Como é possível animações voltadas para o público infantil dos Estúdios Disney tratar de temas tristes e até cruéis de uma forma lúdica e divertida? Em WALL-E talvez encontremos a resposta para esse nossa indagação: o filme explora simbologias e arquétipos da interpretação gnóstica do gênesis bíblico. Afinal, a busca pela pureza, inocência e simplicidade do protagonista WALL-E é a busca pela transcendência, o retorno ao Paraíso perdido, a busca pela inocência infantil, aquela nostalgia que toda criança sente por uma unidade que foi perdida com a entrada forçada no mundo simbólico adulto. Porém, tudo isso com um oculto significado inserido pelo chamado “Paradigma Disney”: a tecnoutopia que justifica a indústria computacional.
Em postagem anterior discutíamos o chamado “paradigma Disney” e nos perguntávamos como é possível animações voltadas para o público infantil tratar de temas tristes e até cruéis de uma forma lúdica e divertida.
A animação “WALL-E” (2008) é um desses exemplos: uma fábula dark, cínica, sobre um planeta Terra devastado e tomado por lixo e escombros pacientemente compactados e empilhados por um robô, enquanto o que restou da humanidade se exilou numa gigantesca nave mais parecida com um shopping center onde o consumismo, ociosidade e conveniência são tão excessivos que acabaram produzindo seres que, de tão obesos, não conseguem mais manter-se em pé.
Nessa animação talvez encontremos a resposta para esse nossa indagação: o filme explora intensamente simbologias e arquétipos da interpretação gnóstica do gênesis bíblico. Afinal, a busca pela pureza, inocência e simplicidade do protagonista WALL-E é a busca pela transcendência, o retorno ao Paraíso perdido, a busca pela inocência infantil, aquela nostalgia que toda criança sente por uma unidade que foi perdida com a entrada forçada no mundo simbólico adulto (a escola, estudos, deveres etc.). E toda essa busca possibilitada pelo auxílio do robô high tech chamado de EVA, nome altamente simbólico para essa narrativa.
Ao fazer a releitura do Gênesis pelo ponto de vista gnóstico, WALL-E emociona tanto crianças quanto adultos ao expressar na narrativa essa aspiração espiritual por inocência e pureza (representada na animação pela sabedoria ecológica). Porém, como veremos, associa essa aspiração com a ideologia tecnognóstica.
A interpretação gnóstica do Paraíso