Trivial do romance da floresta

Murilo Carvalho é amigo de adolescência, em Poços de Caldas. Substituiu o José Roberto da Silva (escritor cujo livro mencionei aqui) na Secretaria de Comunicação do Grupo Gente Nova (GGN). Depois, coube a mim substituí-lo. na Secretaria. Anos depois, ao Zé Grandão substituí-lo como melhor contador de “causos” de Poços e região – Murilo já estava em São Paulo, participando da invasão do 11 de Agosto.

Esse jeito de contar histórias revelou cedo um contista. Com 15 ou 16 anos já tinha sua pastinha com contos escritos em cima de seus “causos”.

Murilo seguiu inicialmente a carreira de publicitário. Em 1974 venceu o famosíssimo Concurso de Contos de Curitiba – o mais importante do gênero, da época. Depois, largou a publicidade, foi para o jornal O Movimento e, durante bom tempo, foi o titular de “Cenas Brasileiras”, uma página com histórias do interior do país.

Depois, passou a se dedicar a documentários sobre a agricultura e o interior e se distanciou da literatura.

Voltou agora em grande estilo, vencendo o Prêmio Leya de Literatura, na Alemanha, criado para premiar autores que estimulem a difusão da língua portuguesa no mundo. O romance vitorioso é “O Rastro do Jaguar”.

Aqui, a nota do dia da premiação:

Lisboa, 14 Out (Lusa) – O vencedor da 1ª edição do Prémio Leya é o brasileiro Murilo António Carvalho, autor do romance “O Rasto do Jaguar”, anunciou hoje o presidente do júri, Manuel Alegre.

No valor de 100 mil euros, o prémio destina-se a distinguir um romance inédito escrito em língua portuguesa.

O prémio foi atribuído por um júri multinacional composto, em representação de Portugal, pelos escritores Manuel Alegre e Nuno Júdice e pelo professor universitário da Faculdade de Letras de Coimbra José Carlos Seabra Pereira.

Integraram igualmente o júri o escritor Pepetela, em representação de Angola, Lourenço do Rosário, reitor do ISPU de Maputo, de Moçambique, e do Brasil, o escritor e jornalista Carlos Heitor Cony e Rita Chaves, crítica literária e professora da Universidade de São Paulo.

Depois de seleccionadas 10 obras de um total de 422 candidaturas recebidas pela Leya, o júri reuniu-se segunda-feira e hoje para tomar a decisão final.

Às vezes, quando nos reunimos em Poços, os da jovem guarda acham que há exagero nas nossas histórias, em como Poços dos anos 60 estava imerso em um clima cultural inédito para uma cidade do interior.

Não chegamos a ser uma Cataguazes. Mas fornecemos bons quadros para as letras e o jornalismo brasileiro.

11 Comentários

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  1. Interessante a observação
    Interessante a observação final, Nassif. Vendo Poços hoje em dia, não se consegue imaginar esse período de sua história. A que você atribui essa efervecência dos 1960? Algum reflexo do cassinismo ou nada a ver?

    Abraço

    Também. Mas desde o começo do século 20 havia um ambiente que atraía intelectuais. No início, João do Rio, Coelho Neto, Rui Barbosa. Dos anos 30 em diante, a República passava temporadas. Nos anos 60, havia muitos intelectuais portugueses (exilados ou não), de São Paulo, Rio. Antônio Cândido menciona poetas italianos frequentando a cidade nos anos 40. Mas nossa geração foi a última intelectualizada.

  2. Me lembro que do final da
    Me lembro que do final da década de 60 até meados da década de 70 os chiques e famosos do Rio passavam as férias de verão em Poços de Caldas.

    Na época se falava que havia um famoso hotel de luxo onde todos ficavam hospedados. Também falavam em várias festas.

  3. Essa dica eu vi no site do
    Essa dica eu vi no site do Idelber (http://idelberavelar.com/) e é sensacional. Experimentem: duvido que alguém aqui não vai viciar. O site é o http://pt.akinator.com e trata-se de um joguinho em que um gênio descobre o personagem que estamos pensando. É impressionante: algumas vezes, não acreditei que ele acertaria, mas acertou. Pensei no Beto Guedes, ele acertou, no Dirceu Lopes, idem. Só lamento uma coisa, Nassif. Fiz um teste com seu nome, o gênio fez as perguntas de praxe e, para o Akinator, eu havia pensado no… GILMAR MENDES!!!! Não contive as gargalhadas. Mas o joguinho é viciante mesmo, e quase sempre acerta. Confiram aí!!!

  4. Ações judiciais emperram o
    Ações judiciais emperram o PAC

    Uma enxurrada de ações judiciais contra obras do Programa de
    Aceleração do Crescimento (PAC) pode abalar os planos do governo para combater os efeitos da crise neste ano. Dados da Advocacia-Geral da União (AGU) mostram que o volume de questionamentos avançou 702% de janeiro a setembro de 2008 comparado ao mesmo período de 2007. No total, foram 931 ações, o que representa média mensal de 103,4 ações ante 12,89 até setembro de 2007.

    Se o ritmo registrado até setembro manteve-se nos últimos meses, o País deve ter registrado em 2008 mais de 1.200 ações contra as obras de infraestrutura. A expectativa é que os números cresçam ainda mais com a inclusão de novos projetos no PAC, que somará R$ 1,1 trilhão de investimentos até 2010, segundo a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). A intenção do governo é usar o PAC turbinado para garantir um crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009.

    http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090105/not_imp302471,0.php

  5. Parabéns ao Murilo pelo
    Parabéns ao Murilo pelo prêmio.
    Adorava a coluna Cenas Brasileiras do jornal Movimento…
    Foi bom pela primeira vez, agora, ver a cara e escutar a voz do autor das ditas cujas.
    Gde abç.

  6. Ao Murilo nossas felicitações
    Ao Murilo nossas felicitações por mais esta conquista, isto engrandece nossa cidade e principalmente nossa cultura. É o orgulho saudável que devemos sentir porque está ligado a cultura, educação, esforço de aprimoramento e conhecimento. Coloca um amigo nosso no grande circuito literário interncacional e isto é muito importante para um país carente de cultura.
    Abraço,
    Marcelo

    .

  7. Murilo merece. Ele é o nosso
    Murilo merece. Ele é o nosso Jack London. Um dia precisa escrever sobre as suas viagens com extrema dificuldade nos tempos do MOVIMENTO sob censura.

  8. Parabéns pelo prêmio ao
    Parabéns pelo prêmio ao Murilo Carvalho. Além de ótima pessoa – trabalhei com ele nos jornais Movimento e Uai, de Alfenas – considero o seu livro Cenas do Trabalhador (acho que é esse o nome), um dos melhores da nossa literatura. Torço para que saia logo um outro livro dele. De vez em quando o vejo na televisão, no programa Siga Bem Caminhoneiro. Como sempre, percorrendo esse nosso Brasilzão, como nos tempos do Movimento.

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