A reconciliação entre a burguesia e o povo x Um acordo com o STF, com tudo, por Fábio de Oliveira Ribeiro

 
Por Fábio de Oliveira Ribeiro
 
Aqui mesmo no GGN fiz algumas considerações sobre as semelhanças e diferenças políticas e econômicas entre os golpes de 1964 e 2016.
 
https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/castelo-branco-e-michel-temer-vidas-paralelas-por-fabio-de-oliveira-ribeiro 
 
https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/nao-veras-brasil-nenhum-por-fabio-de-oliveira-ribeiro
 
https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/o-golpe-de-2016-e-a-crise-do-discurso-juridico-por-fabio-de-oliveira-ribeiro
 
https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/1964-2016-semelhancas-e-diferencas-economicas. Hoje usarei o livro de Miguel Arraes para refletir sobre o presente e o futuro do nosso país. 
 
“Em 1964, a substituição das importações pela produção nacional, que até então havia sido o elemento fundamental da industrialização do país, havia atingido seus limites. Os bens de consumo, duráveis ou não, eram todos produzidos pela indústria nacional, uma boa parte da matéria-prima e dos produtos intermediários era tratada no país;  os investimentos eram realizados a 75% ao menos com os bens de equipamentos produzidos pela indústria brasileira. De outro lado, as importações – combustíveis, bens intermediários e bens de equipamentos não produzidos no país -, que representavam aproximadamente 4% do produto bruto da nação, haviam atingido um nível relativo, dificilmente refreável. Por conseguinte, o crescimento da produção industrial começou a dar sinais de sufocação por volta de 1961. A perda de dinamismo do setor industrial acentuou-se nos anos seguintes levando a uma lentidão do crescimento da economia brasileira. O fenômeno tornou-se perfeitamente claro em 1963 com a queda da renda per capita.
 

 
A estagnação não representava um fato ocasional, fruto de circunstâncias passageiras. Demonstrava o esgotamento do tipo de desenvolvimento que o Brasil havia realizado nos seis últimos anos, essencialmente baseado na substituição das importações pela produção nacional. Tinha se tornado impossível manter no nível anterior os investimentos nos setores industriais orientados para o mercado interno.
 
A estagnação econômica retirou da burguesia nacional o que lhe restava da sua capacidade de resistência. A concreta impossibilidade de expansão determinou sua rendição total diante da tese de integração à economia americana, rendição já facilitada pela estreita subordinação da indústria ao capital estrangeiro, sobretudo ao norte-americano.
 
Houve dois fatores que intervieram para finalizar a fase do desenvolvimento independente sob a hegemonia da burguesia nacionalista. De um lado, foi o fato de que o desenvolvimento industrial perdeu seu dinamismo, em virtude das características próprias do fenômeno de substituição das importações. Essem fenômeno chocou-se com a lentidão do crescimento do mercado interno que provinha da alta concentração da renda nos setores patronais, o que, por sua vez, estava condicionado às exigências do modo capitalista de desenvolvimento. De outro lado, os investimentos maciços realizados pelos grupos imperialistas davam ao capital estrangeiro o controle de uma grande parte da produção nacional. Desse modo, em 1964, estavam criadas as condições para um acordo entre a burguesia industrial do Brasil e o imperialismo.” (O Brasil e o povo no poder, Miguel Arraes, Língua Geral, Rio de Janeiro, 2008, p. 181/182) 
 
Peço desculpa ao leitor para longa citação, mas ela é indispensável para entender a situação econômica do Brasil antes do golpe de 1964. O contexto que precede o golpe de 2016 é muito diferente. 
 
A crise econômica administrada por Dilma Rousseff  não era tão severa e foi deliberadamente amplificada por jornalistas e analistas frutrados em razão da derrota eleitoral de Aécio Neves. De fato, a crise somente piorou depois que a presidenta cedeu às pressões da mídia e cometeu o erro de nomear Joaquim Levy para cuidar da economia. Os panelaços promovidos contra Dilma Rousseff foram organizados não por causa da fome e sim porque a elite se sentiu ameaçada por causa dos brasileiros pobres estarem com as panelas cheias.
 
O “acordo com o STF com tudo” que resultou no Impedimento mediante fraude não tinha como pano de fundo um projeto de país. O que os adversários de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados e no Senado realmente desejavam ao falar em “salvação nacional” era apenas salvar suas próprias peles. Enredados nas malhas da Justiça, os golpistas levaram Michel Temer ao poder para ficar impunes. O usurpador cumpriu o prometido: além de destruir a CGU (fonte das informações que acarretaram persecuções penais por corrupção), Michel Temer conferiu foro privilegiado aos principais líderes das quadrilhas parlamentares nomeando-os ministros.
 
Michel Temer e sua gangue de mafiosos não tinham um projeto de nação. O que eles fizeram foi adaptar algumas propostas do programa de governo de Aécio Neves batizando-as de “Ponte para o futuro”. O que eles realmente pretendiam era apenas para seduzir a imprensa neoliberal e adoçar a boca do empresariado nacional. Algumas reformas foram aprovadas, mas o resultado delas é nulo. As taxas de juros elevadas inibem os investimentos e para piorar o cenário o crédito público foi restringido para atender às demandas dos bancos privados que apoiaram o golpe de 2016. 
 
O golpe de 2016 também difere do de 1964 por uma outra razão: o judiciário se transformou numa fonte permanente de instabilidade econômica. A Lava Jato praticamente destruiu as construtoras e os estaleiros brasileiros, produzindo desemprego e desespero. Os exportadores de carne foram alvo de uma operação da Polícia Federal que acarretou prejuízos econômicos consideráveis além de abalar a imagem do Brasil no exterior. 
 
A riqueza petrolífera foi entregue aos estrangeiros e a interveção militar no Rio de Janeiro prenuncia a utilização da violência em larga escala para conter os novos miseráveis que foram produzidos pelo golpe de 2016. Os golpistas acreditaram que poderiam engatar a economia brasileira na norte-americana como ocorrem após 1964, mas o governo dos EUA não demonstrou qualquer interesse nesse projeto. Muito pelo contrário, Donald Trump adotou medidas protecionistas que acarretarão mais desemprego e desespero no Brasil. 
 
“No Brasil atual estamos fadados à uma economia nem-nem. Nem keynesiana, porque Michel Temer rejeita qualquer medida que vise fortalecer a participação do salário no PIB para alavancar o consumo interno. Nem neoliberal, porque o Estado brasileiro continuará a distribuir bondades (apenas para os ricos, juízes e militares como fazia no princípio do século XX). O aumento assustador dos gastos estatais com propaganda, primeira medida econômica do usurpador após cortar investimentos sociais, é uma prova satisfatória de que o neoliberalismo brasileiro é uma falácia. Mas os teólogos da exclusão social continuarão a recitar sua liturgia nos jornais e telejornais até que a barbárie se expanda o suficiente para produzir uma revolução à francesa.”
 
Desemprego em alta, desindustrialização precoce, financeirização inconsequente. O resultado do golpe de 2016 é devastador. Foi nesse contexto que o usurpador acenou com a possibilidade de cancelar as eleições presidenciais de 2018. Michel Temer parece ter menos medo de uma guerra civil do que de acabar seus dias na prisão como seus parceiros mafiosos que foram presos esta semana. 
 
A desorganização econômica se aprofunda, a arrecadação despenca e o Estado se torna mais e mais endividado. E para piorar, os lucros registrados pelos bancos privados foram comemorados pela imprensa como se o Brasil estivesse crescendo quando na verdade estamos sendo jogados num poço sem fundo porque o Estado está em frangalhos. O Legislativo é pouco mais do que um covil de mafiosos, o Executivo não tem projeto de nação e o Judiciário trabalha para destruir a economia nacional. 
 
Em 1964 o Exército se apresentou como o fiador de um projeto de nação. Hoje ele somente se propõe a fazer o que sabe fazer melhor: brutalizar as vítimas do golpe de 2016 como se eles fossem culpadas pelo que ocorreu. A tragédia em curso prenuncia uma tragédia ainda maior, pois a violência política já se tornou uma realidade (Marielle Franco foi assassinada, tiros contra a caravana de Lula comemorados por Milton Neves, etc…). 
 
Bolsonaro disse certa feita que FHC deveria ser fuzilado. Numa outra oportunidade ele prometeu fechar o Congresso se chegar ao poder. Se Lula for excluído da disputa pelo Judiciário, Bolsonaro se tornará um sério concorrente à faixa presidencial. Essa consequencia indesejada era perfeitamente previsível quando o PSDB começou a desestabilizar o Brasil. Quando Bolsonaro colher o que foi plantado pelo PSDB os tucanos e seus amigos jornalistas irão descobrir enfim que no fundo do poço que eles cavaram está o poço em que eles mesmos serão jogados. Pequena perda, direi… 
 
Mas ainda é possível dizer algo diferente. Após uma análise detalhada da situação do país, Miguel Arraes disse que em 1964 “estavam criadas as condições para um acordo entre a burguesia industrial do Brasil e o imperialismo.” Na fase atual, o Brasil se encontra numa situação diametralmente oposta. O acordo com o imperialismo é inviabilizado pelo protecionismo de Donald Trump. Portanto, a burguesia nacional precisa se reconciliar com o povo brasileiro para sobreviver ao imperialismo protecionista. Caso contrário o resultado será ainda mais desagradável.
 
Fábio de Oliveira Ribeiro

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  1. CORREÇÃO

    Ao destacar meu texto o GGN removeu vários links importante. Publico abaixo o texto integral com os links removidos.

    Aqui mesmo no GGN fiz algumas considerações sobre as semelhanças e diferenças políticas e econômicas entre os golpes de 1964 e 2016 https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/castelo-branco-e-michel-temer-vidas-paralelas-por-fabio-de-oliveira-ribeiro

    https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/nao-veras-brasil-nenhum-por-fabio-de-oliveira-ribeiro

    https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/o-golpe-de-2016-e-a-crise-do-discurso-juridico-por-fabio-de-oliveira-ribeiro

    https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/1964-2016-semelhancas-e-diferencas-economicas. Hoje usarei o livro de Miguel Arraes para refletir sobre o presente e o futuro do nosso país.

    “Em 1964, a substituição das importações pela produção nacional, que até então havia sido o elemento fundamental da industrialização do país, havia atingido seus limites. Os bens de consumo, duráveis ou não, eram todos produzidos pela indústria nacional, uma boa parte da matéria-prima e dos produtos intermediários era tratada no país;  os investimentos eram realizados a 75% ao menos com os bens de equipamentos produzidos pela indústria brasileira. De outro lado, as importações – combustíveis, bens intermediários e bens de equipamentos não produzidos no país -, que representavam aproximadamente 4% do produto bruto da nação, haviam atingido um nível relativo, dificilmente refreável. Por conseguinte, o crescimento da produção industrial começou a dar sinais de sufocação por volta de 1961. A perda de dinamismo do setor industrial acentuou-se nos anos seguintes levando a uma lentidão do crescimento da economia brasileira. O fenômeno tornou-se perfeitamente claro em 1963 com a queda da renda per capita.

    A estagnação não representava um fato ocasional, fruto de circunstâncias passageiras. Demonstrava o esgotamento do tipo de desenvolvimento que o Brasil havia realizado nos seis últimos anos, essencialmente baseado na substituição das importações pela produção nacional. Tinha se tornado impossível manter no nível anterior os investimentos nos setores industriais orientados para o mercado interno.

    A estagnação econômica retirou da burguesia nacional o que lhe restava da sua capacidade de resistência. A concreta impossibilidade de expansão determinou sua rendição total diante da tese de integração à economia americana, rendição já facilitada pela estreita subordinação da indústria ao capital estrangeiro, sobretudo ao norte-americano.

    Houve dois fatores que intervieram para finalizar a fase do desenvolvimento independente sob a hegemonia da burguesia nacionalista. De um lado, foi o fato de que o desenvolvimento industrial perdeu seu dinamismo, em virtude das características próprias do fenômeno de substituição das importações. Essem fenômeno chocou-se com a lentidão do crescimento do mercado interno que provinha da alta concentração da renda nos setores patronais, o que, por sua vez, estava condicionado às exigências do modo capitalista de desenvolvimento. De outro lado, os investimentos maciços realizados pelos grupos imperialistas davam ao capital estrangeiro o controle de uma grande parte da produção nacional. Desse modo, em 1964, estavam criadas as condições para um acordo entre a burguesia industrial do Brasil e o imperialismo.” (O Brasil e o povo no poder, Miguel Arraes, Língua Geral, Rio de Janeiro, 2008, p. 181/182)

    Peço desculpa ao leitor para longa citação, mas ela é indispensável para entender a situação econômica do Brasil antes do golpe de 1964. O contexto que precede o golpe de 2016 é muito diferente.

    A crise econômica administrada por Dilma Rousseff  não era tão severa e foi deliberadamente amplificada por jornalistas e analistas frutrados em razão da derrota eleitoral de Aécio Neves https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/miriam-leitao-e-a-balcanizacao-partidaria-do-brasil-por-fabio-de-oliveira-ribeiro. De fato, a crise somente piorou depois que a presidenta cedeu às pressões da mídia e cometeu o erro de nomear Joaquim Levy para cuidar da economia. Os panelaços promovidos contra Dilma Rousseff foram organizados não por causa da fome e sim porque a elite se sentiu ameaçada por causa dos brasileiros pobres estarem com as panelas cheias https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/o-terror-das-panelas-cheias-e-silenciosas-na-periferia-por-fabio-de-oliveira-ribeiro.

    O “acordo com o STF com tudo” que resultou no Impedimento mediante fraude não tinha como pano de fundo um projeto de país. O que os adversários de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados e no Senado realmente desejavam ao falar em “salvação nacional” era apenas salvar suas próprias peles. Enredados nas malhas da Justiça, os golpistas levaram Michel Temer ao poder para ficar impunes. O usurpador cumpriu o prometido: além de destruir a CGU (fonte das informações que acarretaram persecuções penais por corrupção), Michel Temer conferiu foro privilegiado aos principais líderes das quadrilhas parlamentares nomeando-os ministros.

    Michel Temer e sua gangue de mafiosos não tinham um projeto de nação. O que eles fizeram foi adaptar algumas propostas do programa de governo de Aécio Neves batizando-as de “Ponte para o futuro”. O que eles realmente pretendiam era apenas para seduzir a imprensa neoliberal e adoçar a boca do empresariado nacional. Algumas reformas foram aprovadas, mas o resultado delas é nulo. As taxas de juros elevadas inibem os investimentos e para piorar o cenário o crédito público foi restringido para atender às demandas dos bancos privados que apoiaram o golpe de 2016.

    O golpe de 2016 também difere do de 1964 por uma outra razão: o judiciário se transformou numa fonte permanente de instabilidade econômica. A Lava Jato praticamente destruiu as construtoras e os estaleiros brasileiros, produzindo desemprego e desespero. Os exportadores de carne foram alvo de uma operação da Polícia Federal que acarretou prejuízos econômicos consideráveis além de abalar a imagem do Brasil no exterior.

    A riqueza petrolífera foi entregue aos estrangeiros https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/a-marcha-da-recolonizacao-do-brasil-por-fabio-de-oliveira-ribeiro e a interveção militar no Rio de Janeiro prenuncia a utilização da violência em larga escala para conter os novos miseráveis que foram produzidos pelo golpe de 2016 https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/intervencao-militar-ou-recolonizacao-a-revelia-do-excedente-populacional-por-fabio-de-oliveira-ri. Os golpistas acreditaram que poderiam engatar a economia brasileira na norte-americana como ocorrem após 1964, mas o governo dos EUA não demonstrou qualquer interesse nesse projeto. Muito pelo contrário, Donald Trump adotou medidas protecionistas que acarretarão mais desemprego e desespero no Brasil.

    “No Brasil atual estamos fadados à uma economia nem-nem. Nem keynesiana, porque Michel Temer rejeita qualquer medida que vise fortalecer a participação do salário no PIB para alavancar o consumo interno. Nem neoliberal, porque o Estado brasileiro continuará a distribuir bondades (apenas para os ricos, juízes e militares como fazia no princípio do século XX). O aumento assustador dos gastos estatais com propaganda, primeira medida econômica do usurpador após cortar investimentos sociais, é uma prova satisfatória de que o neoliberalismo brasileiro é uma falácia. Mas os teólogos da exclusão social continuarão a recitar sua liturgia nos jornais e telejornais até que a barbárie se expanda o suficiente para produzir uma revolução à francesa.” https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/keynesianismo-neoliberalismo-e-a-economia-nem-nem-do-usurpador

    Desemprego em alta  https://g1.globo.com/economia/noticia/desemprego-fica-em-137-no-1-trimestre-de-2017.ghtml, desindustrialização precoce http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37432485, financeirização inconsequente https://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-da-globalizacao-e-da-financeirizacao… O resultado do golpe de 2016 é devastador. Foi nesse contexto que o usurpador acenou com a possibilidade de cancelar as eleições presidenciais de 2018. Michel Temer parece ter menos medo de uma guerra civil do que de acabar seus dias na prisão como seus parceiros mafiosos que foram presos esta semana.

    A desorganização econômica se aprofunda, a arrecadação despenca e o Estado se torna mais e mais endividado. E para piorar, os lucros registrados pelos bancos privados foram comemorados pela imprensa como se o Brasil estivesse crescendo quando na verdade estamos sendo jogados num poço sem fundo porque o Estado está em frangalhos. O Legislativo é pouco mais do que um covil de mafiosos, o Executivo não tem projeto de nação e o Judiciário trabalha para destruir a economia nacional.

    Em 1964 o Exército se apresentou como o fiador de um projeto de nação. Hoje ele somente se propõe a fazer o que sabe fazer melhor: brutalizar as vítimas do golpe de 2016 como se eles fossem culpadas pelo que ocorreu. A tragédia em curso prenuncia uma tragédia ainda maior, pois a violência política já se tornou uma realidade (Marielle Franco foi assassinada, tiros contra a caravana de Lula comemorados por Milton Neves, etc…).

    Bolsonaro disse certa feita que FHC deveria ser fuzilado. Numa outra oportunidade ele prometeu fechar o Congresso se chegar ao poder. Se Lula for excluído da disputa pelo Judiciário, Bolsonaro se tornará um sério concorrente à faixa presidencial. Essa consequencia indesejada era perfeitamente previsível quando o PSDB começou a desestabilizar o Brasil https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/os-tres-patetas-do-golpe-e-o-perigo-da-barbarie-por-fabio-de-oliveira-ribeiro. Quando Bolsonaro colher o que foi plantado pelo PSDB os tucanos e seus amigos jornalistas irão descobrir enfim que no fundo do poço que eles cavaram está o poço em que eles mesmos serão jogados. Pequena perda, direi…

    Mas ainda é possível dizer algo diferente. Após uma análise detalhada da situação do país, Miguel Arraes disse que em 1964 “estavam criadas as condições para um acordo entre a burguesia industrial do Brasil e o imperialismo.” Na fase atual, o Brasil se encontra numa situação diametralmente oposta. O acordo com o imperialismo é inviabilizado pelo protecionismo de Donald Trump. Portanto, a burguesia nacional precisa se reconciliar com o povo brasileiro para sobreviver ao imperialismo protecionista. Caso contrário o resultado será ainda mais desagradável.

     

  2. A….

    “…Por conseguinte, o crescimento da produção industrial começou a dar sinais de sufocação por volta de 1961…” E 1961 não foi apenas o ano seguinte no qual JK abriu o país às “Privatarias” e torrou as reservas nacionais na sua alucinada Capital? E ninguém sabia que Potências e Organismo Internacionais viriam cobrar a conta? Inocentes lá, inocentes aqui. Aumentaram os juros, bloquearam alguns Mercados e vieram cobrar a conta do Dinheiro emprestado a juros com prazos curtissimos.  Alguma semelhança com tempos atuais? Alguma semelhança com o que britânicos fizeram no Império? É o país que não sai do lugar. ‘Cachorro atrás do rabo’. E 1964 teima em não acabar, nem com sua geração indo pro caixão. Somente se extinguirá a fórceps. As Elites formadas junto com a Ditadura Getulista pensavam que continuariam na ilusão AntiCapitalista e AntiNacional com Adhemar e JK. Jânio Quadros passou o rodo, quero dizer a vassoura, nos dois. São Paulo novamente no Poder. Era demais às Elites Esquerdopatas, seus conluio com Quartéis, num morde assopra interminável, e o Coronelato Nordestino. Novamente o Golpe Militar foi sua saída, ao invés de Urnas Livres e Facultativas. O corpo político formado durante esta ditadura vem a formar os novos governos juntamente com tais elites: Sarney, ACM, Barbalho, Jucá, Borhausen, Maia’s, Renan’s, formam então, a espinha dorsal dos governos ‘progressistas’ de FHC, Lula e Dilma. E dizem não entender a Bipolaridade Tupiniquim? Nem sua Ditadura de Voto Obrigatório Getulista fantasiada de pseudo-democracia? A foto de Arraes é a ‘cereja do bolo’. O Comunista AntiCapitalista que volta milionário do exílio, torna-se Governador. Instala a Filha no Tribunal de Contas do estado, o neto como Governador do estado, os bisnetos já formam sua nova geração elitista tomando seus feudos e currais politicos, ainda antes de terminarem a formação universitária. Bisneto, quase um adolescente, já é Secretário de Estado. O partido político já é dividido entre o velho coronelato nordestino. Mas sabemos de forma AntiCapitalista, Progressista, contra o Nepostismo. Elites e Déspotas são os outros. E tem quem não enxerga o Brasil/2018?        

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