
      Online

      Raul Seixas

      [video:http://youtu.be/hzOWXRf1j9w width:600 height:450]

      Abs!

  7. Beatlemania

     

    Durante o auge da invasão britânica pela Beatlemania, outras bandas receberam o apoio direto do Fab Four. Basta perguntar a Billy J. Kramer and The Dakotas, The Fourmost, Peter and Gordon, Cilla Black e The Silkie.

    [video:http://youtu.be/L6qmm4UWG5s width:600 height:450]

    O grupo folk, contratado por Brian Epstein, gravou a sua versão para ‘You got to hide your love away’ dos Beatles, no IBC Studios para a NEMS Enterprises, gerenciada por Alistair Taylors – o estúdio situava-se no número 35 da Portland Place, no centro de Londres.

    A canção de John e Paul acabara de ser lançada como parte da trilha sonora do filme “Help” e estava destinada a se tornar muito popular e se transformar em um veículo perfeito para o Silkie lançar a própria carreira profissional. 

    O auxílio luxuoso veio de John Lennon (produziu); Paul (tocou guitarra) e George Harrison (tocou violão e pandeiro).

    [video:http://youtu.be/g-CmbtCuhC8 width:600 height:450]

    ‘You got to hide your love away’ alcançou apenas o 28º lugar no Reino Unido, mas atingiu a 10ª posição nos EUA – este foi o único hit top 40 do Silkie.

    Em dezembro de 1965, a banda foi convidada para apresentações no Ed Sullivan Show e no American Bandstand nos Estados Unidos.

    Eles não conseguiram obter os vistos necessários e nem as autorizações de trabalho e os shows foram cancelados.

    Após lançar mais dois singles, que não alcançaram sucesso nas paradas do Reino Unido ou dos Estados Unidos, os Silkies finalmente se separaram em 1966.

    Peter e Gordon

    [video:http://youtu.be/BJcDwWgHdHM width:600 height:450]

    Billy J. Kramer and The Dakotas

    [video:http://youtu.be/OBROl7UQ6Xo width:600 height:450]

    The Fourmost

    [video:http://youtu.be/RWPn8hkZXgI width:600 height:450]

    Cilla Black

    [video:http://youtu.be/1aiKP49yWeQ width:600 height:450]

    [video:http://youtu.be/P6f65B4CUlI width:600 height:450]

  8. PÁSSARO maluco

    compondo BELEZA

    “Você não faz ideia do que a gente acabou de fazer!”

     

    BIRD SONG

    Whenever I notice that space in the sky
    While we’re both in our cage
    We’re not able to fly

    There’s no chain to keep us on the ground
    Let’s us join the other birds around

    Let us fly
    Let’s get high together
    And fly

    Foi Raul Seixas quem disse a frase para o amigo e parceiro Claudio Roberto. O ano era 1977 e os dois haviam finalizado a letra que tornaria Maluco beleza um dos maiores sucessos da carreira do roqueiro baiano. A faixa apareceu no disco O dia em que a Terra parou, lançado naquele ano apenas com canções de Raul e Claudio. “Fizemos a música em questão de meia hora, no apartamento do Raul no Bairro da Lagoa, no Rio”, conta o parceiro.

    Contudo, conforme reportagem publicada pelo Correio Braziliense no ano passado, existe uma versão anterior de Maluco beleza, feita pela dupla com a letra em inglês. Os versos, datados de 1976, são inéditos e só não se perderam graças à memória prodigiosa do amigo de Raulzito. Claudio Roberto revelou à reportagem, pela primeira vez, via SMS, a letra de Bird song, criada originalmente para a melodia de Maluco beleza e nunca aproveitada comercialmente.

    [video:http://youtu.be/sP4mhUZoPyk width:600 height:450]

    “Fizemos essa música em um quarto do motel Acapulco, que nem sei se existe mais. A gente era meio sócio desse local, onde íamos pra poder compor sossegados”, relata Claudio. Em uma dessas noitadas, nasceu Bird song (algo comoCanção do pássaro, em português). “Não há corrente que nos mantenha no chão/ Vamos nos juntar aos outros pássaros ao redor”, diz um trecho da letra, em livre tradução.

    A canção foi composta em cima de uma harmonia de Claudio Roberto, sem a intenção de ser registrada oficialmente. Entretanto, quando da gravação de O dia em que a Terra parou, os dois resolveram criar outra letra, desta vez em português, em cima da hora e transformá-la em Maluco beleza. “O maestro Miguel Cidras já estava fazendo os arranjos quando os novos versos foram escritos”, diz Claudio. 

    Compare as versões

    A letra em inglês tem apenas três partes. A primeira é cantada duas vezes, no lugar das estrofes iniciadas em “Enquanto você se esforça pra ser” e “Esse caminho que eu mesmo escolhi”. Depois, o trecho onde lê-se “There’s no chain…” pode ser substituído por “Controlando minha maluquez”. Por fim, o refrão: “Let us fly”, com a última sílaba beeem alongada, virou “Vou ficaaar”.

    MALUCO BELEZA

    Enquanto você se esforça pra ser
    Um sujeito normal
    E fazer tudo igual

    Eu do meu lado, aprendendo a ser louco
    Um maluco total
    Na loucura real

    Controlando a minha maluquez
    Misturada com minha lucidez

    Vou ficar
    Ficar com certeza
    Maluco beleza

     

    Correio Braziliense | Gabriel de Sá | 21/08/2014

  9. No dia 21 p.p. vi uma

    No dia 21 p.p. vi uma reportágem sobre Raul Seixas a respeito do sofrimento dele pelos militares. E foi apresentado um pouco do áudio em que ele expressava seus sofrimento durante os interrogatórios. Não sabia que até ele havia sofrido nas mãos dos vagabundos daditadura. 

    Acho que todo baiano e todo brasileiro deve sentir orgulho de Raul Seixas, que foi um dos compositores e cantores mais impressionantes do nosso país, principalmente pela sua inteligência, muito além do normal. Ele foi um verdadeiro gênio, que deixou muita saudade no coração de muitos, mas um conteúdo musical que jamais será esquecido. 

    1. As Intertextualidades do Mito

       

      “Puxa vida esse cara é mesmo um mito”

       

      TOCA RAUL!: Intertextualidades nas músicas de Raul Seixas*

      Resumo

      Esse artigo tem como objeto de estudo as letras das músicas do cantor e compositor brasileiro Raul Seixas, cuja obra sobrevive mais de quatro gerações e continua presente nas rádios, nos repertórios de bandas famosas e não famosas (reproduzidas na íntegra ou em novas versões/adaptações) e principalmente na divisa Toca Raul, que é frequentemente gritada por fãs nos concertos de diversas bandas.

      A produção musical de Raul Seixas levou-o ao lugar de mito na mídia, status conferido a personagens/atores/cantores capazes de atrair grande audiência por período de tempo que ultrapassa uma década.

      O recorte aqui proposto busca indicar diversas intertextualidades latentes ou veladas nas suas músicas, que provocam remissões a outras obras que também são irreverentes e postulam alguma quebra de paradigma.

      Popularmente conhecido como Maluco Beleza, Raul Seixas é mito porque sua voz ressoa no imaginário cultural pela tese de que há algo no ser humano que ultrapassa os condicionantes da hegemonia dominante; é na constante batalha pela liberdade e nas expressões que revelam o encanto do ser humano que as músicas de Raul estabelecem vínculos entre seus ouvintes que extrapolam gerações.

      “Mas aí eu paro penso e reflito / como é poderoso esse Raulzito / Puxa vida esse cara é mesmo um mito” – (Toca Raul, Zeca Baleiro, 2008)

      As intertextualidades mais evidentes são aquelas expressas no título dado a determinada canção. A seguir, alguns exemplos, dentre inúmeros outros que podem ser encontrados na extensa obra de Raul Seixas, selecionados pela nitidez das remissões9

      ▪ O álbum Gita (Raul Seixas, 1974; 1989a) contém música homônima. Essa música, escrita com Paulo Coelho, faz referência ao livro hindu Bhagavad Gita (traduzida por Rohden, 1996), que traz ensinamentos da filosofia bramânica (ou hindu)

      ▪ A música Um Messias Indeciso, faixa do álbum Metrô Linha 743 (Raul Seixas, 1984), composta com a filha Kika Seixas, remete à obra de Richard Bach (2004): Ilusões. O subtítulo do livro de Bach dá nome à música de Raul e Kika: As aventuras de um messias indeciso. Nesse livro, Richard Bach narra seu encontro com Donald Shimoda, um messias que, por livre escolha, decidiu seguir o caminho da felicidade.

      ▪ Em O dia em que a Terra parou (1977b), escrita com Cláudio Roberto e que está em disco tocaio, Raul menciona o filme de ficção científica norte-americano de Robert Wise, produzido em 1951, cujo título original é The day the Earth stood still. A tradução do título para o português é o nome da canção de Raul e Roberto – muito embora, canção e filme tratam de temáticas diferentes. As intertextualidades apresentadas a seguir são as remissões que não estão claramente expressas, mas embutidas em parágrafos de obras literárias11. Importante lembrar que não se trata de uma pesquisa que esgota as intertextualidades na obra de Raul Seixas, mas que procura indicar que há, nas letras do Maluco Beleza, remissões a conteúdos anteriores, que já estão presentes no imaginário cultural:

      ▪ Na música Let me sing, let me sing, de 1972 – gravada no álbum Caroço de Manga (Raul Seixas, 1987) –, escrita com Nadine Wisner, Raul canta: “Não quero ser o dono da verdade. Pois a verdade não tem dono, não. Se o V de verde é o verde da verdade. Dois e dois são cinco, não é mais quatro, não”. Essa estrofe pode conter uma crítica à ditadura e/ou à censura que impedia veiculação de músicas por conta das letras. O exercício de analisar e concluir não apenas é longo, como admite inúmeras possibilidades. No entanto, independentemente de conclusões, esse trecho da música de Raul e Nadine está no livro 1984, escrito por George Orwell (1977), contendo dura crítica à forma

      ▪ Na música Let me sing, let me sing, de 1972 – gravada no álbum Caroço de Manga (Raul Seixas, 1987) –, escrita com Nadine Wisner, Raul canta: “Não quero ser o dono da verdade. Pois a verdade não tem dono, não. Se o V de verde é o verde da verdade. Dois e dois são cinco, não é mais quatro, não”. Essa estrofe pode conter uma crítica à ditadura e/ou à censura que impedia veiculação de músicas por conta das letras. O exercício de analisar e concluir não apenas é longo, como admite inúmeras possibilidades. No entanto, independentemente de conclusões, esse trecho da música de Raul e Nadine está no livro 1984, escrito por George Orwell (1977), contendo dura crítica à forma.

      (*) (in memoriam) Ivan Fortunato

       

      Do artigo da PUC : http://revistas.pucsp.br/index.php/aurora/article/viewFile/5999/5408

       

      “Ele nunca cometeu pequenos erros se podia causar terremotos”

      – LUCAS SIMÕES no Jornal OTempo

  10. Um lindo e questionador bolero!

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=C_Z92ee_rEw%5D

    Você

    Compositor: Raul Santos Seixas / Cláudio Roberto Andrade De Azevedo

    Você alguma vez se perguntou por quê?
    Faz sempre aquelas mesmas coisas sem gostar
    mas você faz.
    Sem saber por quê
    Você faz e a vida é curta!

    Por quê deixar que o mundo
    lhe acorrente os pés
    Finge que é normal estar insatisfeito
    Será direito, o que você faz com você
    Por quê você faz isso por quê?

    Detesta o patrão no emprego
    sem ver que o patrão sempre esteve em você
    e dorme com a esposa
    Por quem já não sente amor

    Será que é medo
    Por que
    Você faz isso com você

    Por quê você não para um pouco de fingir?
    e rasga esse uniforme que você não quer
    mas você não quer
    Prefere dormir e não vê
    Por que você faz isso!
    Por quê será que é medo?
    Por que você faz isso com você.

    Link: http://www.vagalume.com.br/raul-seixas/voce.html#ixzz3BAxOLeEp

    1. Indagações

       

      O Raul Profundo não questionava apenas as ordens governamentais

      “Há quantas ilusões / Nas luzes do arrebol / Quantos segredos terá / E enquanto ele trabalhava / Na sua tarefa escolhida / A multidão se aglomerava / Perguntando o segredo da vida / E ele falou simplesmente / Destino é a gente que faz / Quem faz o destino é a gente / Na mente de quem for capaz”

      [video:http://youtu.be/b7AnxmE9clw width:600 height:450]

      “Em maio de 1974, o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) finalmente fechou o cerco. Raul Seixas foi preso e torturado: ‘Tudo para eu poder dizer os nomes das pessoas que faziam parte da Sociedade Alternativa, que, segundo eles, era um movimento revolucionário contra o governo’, contaria mais tarde”, escreveu Luiz Lima em seu artigo.

      [video:http://youtu.be/6Ru9mWR14k4 width:600 height:450]

       

       

  11. Sempre que

    Minha personalidade se formou em grande parte com o mundo do Raulzito…E depois de velho, sempre que esqueço quem sou eu, ouço Raul e relembro

  12. O Elo Perdido

     

    “Eu me lembro do dia em que você entrou num bode

     Quebrou minha vitrola e minha coleção de Pink Floyd”

    Raul Seixas (esquerda) produzindo o álbum de Sérgio Sampaio (direita)

    Raul Seixas (esquerda) produzindo o álbum de Sérgio Sampaio (direita)

    Sérgio Sampaio dedicou a canção “Raulzito Seixas” ao produtor do seu álbum de estreia: “Meu nome é Raulzito Seixas / Vim da Bahia modificar isso aqui / Toco samba e rock, morena / Balada e baioque”.

    [video:http://youtu.be/EiiO5SYJW-I width:600 height:450]

    Segundo o produtor Mauro Motta, pouco antes do “levante” da Sociedade da Grã-Ordem Kavernista – a denominação escolhida por esse quarteto, pressupondo, ainda que ludicamente, um movimento -, Raul teria lhe confessado sua “inveja” de Sérgio Sampaio: “Esse sou eu. Não sou produtor porra nenhuma!; sou artista!”.

    Kavernistas

    Os Kavernistas

    Existe um buraco negro na obra de Raul Seixas. Entre Raulzito e Os Panteras— seu primeiro álbum, lançado em 1968 — e Krig-Há, Bandolo! (1973), o roqueiro trabalhou como produtor da CBS (a gravadora Columbia, que hoje pertence a Sony Music). Nesse período, além de compor para incontáveis bandas e artistas (como Jerry Adriani, Renato & Seus Blue Caps, Fábio, Wanderleia, Leno, entre muitos outros), Raul ainda comandava as sessões de gravação. Definia como deviam ser os arranjos, ajudava na escolha de timbres e sonoridades, além de algumas vezes até mesmo participar dos registros, tocando ou fazendo backing vocals.

    Da esquerda para direita - Sérginho, Luis Wagner, Leno, Raul Seixas e Walmer, na época em que Raul produziu o álbum Vida e Obra de Johnny McCartney

    Da esquerda para direita – Sérginho, Luis Wagner, Leno, Raul Seixas e Walmer, na época em que Raul produziu o álbum ‘Vida e Obra de Johnny McCartney’

    Dessa fase, se destacam o disco conceitual Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das Dez (1972) — gravado em conjunto por Raul, Sérgio Sampaio, Edy Star e Miriam Batucada —, o clássico Eu quero botar meu bloco na rua de Sérgio Sampaio e Vida e Obra de Johnny McCartney (1971) de Leno (esse último permaneceu “perdido” por décadas). Entretanto, ainda existem mais de 80 composições praticamente inéditas de Raul Seixas, gravadas por incontáveis nomes da música brasileira.

    Em 1995, o jornalista cultural Marcelo Froes — que também é proprietário do selo Discobertas — conseguiu reunir, nos arquivos da Sony & BMG, todas as faixas dessa fase do Raulzito produtor. O material foi remasterizado e uma caixa com 5 CDs chegou a ser produzida. Publicações musicais já haviam até divulgado o release e as capas dos discos que integravam a coleção. Porém, às vésperas do lançamento, a gravadora foi ameaçada com um processo judicial devido a questões de direitos autorais. Os 3 mil exemplares do box Deixa eu cantar nunca chegaram às lojas.

    Raul teve 3 filhas com 3 mulheres diferentes. Duas herdeiras moram nos Estados Unidos e uma no Brasil. A filha que reside no país é a DJ Vivian Seixas. Através de procuração, ela permite que sua mãe, Kika Seixas — que não foi casada com Raul —, administre o espólio do cantor. Conforme uma série de matérias de autoria de Cristiano Bastos (verdadeiro pesquisador do legado raulseixista), publicadas na revista Rolling Stone, se sabe que Kika embarga praticamente qualquer lançamento relacionado ao artista (ela estaria procedendo conforme orientação do seu mentor e$piritual), desde biografias até material inédito.

     

    De alguma forma, a caixa nunca lançada de Deixa eu cantar acabou vazando na internet. Recentemente, uma série de internautas fez download dos faixas. Entretanto, os links foram denunciados e rapidamente o servidor tirou os arquivos do ar. Mas já era tarde: o material foi replicado e já pode ser garimpado com certa facilidade na rede mundial de computadores.

    As faixas são de encher os ouvidos de qualquer fã, tanto do Raul quanto dos artistas reunidos. Há músicas como Convite para Ângela, gravada por Leno, cuja melodia foi reaproveitada anos depois em Sapato 36. Uma versão ancestral de Eu sou eu, Nicuri é o Diabo (com guitarras envenenadas) que saiu em um disco de Lena Rios. O blues rock raulzístico O crivo, registrada pelo amigo de infância Waldir ‘Big Ben’ Serrão (fundador do Elvis Rock Club). Uma Se o rádio não toca com versos novos, interpretada por Fábio. Ainda se encontra composições exclusivas gravadas por nomes como Rita Lee & Tutti Frutti, Ira! e Barão Vermelho.

    Com 85 composições de um dos roqueiros mais aclamados — e controversos — do país, Deixa eu cantar é o verdadeiro elo perdido na obra discográfica de Raul Seixas. Graças aos caminhos de rato na babilônia da informação que é a internet, esse material foi disponibilizado, ainda que de forma “ilegal”. Os fãs mais hardcores do cara ainda podem sonhar com outras raridades, já anunciadas, mas guardadas a sete chaves (como as demos dessas faixas, com Raul ao violão, e que preencheriam 3 CDs segundo especialistas). Resta esperar que mais material inédito seja liberado, nem que seja por via digital. Por enquanto, já há uma série de novidades — nem tão novas assim —para se esbaldar.

    O site do Eu Escuto tem armazenado os 5 volumes que compõem a caixa em um único link. Clique aqui para ser redirecionado até a loja de discos virtual e grátis do Eu Escuto.

    A matéria é do LA PAROLA | http://www.laparola.com.br/o-elo-perdido | Com enxertos Sérgio Raulzísticos

     

    * * * * *

     

    Eu Quero é Botar o Meu Bloco na Rua

    Em 1970, Leno estava prestes a lançar seu terceiro solo pela CBS – Johnny McCartney, o primeiro LP gravado em oito canais no Brasil.

    Sergio Sampaio Sérgio Quero Botar Meu Bloco Rua Raul Seixas

    Criado em estúdio desde os 16 anos, Leno encorajou Raul a aventurar- se em sua própria “obra maldita”.

    A instigação, no ano seguinte, resultou no álbum “Sessão das 10”.

    “Muita coisa que Raul aprendeu sobre estúdio foi participando de ‘Johnny McCartney’. Por exemplo, como se gravava bateria com mais peso.”

    Sérgio Sampaio pôs mais pilha: “Deixa desse negócio de ser produtor…”, aconselhou a Raul.

    1. Trem das Sete

      “Hoje em dia a grande maioria dos que surgem são artistas fabricados. Na época do Raul, que é a época do Caetano, do Gil, do Chico, do Geraldo Vandré, era ao contrário. A prova disso é que hoje muitos não duram tanto. Ele era um artista irreverente, um compositor, um artista de palco, um tipo de artista que não acontece mais”, define Walter Carvalho.

      [video:http://youtu.be/au-PyXrm4pM width:600 height:450]

      A estação em Dias d’Ávila, na Bahia, onde Raul tocava a sua viola e inspirou-se(?) para compor uma das suas mais belas canções – abaixo.

      A Estação Ferroviária e o Obelísco são símbolos históricos do Município de Dias D’Ávila, que completou no dia 25/02/2014, 29 Anos de Emancipação e 400 anos de fundação.

      [video:http://youtu.be/yyWLXs1bT78 width:600 height:450]

      “Ele vinha sempre a Salvador, para matar as saudades da família, e sempre se escondia da Imprensa na nossa chácara em Dias d’Ávila (Feira Velha)… tomava banho de rio e montava à cavalo” – Dona Eugênia, a mãe do Raul.

  13. “Faz o que tu queres…”

    Viva! A Sociedade Alternativa
    “-Faz o que tu queres
    Há de ser tudo da lei”
    Viva! Viva!
    Viva! A Sociedade Alternativa
    “-A Lei de Thelema”
    Viva! Viva!


    Viva A Sociedade Alternativa
    “-A Lei do forte
    Essa é a nossa lei
    E a alegria do mundo”
    Viva! Viva!
    Viva A Sociedade Alternativa
    (Viva! Viva! Viva!)…

    Peregrinos hindu em Kumbha Mela – foto

    “Siete ciudades sagradas se escalan geográficamente desde el Sur de la India hasta el Monte Kailas en el Tíbet. Son como los siete chakras de nuestro cuerpo, que se iluminan para tener el total control de la Suprema Iniciación” – Serge Raynaud de la Ferriére

    Citado em http://granfraternidaduniversallima.com/Kumbha.htm

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