O brinquedo Roma Tático Blindado (réplica perfeita dos “caveirões” do BOPE no Rio de Janeiro) escandaliza educadores e psicólogos que o acusam de induzir as crianças à violência. Mas se Walter Benjamin estiver correto, a imitação é a grande característica do jogo infantil: reproduzir o mundo adulto no espaço lúdico para subvertê-lo. O problema não só do “caveirão”, mas de todos os brinquedos industrializados, é que esse impulso espontâneo é desviado do jogo para o brinquedo-réplica. O problema não está na violência, mas para onde o impulso pela imitação da violência foi conduzido.
Todo início de ano leivo é a hora dos pais irem às compras com as listas de material escolar nas mãos numa peregrinação em busca dos melhores preços. No meio de uma busca entre as gôndolas de imensas papelarias em um largo em Pinheiros, São Paulo, dou de cara com um brinquedo, para mim, inusitado: um carro blindado todo negro, com riqueza de detalhes, uma réplica quase perfeita do famoso “Caveirão” – veículo usado pelo BOPE (Batalhão de Operações Especiais) no Rio de Janeiro para combater os traficantes nos morros. Só não é uma miniatura perfeita porque os fabricantes modificaram o nome para ROTB (Roma Tático Blindado).